Irritação e Medo: Chefes de Governos
boicotam Debates públicos na TV com o Partido AfD
Por António
Justo
A Alemanha sente-se muito insegura desde que o governo de Merkel abriu as fronteiras, sem controlo, aos refugiados; agora os políticos andam um pouco descontrolados. O povo ferve e os tradicionais representantes do povo de esquerda e direita sentem-se inseguros perante as perdas que irão ter nas próximas eleições em 2017 e de que as eleições intermédias para cinco parlamentos federados (Länder) em 2016 serão um primeiro aviso. As próximas eleições no de Baden-Wurttemberg realizam-se a 13 de Março 2016.
Os
chefes dos governos da Renânia-Palatinado (Dreyer SPD) e de Baden-Wurttemberg
(Kretschmann, Verdes) boicotaram os duelos de TV aos representantes do AfD
(Alternativa para a Alemanha) na campanha eleitoral das eleições dos
respectivos estados federados.
As empresas públicas de TV-radiodifusão SWR e WDR aceitaram o boicote
determinando não aceitar a participação do AfD nos duelos dos candidatos-cabeça
dos partidos. Também por aqui se nota a cumplicidade entre governos e empresas
de TV públicas. Esta medida é uma vergonha para o jornalismo alemão tendo sido
logo criticada por todos os jornais alemães.
O povo
insurge-se em uníssono contra tal medida. Uma política e um jornalismo que até
agora boicotava a ascensão do AfD, embora este seja um partido democrático,
vêem-se agora desmascarados. Este partido reúne em torno dele os que
têm a sensação de impotência e de serem abandonados pelo sistema. As previsões
eleitorais contam 10 e 15% para o AfD. Este encontra-se já representado em 5
parlamentos regionais.
Enquanto
a classe política alemã está a perder a cabeça, o povo mostra que ainda a tem
no lugar e que está consciente do seu poder; de facto todos os partidos
estabelecidos têm medo que o povo lhes peça contas do que têm feito com a
política de refugiados e os castigue. A falta de argumentos nos partidos não
pode ser substituída pela estratégia de ignorar argumentos.
Quando
num país tão prudente como a Alemanha, políticos cometem tal erro, é de
imaginar o nervosismo e o medo dentro dos partidos que até agora circulavam em
torno do poder. De notar que apenas os partidos de esquerda, SPD e VERDES
tomaram tal medida de exclusão de um partido, tendo, até, sido criticados pela
CDU, apesar deste partido vir a ser o mais prejudicado com a ascensão do AfD. A
nova geração de políticos alemães dá a impressão de desconhecerem as regras
mais elementares da democracia e não terem em conta os grandes políticos que
depois da guerra construíram uma democracia alemã estável.
Lembro-me
do nascimento dos VERDES, tendo já então criticado o facto de a imprensa os
discriminar; mas verificar o seu comportamneto, agora que estão estabelecidos no
poder, fazem uso da extorsão boicotando discussões públicas com o AfD, um
partido que tem as mesmas dores de nascimento, parece confirmar que o poder
cega mesmo os que parecem mais clarividentes.
O
representante do partido AfD de Baden-Wurttemberg (Meuthen) tem-se mantido
ponderado e fala de “uma radicalização crescente na nossa sociedade, de direita
e de esquerda”.
Os
partidos têm medo de serem confrontados em debates, vistos pela generalidade do
povo. Partidos que pretendem ter alugado a democracia para si julgam-se no
direito de determinarem os seus fóruns de discussão. Embora isto se tenha dado
na província alemã, o caso SWR e WDR tornou-se num testemunho crasso de pobreza
para a Democracia e num aviso. Com a exclusão do AfD, os chefes de governo só vieram
confirmar o boato, que corre entre a população, de que a AfD é discriminada.
A
reacção emocional dos “casca grossa”do poder (em alemão “elefantes”) , é
lamentável. O povo parece tornar-se mais atento e isso incomoda os seus
representantes.
António da Cunha Duarte Justo
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