segunda-feira, 29 de maio de 2017

As Marcas da Viagem de Trump



TEMPOS DE MUDANÇA – VIAGEM DE TRUMP SIMULTÂNEAMENTE LIÇÃO E CATÁSTROFE

António Justo

Encontramo-nos na era das emoções, aquele tempo que precede a guerrilha. Assistimos aos nacionalismos a chegar, Trump a obrigar a Europa a voltar para ela, o povo a querer mudança no estilo e na filosofia dos governos da União Europeia e o Papa a apontar para o caminho.

O perigo é bilateral – A Europa odiou o candidato Trump e o presidente Trump despreza a Europa


Quando Merkel, fala sem dar possibilidade a grandes interpretações é porque a coisa é mesmo séria: Merkel disse, referindo-se à Europa, num comício do seu partido: “Está na hora de tomarmos o nosso destino nas mãos”.
O agir do presidente Trump, na Europa, faz apelo sobretudo às emoções embora o agir de Trump pareça ser só movido pelos interesses económicos, aqueles de que vive o resto, mais ou menos, em surdina.  
A Europa, no tempo da propaganda para as eleições americanas declarou-se contra Trump. Toda a Europa fez propaganda, mesmo a alto nível contra Trump e em favor de Clinton. A EU perdeu a aposta! Trump, um presidente com os nervos à flor da pele, desforra-se sem olhar a perdas! A Europa recebe agora o retoque bilateral.
Trump, ao declarar-se contra o Irão, sabe que este é um regime antiquado que apostou na luta das civilizações e que mais cedo ou mais tarde terá uma revolução interna. Nesta perspectiva, Trump quer apressar os dias dessa revolução…
O perigo é bilateral! Tanto a Arábia Saudita como o Irão são dois terrenos lodosos em que não se pode construir futuro porque só têm visão para o seu futuro. A estratégia antiterrorista seguida até agora não oferece razões suficientes para a continuar. Nela parece só ganharem os traficantes e os intermediários. Porque não se privilegiar as relações com a Rússia? Então deixaríamos de ter de favorecer corruptos ainda maiores como Arábia, Irão e Turquia.
Trump traz a classe política europeia a saltar na corda bamba! Os interesses das elites económicas, políticas e sociais europeias podem vir a ser ainda mais responsabilizadas se forem criados outros cenários de política internacional.

As Marcas da Viagem de Trump

A viagem de Trump foi uma lição e uma catástrofe. Começou apresentando-se como homem de Estado, na Arábia Saudita (no covil do leão,) com um discurso, sem acidentes, dirigido ao mundo muçulmano. Apregoou maior ligação ao islão sunita da Arábia Saudita e de Erdogan e criticou o islão xiita do Irão que tem andado a jogar às escondidas com a energia atómica e as nações  e empobrecendo o povo (esqueceu-se que a Arábia Saudita apoia os homens-bomba); em Israel lança a esperança de que, com um negócio entre Israel e os Palestinenses, se consiga a paz para toda a região; na Europa deixou a desilusão e a mensagem da mudança, e na qualidade de super-comandante da Nato, aproveitou a oportunidade para ler os levíticos à Nato e  na Cimeira G-7 deixou os parceiros desapontados e de queixos caídos habituados à cortesia (não o consideram um dos deles porque além do mais não aprendeu o jogo da diplomacia, assumindo o  comportamento dos homens do povo!);   os parceiros, para além de uns exorcismos ao terrorismo, às questões da imigração e da proteção da natureza a G7 ficou apenas com o desaponto e a espectativa. sobretudo em (o fumo do Etna ensombrou a visão dos membros); Resta a esperança que Trump aproveite as semanas que faltam para a próxima Cimeira G20, em Hamburgo, para ler os textos que o Papa lhe ofereceu, especialmente, o seu texto sobre a  nossa Casa comum” uma verdadeira “Constituição da ecologia” .
Resultado: A Europa terá de se se redefinir, de se tomar a sério e de olhar mais para o Japão, China e Canadá.
“Está na hora de tomarmos o nosso destino nas mãos”; penso que, no caminho para lá chegar, está também a Rússia.
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4268

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