TEMPOS DE MUDANÇA – VIAGEM
DE TRUMP SIMULTÂNEAMENTE LIÇÃO E CATÁSTROFE
António Justo
Encontramo-nos na era das emoções, aquele tempo que precede a guerrilha. Assistimos
aos nacionalismos a chegar, Trump a obrigar a Europa a voltar para ela, o povo
a querer mudança no estilo e na filosofia dos governos da União Europeia e o
Papa a apontar para o caminho.
O perigo é bilateral – A Europa odiou o candidato Trump e o presidente Trump despreza a Europa
Quando Merkel, fala sem dar possibilidade a grandes interpretações é porque
a coisa é mesmo séria: Merkel disse, referindo-se à Europa, num comício do seu
partido: “Está na hora de tomarmos o
nosso destino nas mãos”.
O agir do presidente Trump, na Europa, faz apelo sobretudo às emoções
embora o agir de Trump pareça ser só movido pelos interesses económicos,
aqueles de que vive o resto, mais ou menos, em surdina.
A Europa, no tempo da propaganda para as eleições americanas declarou-se
contra Trump. Toda a Europa fez propaganda, mesmo a alto nível contra Trump e
em favor de Clinton. A EU perdeu a aposta! Trump,
um presidente com os nervos à flor da pele, desforra-se sem olhar a perdas! A
Europa recebe agora o retoque bilateral.
Trump, ao declarar-se contra o Irão, sabe que este é um regime antiquado que
apostou na luta das civilizações e que mais cedo ou mais tarde terá uma
revolução interna. Nesta perspectiva, Trump quer apressar os dias dessa revolução…
O perigo é bilateral! Tanto a Arábia Saudita como o Irão são dois terrenos
lodosos em que não se pode construir futuro porque só têm visão para o seu
futuro. A estratégia antiterrorista seguida até agora não oferece razões
suficientes para a continuar. Nela parece só ganharem os traficantes e os
intermediários. Porque não se privilegiar as relações com a Rússia? Então
deixaríamos de ter de favorecer corruptos ainda maiores como Arábia, Irão e
Turquia.
Trump traz a classe política europeia a saltar na corda bamba! Os
interesses das elites económicas, políticas e sociais europeias podem vir a ser
ainda mais responsabilizadas se forem criados outros cenários de política
internacional.
As Marcas da Viagem de Trump
A viagem de Trump foi uma lição e uma catástrofe. Começou apresentando-se como
homem de Estado, na Arábia Saudita (no covil do leão,) com um discurso, sem
acidentes, dirigido ao mundo muçulmano. Apregoou maior ligação ao islão sunita
da Arábia Saudita e de Erdogan e criticou o islão xiita do Irão que tem andado
a jogar às escondidas com a energia atómica e as nações e empobrecendo o povo (esqueceu-se que a
Arábia Saudita apoia os homens-bomba); em Israel lança a esperança de que, com
um negócio entre Israel e os Palestinenses, se consiga a paz para toda a região;
na Europa deixou a desilusão e a mensagem da mudança, e na qualidade de super-comandante
da Nato, aproveitou a oportunidade para ler os levíticos à Nato e na Cimeira G-7 deixou os parceiros
desapontados e de queixos caídos habituados à cortesia (não o consideram um dos
deles porque além do mais não aprendeu o jogo da diplomacia, assumindo o comportamento dos homens do povo!); os
parceiros, para além de uns exorcismos ao terrorismo, às questões da imigração
e da proteção da natureza a G7 ficou apenas com o desaponto e a espectativa. sobretudo
em (o fumo do Etna ensombrou a visão dos membros); Resta a esperança que Trump
aproveite as semanas que faltam para a próxima Cimeira G20, em Hamburgo, para
ler os textos que o Papa lhe ofereceu, especialmente, o seu texto sobre a “nossa
Casa comum” uma verdadeira “Constituição
da ecologia” .
Resultado: A
Europa terá de se se redefinir, de se tomar a sério e de olhar mais para o Japão,
China e Canadá.
“Está na hora de tomarmos o nosso destino nas
mãos”; penso que, no caminho para lá chegar, está também a Rússia.
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4268
Sem comentários:
Enviar um comentário