Trump cumpre uma Promessa eleitoral
António Justo
Apesar das presumíveis vantagens
que o Pacto nuclear com o Irão poderia trazer, o acordo tem muitas lacunas e
não impede o Irão de vir a construir a Bomba atómica; o texto, além de não ser transparente
possibilita ao Irão o fomento do terrorismo no Próximo-Oriente, que aumentou depois de assinado o
contrato. Com a assinatura do contrato em 2015, os USA só tinham propriamente
suspendido as sanções económicas. Para tal basta ver o texto completo do acordo
nuclear com o Irão, que pode ser lido aqui
.
Os Compromissos do Acordo
Segundo o acordo, tal como refere a
imprensa alemã, o Irão submete o seu plano de enriquecimento de Urânio a um
sistema de restrições e controles pela
Agência Internacional de Energia Atômica por um período até 25 anos. As Centrífugas
de urânio instaladas devem, nos primeiros 10 anos, ser reduzidas
de 19.000 para 6.000. O enriquecimento
de urânio só poderá ser feito até 3.65%, percentagem suficiente para centrais
energéticas. Para a produção de bombas atómicas o urânio teria de ser aumentado
de 90%. Os estoques de urânio existentes serão reduzidos, nos próximos 15 anos,
de 10.000 para 300 quilogramas. Quanto às instalações nucleares o enriquecimento
de urânio deve realizar-se na central já existente em Natan; além disso, o reator de água pesada Arak deve
ser reconstruído de modo a não poder produzir plutónio adequado para armas
nucleares. A instalação nuclear de enriquecimento de urânio de Fordo deve ser
transformada num centro de pesquisa atómica. A proibição das Nações Unidas
à importação e exportação de armas é prorrogada por 5 anos. Também as
importações que poderiam servir o programa de mísseis do Irão, permanecem
suspensas por oito anos. Em
contrapartida foram levantadas as sanções económicas do ocidente. No caso
de infração por parte do Irão poderão ser, novamente, accionadas sanções económicas.
Vantagens e Desvantagens do (Des)Acordo
Com o acordo, o Irão alcançou o seu principal objetivo oficial de
negociação, que era o reconhecimento internacional do direito ao enriquecimento
de urânio e deste modo a não abdicar, a longo prazo, da construção da bomba
atómica.
Com o bloqueio do acordo por parte de Trump, o Irão verá a
exportação de petróleo reduzida e a Europa verá as suas exportações para o
Irão minoradas. O regime dos mullahs perderá força e atratividade para
investimentos internacionais dado a instabilidade social interior crescer. Com
o empobrecimento do Irão aumentará o fanatismo que apoia a ditadura teocrática
do Irão.
A desvinculação do acordo terá que ser também avaliada no
contexto do perigo que trouxe o acordo e na consequência do qual (2015) o Irão
incrementou o terrorismo na região. Sem os USA e sem a Rússia não haverá estabilidade
no próximo oriente.
A rotura de um acordo torna-se num caso grave de
credibilidade dos USA que não se salda com o simples argumento da falsidade do
Irão.
As sanções económicas provocarão a subida do petróleo como
já tinham prognosticado especialistas no assunto e empobrecerão as empresas dos
estados fortes da europa que virão limitadas as suas exportações e no caso de
firmas terem negócios nos USA e no Irão terão de pagar imensas multas por
transgredirem as sanções americanas.
Pontos críticos do Acordo
O acordo nuclear com o Irão
foi de princípio um acordo a abortar. O busílis da questão vem do que o
acordo não regula. “Os primeiros termos do acordo feito expirarão, em
parte, dentro de sete anos, permitindo então ao Irão aumentar o nível de
enriquecimento de urânio” (HNA, 9.05.2018).
Onde assenta a credibilidade
de um acordo em que o Irão pode continuar a incrementar a construção de mísseis
nucleares balísticos e onde passados uns anos lhe é permitida a continuação do
programa que tinha inicialmente? O acordo favorecia o negócio das grandes potências e os seus negociadores
não estavam interessados em obrigar o Irão a abandonar o seu papel de desestabilizador
do Próximo-Oriente e dá estabilidade à ingerência dos grupos internacionais fortes
na região: aqueles que assinaram o contrato: EUA, Rússia, Alemanha, França,
Inglaterra e pelo Irão.
Com o acordo o Irão ficou
com as costas economicamente livres para fomentar a desestabilização na região.
Ele permite ao Irão
continuar a apoiar as milícias do terror do Hamas e do Hezbollah (Líbano), os
rebeldes no Iêmen e a fomentar o terrorismo internacional em geral. O povo
iraniano não tem beneficiado do negócio acordado.
Os adversários de Israel mostram-se muito preocupados esquecendo que o Irão
continua com o objectivo da extinção de Israel.
O projeto de lei de Obama com a sua ameaça de veto, caso o
Parlamento não aprovasse a assinatura do contrato e a sua afirmação "O
acordo decide da guerra ou da paz" revelam a precaridade do contrato e o
seu caracter enganoso. Não tem passado muito além de papel impresso atendendo
ao desenvolvimento bélico promovido em grande parte pelo Irão na região.
A posição da União Europeia é compreensível na base de cálculos
económicos. A rivalidade na liderança do mundo entre Rússia e USA só se
complicará com um terceiro elemento cujo interesse se esgota na economia. Penso
que a EU terá de se orientar no sentido da Rússia se pretender um lugar
demarcado nas novas constelações que irão surgir a partir da Ásia.
A paz no Próximo-Oriente depende das relações USA-Rússia e o bem-estar futuro
da Europa dependerá das suas boas relações com a Rússia. Penso que o resto é música
de encher no adiamento da História.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
http://antonio-justo.eu/?p=4781
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