terça-feira, 22 de dezembro de 2009

BOM NATAL PARA TODOS

NATAL PARA TODOS
António Justo
Natal, é a luz da vida
No frio da estação a brotar
É o aro das cores de Abril
No alvo da vista a acenar

É festa, stress, bolos, círios,
Parabéns, beijos e lágrimas
Encanto união convívio
Num só abraço ritual

Até das gretas da fraga
O amor viçoso desperta
Jesus na natura a se erguer
Num sol de carinho a dizer:
Não me vês a mim no outro?
Faço anos todos os dias!

É um vaivém de sonhos adiados
A viver de migalhas da rua
Em grutas tóxicas, sem abrigo
Noutros mesmo descarrilados

É o mundo da desarmonia
Dos natais não festejados
Na rua do dia a dia
Perdido de se encontrar


São sonhos engalanados em ruas iluminadas
Um incêndio de consumo em chama de ilusão
A saudade a abanar nas roupas da multidão
Uma confusão de compras, “Boas Festas”, “Desculpas” “Santinho”
A prendarem “encontrões”, “não tem de quê”, “Feliz natal”

É vida a saldo de vidas aladas
A pretexto do adorno da vida
Sob o guarda-chuva dum pobre menino,
E à custa dum deus bem-comportado

É hora dos magos do teatro da praça
Senhores sedutores de viseiras no rosto
Mandam o menino à fava, lá pró deserto
Ocupam tudo, é deles esta arena

Também no mofo do meu guarda-fato
Pendurada está a fé dum pé-descalço
Dum proletário, a vida dura a lembrar
E eu, a passar alheio no trilho do habitual
Sem ser Jesus, para o Jesus a esperar



A matilha desce à arena
Na dança de Mal e Bem
São os donos cá da terra
Seu natal a louvar também

Ao tilintar dos cristais,
Sob o holofote da atenção
No absurdo do Presépio
Dança o requinte do Banco

No seu mercado de estrelas
Brilha também o pinheiro
Só de consumo enfeitado
É natal prós do dinheiro

Lá no turbilhão da praça
Da poeira de seus gestos
Deixam a enganar a vista
Só fita, embrulho e laço

Na rua só, um gemido de Belém
Na folha arrastada pelo chão
Jesus de novo a sós co’ ele
No breu não luz mais ninguém

Adeusinho! Até pró ano
Meu Jesus de encomenda
Natal só brilho de laço
A unir a nossa prenda!



O estábulo continua sujo
Animais à má sorte vendidos
E José sempre desempregado
Natal, pensado mas não vivido!

Nas vitrinas da realidade
Não há prendas, não!
Para os que nada têm
Só natal em segunda mão

A aquecer a minha mão
Crepitam os sonhos dos outros
Que lenha do seu direito são
Na minha lareira a arder



No rosto de meus filhos
Minha infância rebrilha
Hoje como então é festa
À meia-noite é já dia

Vamos desvendar o natal
Para incendiar a praça
Não queremos viver mal
Sob o gelo da desgraça

Nas favelas da vida negra
A fé treme já de frio
Vamos acender as velas
Com fósforos de justiça

Viva a consoada
Vamos ao presépio,
À maternidade
Celebrar com todos
A fraternidade

Natal a dar de si,
É arte do viver sem nada
Natal a dar do outro,
É luz a dar-se a cada!
Natal mais que estar é ser
No semear sem colher

© António da Cunha Duarte Justo
“Rascunhos do Tempo”
Natal 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL VAI ACABAR

Com o tratado de Versalhes de 7.05.1919 terminou oficialmente a primeira guerra mundial (1914-1918). Nele a Alemanha foi declarada como única culpada e obrigada a pagar aos americanos, ingleses e franceses, como reparação da guerra, 132 biliões de Goldmarken e juros, correspondendo um Goldmark a 4,87 Euros.

A última prestação de 56 milhões de euros será paga pelos alemães até 3 de Outubro de 2010. Para ajudar a economia alemã, no pós guerra, os países vencedores também fizeram empréstimos de dinheiro a 7 e a 5,5 %. Durante a ditadura Nazi (1933-1945) os nazis deixaram de pagar. Por isso a Alemanha só agora acaba de pagar. Os 14 biliões de marcos alemães para reparar a segunda guerra mundial já foram pagos até 1988 aos ingleses, franceses e americanos.

De 1914 a 1918 combateram nos campos de batalha 65 milhões de soldados, sendo destes 11 milhões de alemães. Morreram 8,5 milhões de pessoas na guerra.
O tratado de Versalhes, como refere a (HNA 12.12.09 foi considerado na Alemanha como “ vergonha de paz” que estrangulou a Weimer Republick, aplanando assim o caminho a Hitler.
António da Cunha Duarte Justo

domingo, 13 de dezembro de 2009

ISLÃO TAMBÉM PPREOCUPA OS ALEMÃES

O Islão não conhece a dúvida metódica
António Justo
O medo duma expansão incontrolada do Islão também se encontra muito generalizado entre os alemães, tal como revela um inquérito da ARD publicado dia 11.12.09. Dos mil inquiridos 39% responderam que tinham um pouco de medo e 36 % manifestam grandes preocupações enquanto que 22% dos alemães não vêem nenhum problema no Islão.

O arcebispo de Bamberger apelou aos muçulmanos que vivem na Alemanha a defenderem a construção de igrejas em países de tradição islâmica, por exemplo na Turquia e na Arábia Saudita.

Apelos inocentes à margem da realidade duma cultura hegemónica e que esquece que no Ocidente a verdade do Islão está condicionada à realidade do petróleo. Para o Ocidente o que interessa é o pão e não a devoção. Esta está pertence aos devocionários da política. E o mundo muçulmano tem pão e devoção para dar.

Os muçulmanos e seus chefes estão seguros de que a sua religião é a única religião verdadeira pelo que não permitem a divulgação de outras religiões nos seus territórios e acham legítima e óbvia a construção de mesquitas noutros países sem qualquer contrapartida. Argumentam que não podem permitir no seu país a divulgação do erro, uma vez que só eles possuem a verdade! Esta lógica imperialista é para eles matemática; não conhecem a dúvida metódica.

Os clérigos islâmicos só aceitam o Islão como religião verdadeira e afirmam com toda a naturalidade: “Só nós sabemos com toda a segurança que estamos no correcto e os outros não. Eles não estão seguros se a sua religião é verdadeira. Se estivessem tão seguros então porque permitem que coisas incorrectas se preguem nos seus países? Nós estamos seguros de que o Islão é a única religião verdadeira. Eles sabem de ciência e de tecnologia, que nós aceitamos, mas não de religião. Em religião somos nós os peritos.”

Hitler também estava convencido da exclusividade da sua verdade e expressou-o no seu livro “Meu Combate”, onde a hegemonia é meta, e que depois foi proibido pelos alemães! Seria interessante fazer-se um estudo comparativo entre o “Meu Combate” e o Corão!
Nada se toma a sério. Assim se deixa melhor viver à custa do homem e dos seus direitos! Nestes sistemas toda a paz tem o seu preço, a guerra! Reina a emoção e não a razão!

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

domingo, 6 de dezembro de 2009

Intolerância Religiosa – Uma moderna forma de Imperialismo

CRISTÃOS PERSEGUIDOS NO MUNDO MUÇULMANO

António Justo
Independentemente duma avaliação da decisão dos suíços contra a construção de minaretes é incompreensível o melindre da reacção no mundo árabe. Um mundo de intolerância religiosa como não há igual protesta como se na Suiça não houvesse liberdade religiosa para os muçulmanos. Habituados a expandir sem contrapartidas e a discriminar sem que os políticos ocidentais reclamem, nem sequer notam a atitude descarada que tomam. O Islão é uma religião política sem lugar para uma sociedade aberta. Os cristãos ficariam felizes se nos países islâmicos lhes fosse dada a liberdade de prática religiosa como na Suiça.

À medida que a religião cristã se retira dos grémios de decisão da cultura por ela formada e segue o espírito do tempo, surge o Islão que pouco a pouco vai ocupando o seu lugar.

Facto é que o individualismo extremo e o relativismo do Ocidente fomentam a necessidade da religião islâmica. Ela não pode ser atacada pela sua metodologia expansionista. A sua força dá-lhe razão.

A intolerância religiosa revela-se hoje como uma forma prática e eficiente de expansão do imperialismo cultural islâmico. É talvez a sua forma de desforra perante o domínio económico ocidental.

Enquanto o jornalismo ocidental se perde em discussões inúteis de ataques ao papa com o "crime" dos preservativos, o mundo muçulmano tem um outro discurso que se pode resumir nas palavras do primeiro-ministro da Turquia, o senhor Erdogan que diz:"Os minaretes são as nossas baionetas, as cúpulas os nossos elmos, as mesquitas as nossas casernas, os crentes os nossos soldados..." in HNA3.12.2009. A saudade do poder hegemónico sobre o Próximo Oriente e Cáucaso está hoje mais que presente na Turquia que se sente com poder e consciência nata para congregar em seu torno parte dos estados islâmicos.

O Ocidente invade-os com as suas tecnologias e eles em contrapartida constroem nas sociedades ocidentais os seus guetos islâmicos que se afirmam a pretexto da liberdade religiosa. Nos países de cultura cristã exigem que se respeite o seu gueto e a construção de mesquitas e nos seus países islâmicos defendem a intolerância religiosa e a demolição do que não seja ou não se torne islâmico, muito embora os cristãos se encontrassem já nestas regiões antes do Islão ter chegado. A intolerância conduziu à extinção dos cristãos ou quase extensão como aconteceu na Turquia, que duma percentagem de cerca de 25% de cristãos nos inícios do século passado, passaram hoje a uma percentagem muito abaixo do 1%.

Os Cristãos constituem o grupo religioso mais perseguido no mundo. A Organização “Open Doors” alerta: “Actualmente assiste-se à maior perseguição dos cristãos de todos os tempos”. Uma voz no deserto. Os políticos ocidentais calam-se por oportunismo e os bispos cristãos têm de calar para impedir represálias maiores. Os cidadãos ocidentais preferem a indiferença e não saber para não sofrer! Deste modo impedem também o desenvolvimento do Islão.

A violência contra os cristãos é especialmente forte nos países islâmicos e nos regimes comunistas. Sistemas hegemónicos totalitários fascistas não suportam uma cultura que defenda a integridade e a inviolabilidade individual da pessoa perante o Estado e a Religião.

No Paquistão a destruição de igrejas e a perseguição dos cristãos é legalizada sob o manto da “Lei contra a Blasfémia” de 1986 que ameaça com a pena de morte quem difame o Corão ou Maomé. Segundo Peter Jacob do movimento “Pax Christi”, esta lei serve de pretexto para perseguir cristãos e muçulmanos moderados.

Na Coreia do Norte encontram-se milhares de cristãos em prisões e em campos de concentração. Os comunistas lembram-se que a queda do “muro da vergonha”e a derrocada dos regimes totalitários socialistas do Leste também teve a ver com a acção dos cristãos que defendiam a liberdade individual e os mais oprimidos do sistema.

Na China o Governo não tolera que cristãos anunciem o evangelho encontrando-se também padres e bispos em prisões, em campos de trabalho e muitos desaparecem sem rasto.
Na Nigéria a violência aumenta também a olhos vistos.

”Especialmente no Paquistão, em parte da Índia e do Extremo Oriente os cristão são tidos como gente típica do Ocidente”, afirma Eberhard vom Gemmingen da Rádio Vaticano. Todo o mal é visto como vindo de fora e é atribuído ao imperialismo americano que identificam com o cristianismo, como ameaça.

Cristãos são perseguidos, aprisionados e discriminados, porque neles projectam o negativo da cultura islâmica: prática da hegemonia, que se expressa a nível interno na identificação do cidadão com o crente islâmico e a na diáspora na construção do gueto em oposição ao ambiente circundante.

A presença islâmica e consequente islamização da sociedade é vista com certa apreensão por muitos europeus ao contrário do que acontece em relação à presença de judeus, budistas ou outros. O Islão é hegemónico e considera tudo o que está fora dele como inferior, como região do combate. A religião de Maomé consolida-lhes o passado e possibilita-lhes o futuro, além de ser um factor de identificação num contexto supranacional. O conceito cristão da dignidade pessoal e da liberdade de consciência individual é antagónica a uma cultura de estruturas nómadas. A sua força de identificação contrapõe-se ao processo decadente ocidental em que um secularismo cego se afirma no desprezo da religião. O contexto judaico – cristão criou a modernidade. Duma maneira geral, o muçulmano, religioso integral, vê no cristianismo uma realidade fraca e decadente de que o modernismo e o secularismo são expressão. O modernismo ocidental, a emancipação, a desmontagem da família, o liberalismo sexual é para ele uma provocação, uma ameaça à cultura.

Na Índia, hindus perseguem brutalmente cristãos porque vêem neles uma provocação.
Embora os cristãos se encontrem na Índia desde os princípios do Cristianismo, a agressão contra os cristãos deve-se ao facto destes recrutarem novos adeptos das castas inferiores que vêem no cristianismo uma religião que lhes devolve a voz.

Na Turquia e no Norte de África, embora o Islão seja posterior ao cristianismo, a sua doutrina da intolerância e de expansão não consente gente doutro pensar. Os cristãos até na Turquia são perseguidos e discriminados sendo mesmo identificados com um número específico no bilhete de identidade. Assim torna-se mais fácil obstar a que façam carreira no Estado. A política da intolerância e o fascismo religioso revelam-se como adequada estratégia imperialista de povos religiosamente fortes mas sem a força económica e tecnológica dos tempos modernos.

A lição da Sérvia e do Kossovo revela que quem aposta na religião tem garantido o poder futuro até mesmo sobre as democracias, uma vez alcançada a maioria. O Islão ganha terreno em todas as frontes não só pela coesão da sua religião mas também pelo interesse do capitalismo nas suas riquezas energéticas e até por uma esquerda ocidental que aposta nele como forma de estar autoritária mais compatível com o socialismo marxista. Assim, governos atentos a indícios de fascismo dentro da própria sociedade, deixam-no entrar pela porta traseira da religião.

Na Alemanha entram por ano 600 chefes religiosos (Imâns) da Turquia sem qualquer controlo enquanto que na Turquia só é permitido um padre católico para toda a Turquia não sendo permitida a construção nem restauração de igrejas. Assim dão oportunidade a que as forças mais extremistas da religião se afirmem impedindo a formação de grupos laicos e renovadores dum Islão moderno compatível com a sociedade acolhedora. A doutrina cristã que privilegia a pessoa em relação ao Estado e às instituições é tida em regimes marxistas e fascistas como um perigo para o Estado.

Toda a religião e doutrina que se empenhe na libertação do Homem e na defesa dos pobres e oprimidos e na mudança das relações vigentes serão depreciadas pelos mais fortes.

Nos países de cultura cristã, os muçulmanos são protegidos e apoiados até na construção de templos (mesquitas) enquanto que os cristãos em países muçulmanos se encontram em perigo de vida e são vítimas da intolerância.

A palavra de ordem da Igreja é aguentar, na esperança de novos tempos dum Islão e dum Comunismo mais tolerantes. O cristão não está legitimado a reagir com violência, em nome da religião. Naturalmente que a pessoa da rua não compreende que o Islão deva ser respeitado enquanto que o cristianismo deva ser posto à disposição como aconteceu em Portugal com o socialista Sócrates que mandou banir os crucifixos das escolas. A cruz quer-se tabu enquanto que o símbolo religioso do lenço na cabeça das mulheres se deve tornar chique. A tolerância não pode ser uma estrada dum só sentido.

Para o cristão a pessoa é que merece protecção independentemente de estado, raça ou religião. Enquanto que o Cristão está chamado a ser solidário com todo o ser humano, o muçulmano está chamado a ser solidário com o muçulmano. Aqui está a diferença. A diferença está documentada no Novo Testamento e no Corão. Uma leitura dos dois ajudará a compreender a diferença entre as duas maneiras de estar na vida. Na civilização árabe a ciência e a sociedade encontram-se subjugadas à religião que não deixa despontar o valor da subjectividade no indivíduo. Só conhece o sentimento colectivo religioso e o valor ordenador da tribo ou família.

Duma maneira geral, a sociedade islâmica é deficitária a nível do indivíduo e rica a nível do nós (comunidade) enquanto a sociedade ocidental é deficitária no nós para ser pródiga com o indivíduo. A nossa civilização não pode cantar de galo porque não é melhor que a islâmica. Resta abertura para aprendermos uns dos outros.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

OS CÃES LADRAM MAS A CARAVANA PASSA - A 32


Caravana Protesto até Aveiro – Próximo dia 6 de Dezembro
António Justo
Um alto membro da política, que ganhava na altura mais de 10.000 euros por mês, dizia-me, em relação a protestos do povo: “Os cães ladram mas a caravana passa!” O povo não tem uma ideia do cinismo que se encontra na cabeça de muitos governantes portugueses. O posto parece torná-los intocáveis e soberbamente soberanos. Dançarinos do poder, não há quem lhes toque, até que o povo acorde!

Auranca – Um Exemplo de empenho e vontade civil
A “AURANCA” (Associação do Ambiente e Património da Branca), que conta com o apoio geral da vila da Branca tem sido incansável em iniciativas e acções para a defesa da ecologia e do ambiente. Mais uma vez, em boa fé, se dirigiu a Lisboa para contactar com os deputados da nova Assembleia da República. A Auranca conta com o apoio dos partidos da oposição, PSD, CDE, BE, PCP e OS VERDES. Em conjunto ou isoladamente irão promover iniciativas parlamentares tendentes a pressionar o Governo a alterar os traçados da A 32.

Da parte do PS, foram recebidos pela cabeça de Lista de Aveiro, Maria de Belém Roseira, deputado de Aveiro Filipe Neto Brandão e por um outro deputado do Porto que faz parte da Comissão de Obras Públicas e se prontificou a ir à Branca. Depois da exposição da Auranca feita pelo Eng.º Santos, Belém Roseira manifestou-se em sintonia com o apresentado, dizendo “vocês têm razão…” e solicitou-lhes documentação. Os interesses partidários porém têm sido mais fortes do que o bom senso de alguns dos seus elementos!

Quem se meter no labirinto do nosso governo continuará a urinar no rio do civismo. A palavra e a honra deixaram de ter valor, o que conta é o oportuno. Por isso há que tomar iniciativas a nível de Bruxelas. A EU concede dinheiro que não pode ser empregue em projectos que contrariam a razão económica e ao mesmo tempo são atentados graves contra a ecologia, contra o ambiente e contra os direitos humanos.

No próximo dia 6 de Dezembro a Auranca, uma das poucas vozes da consciência ecológica e ambiental, manifestará o seu protesto organizando uma caravana de automóveis em marcha lenta que partirá, às 14 horas, da Junta de Freguesia da vila da Branca (Largo do CCB frente ao Pavilhão Branca), rumo Aveiro e passará pela Câmara Municipal de Albergaria-a-velha, pela Direcção de Estradas de Aveiro e terminará junto ao Governo Civil com a destruição de informações à entrada das grandes superfícies comerciais da cidade de Aveiro. É de esperar grande afluência de carros não só da Branca mas de todas os interessados na defesa do meio ambiente. Trata-se de acordar o governo para as regiões da nação e para a razão.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

A 32 – UM GOVERNO CÍNICO NÃO RESPEITA AMBIENTE NEM CIDADÃOS

Ambientalistas sem Força nem Convicção deixam o País à Cobiça de Irresponsáveis
António Justo
Em Novembro passado o Governo de Sócrates, com a aproximação das eleições, achou por bem interromper o concurso relativo à construção do troço de auto-estrada (A32) entre Coimbra e Oliveira de Azeméis. O responsável das Estradas de Portugal decidira “Encerrar o concurso e abrir um novo concurso, a curto prazo”. Almerindo Marques confirmou na altura que "o concurso nunca esteve adjudicado, não há direito a pagamento de indemnizações".

Tudo poeira para os olhos dos cidadãos que deveriam ser acalmados e iludidos em tempos de recolha de votos. Naturalmente que um mesmo concurso, a que, pró forma, apenas se posterga a data, só pretendia ganhar tempo e lesar os interesses daqueles que esperavam por um novo projecto, ou pela renúncia ao traçado.

O governo PS com os seus cúmplices volta agora à carga. O EP – Estradas de Portugal abriu “novo” concurso sendo as propostas para adjudicação da obra entregues no próximo dia 17 de Dezembro.

Uma farsa cínica! O Secretário de Estado das obras Públicas que é o mesmo do governo anterior lá está para garantir as conexões de interesses e interesseiros. Nestas questões os secretários de Estado são elementos chave do sistema!

A Quercus, num parecer que enviou à Agência Portuguesa do Ambiente na altura considerou supérfluo o troço previsto de Albergaria-a-Velha a Oliveira der Azeméis devido “à enorme fragmentação do território, tendo em conta que nessa área existem duas auto-estradas (A1 e A29) que se desenvolvem paralelamente a escassas centenas de metros entre si, e à existência da EN224 que liga o nó de Estarreja da A29 e A1 ao IC2 em Oliveira de Azeméis, fornecendo uma excelente ligação entre as AE do litoral e o interior". A própria Quercus parece tratar a questão com luvas nas palavras, se atendermos ao atentado à ecologia e à paisagem em questão e à ponderação das suas palavras!

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) não considerou a realidade ecológica, ambiental, direitos humanos, nem tão-pouco a imagem e integridade das localidades por onde passa o troço de auto-estrada, e de que a vila da Branca é um exemplo flagrante. Instituições pró forma num Estado pró forma!...

Os interesses económicos de alguns e a subserviência doutros destroem qualquer racionalidade e impossibilitam Portugal, e em especial as regiões de se desenvolverem. O que está acontecer aqui, em termos de nível europeu, seria um atentado à razão, ao ambiente e ao cidadão! Cidadãos conscientes só podem desesperar perante a prepotência estabelecida ou entrar em dissidência.

A governação está tão longe do país e do povo porque este se contenta com a auto-satisfação mórbida dum queixume sobre o cinismo governante que se esgota em confidência entre amigos. Assim se chamuscam energias produtivas e uma insatisfação justa, proveniente dum resto de dignidade ofendida que deveria conduzir a uma reacção em grupo contra o poder estabelecido, esvai-se na ilusão de um sentimento manifesto na esfera privada!

Ao povo consciente, organizado em associações de protecção da natureza e dos direitos humanos, como a Auranca (Associação do Ambiente e Património da Branca) não parece restar senão a manifestação pública e o dirigir-se a instituições europeias e internacionais que incutam um pouco mais de respeito ao Estado português já desabituado do povo. Um Estado em tal estado promove a desobediência cívica. A Auranca organiza, no Domingo (6.12 às 14 horas), uma caravana automóvel protesto que partirá do Largo CC junto ao Pavilhão da Branca e rumará até Aveiro, passando pela Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, pela Direcção Regional de Aveiro do EP – Estradas de Portugal e Governo Civil de Aveiro.
Só um povo acordado e consciente conseguirá contribuir para a construção dum Portugal novo em que a ética negativa dê lugar à ética positiva do respeito sagrado pela dignidade humana, pela dignidade das plantas e dos animais!
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DA EUROPA DOS POVOS À EUROPA SUPERMERCADO


TRATADO DE LISBOA ENTROU EM VIGOR

António Justo
Hoje entra em vigor o Tratado de Lisboa, espécie de constituição europeia. Com o Tratado, a União Europeia dá um passo grande no sentido do Estado Europeu.

A Comissão Europeia passa a ser uma espécie de supra-governo acumulando competências à custa do Conselho Europeu, o que significa um maior distanciamento dos 27 estados membros. O Alto Representante PESC e PESD, espécie de Ministro dos Negócios Estrangeiros, adquire competências também supranacionais, o que limita a competência dos embaixadores dos países membros. O Parlamento Europeu, o único órgão da EU eleito democraticamente também ganha mais peso. A competência é da EU em matérias de política externa, de segurança e de defesa.

A EU adquire personalidade jurídica, o que lhe confere autonomia de representação e poder de decisão em organizações internacionais e países terceiros e manter neles “Delegações da União Europeia”, uma espécie de embaixadas da EU.

As decisões deixam de ser tomadas por unanimidade para passarem a ser determinadas pelos votos da maioria. Chega uma maioria de 55% dos votos dos países se ao mesmo tempo 65% da população destes países estiverem representadas. De futuro haverá mais necessidade dos países se reagruparem por regiões de interesses se não querem ser determinados pelas potências europeias. Portugal terá de andar mais atrelado à Espanha e esta a outros!

O Tratado de Lisboa inclui a possibilidade de um país poder abandonar a União. O catálogo dos direitos fundamentais não é obrigatória na Inglaterra porque daí os cidadãos poderiam colocar exigências vinculativas no que diz respeito ao direito a um lugar de trabalho; o mesmo se diga quanto à Polónia e à República Checa que receiam que através dele os desterrados da última grande guerra exijam indemnizações!

Os cidadãos europeus passam a ter o direito de petição através de referendos europeus. No caso de nos 27 países membros se conseguir um milhão de assinaturas para um determinado assunto, então a Comissão europeia tem de se ocupar com o tema.

Agora também podem fazer queixa no Tribunal europeu em Luxemburgo em casos relativos ao direito comunitário. Cidades e freguesias podem fazer queixa contra iniciativas de Bruxelas no caso de questões que não tenham de ser resolvidas a nível europeu. Aqui, o Supremo Tribunal Alemão puxou as orelhas aos políticos alemães obrigando-os a ressalvar direitos inalienáveis da democracia alemã. Por exemplo, em questões de mobilizações militares no estrangeiro o Parlamento alemão tem a última palavra e não a União Europeia. Projectos-lei da União Europeia têm de ser enviados aos 27 Parlamentos e estes têm direito a veto. Neste sector haverá um jogo do rato e o gato entre governos e parlamentos. Povos mais distraídos serão levados pela cantiga do governo. Relativamente à Alemanha, no caso do Parlamento Alemão não estar de acordo terá de enviar propostas de correcção à EU.

O Parlamento europeu também ganha mais peso. Este é o único órgão da EU eleito democraticamente.

A Europa agora passa a ter quatro chefes mas o maior é o presidente da Comissão, José Manuel Barroso.

Os ciclones do materialismo e do socialismo marxista dominam a EU
Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa as instituições tornam-se maiores e as pessoas mais pequenas; ganharam as Companhias poderosas, as grandes empresas, os Bancos e a Burocracia política e administrativa com os seus servidores. A Europa dos grandes ganha grandeza no mundo dos pequenos e ganha peso nos mundos dos grandes. A instituição vive do que tira ao membro e as instituições grandes vivem do que furtam às mais pequenas! Mas sem instituição também se não pode viver! Importante será o surgir de cidadãos conscientes e críticos!

Que a Europa se torne numa união de comunidades é mais que natural e óbvio. A questão é: que tipo de União Europeia? A dúvida fundamenta-se na falta de respeito pelos biótopos naturais e culturais e no espírito que a empurra! Os ventos que sopram na União Europeia são unilaterais porque determinados pelos ciclones do materialismo e do socialismo marxista acompanhados de rajadas turbo-capitalistas. Não há lugar para a cultura, para o cidadão nem para o Homem. Se na Idade Média, tal como hoje no Islão se exagerava com a religião, hoje exagera-se com o socialismo marxista. Antigamente a crença, hoje a ideologia! Cada vez se torna tudo mais igual ao nível da rasoura proletária e consumista. Em nome da ditadura da opinião e da tolerância, a indiferença cada vez se torna mais obcecante, nesta grande sociedade decadente. A indiferença é o primeiro passo para a intolerância! E, os nossos políticos apostam na indiferença e no desconhecimento. Esta é a hora das virtudes menores: da tolerância e do internacionalismo das multinacionais. A consciência humana será regulada pelo mercado, não fosse o cidadão um produto!

Portugal morreu com Camões e o Estado Português morreu com Salazar!

O povo português continuará, como dantes, ingovernável mas com folgo para ladrar à trela de mercenários, cujos interesses continuarão a ser os interesses que vêm de fora. Trata-se de marcar passo na continuidade.

Assim o problema da autodeterminação continuará a ser alheio a Portugal e aos portugueses na qualidade de indivíduos. A banalização a nível cultural já há muito tempo que começou a aplanar os terrenos para esta Europa, uma Europa compatível com a Turquia! O espírito crítico e a discussão deram lugar a gestas de embalar na televisão.

Mais tarde falar-se-á das comunidades portuguesas como antes se falava das províncias ultramarinas. Portugal continuará a ter uma alma maior que ele, só que, agora, fora dele!

Portugal morreu com Camões e o Estado Português morreu com Salazar! A uma forma de governo autoritária de alguns poucos seguiu-se uma outra forma de governo autoritária à custa de alguns muitos.

Facto é que os países perdem a Soberania sem discussão e tudo acontece democraticamente à margem do povo. Isto em outros tempos seria apelidado de ditadura! O povo ao renunciar à democracia directa para delegar a sua soberania na democracia representativa, com o Tratado de Lisboa só dá mais um passo consequente, a delegação da personalidade soberana.

Temos um tipo de cidadão cada vez mais distante da instituição e um tipo de instituição cada vez mais distante do cidadão. Com o novo tratado acaba-se com o impasse institucional para se passar ao impasse do cidadão.

A independência é como a virgindade, quando se dá por ela já se não é…, e depois, não há remédio, a diferença só se nota na cor do lençol.

© António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

SUÍÇOS VOTAM CONTRA A CONSTRUÇÃO DE MINARETES

António Justo
No Domingo passado, num plebiscito nacional 58% dos votantes suíços votou pela proibição da construção de mais minaretes na Suiça. Participaram no plebiscito 54% dos cidadãos com direito a voto.

Minarete significa “farol” e dele se chamam os muçulmanos à oração, cinco vezes ao dia. Na Suiça há 400 mesquitas e quatro com minaretes. Minaretes podem ser comparados com as torres das igrejas.

Os iniciadores do plebiscito advertiam para o perigo duma “islamização sorrateira” da Suiça e para os minaretes como símbolo de reivindicação do poder islâmico. O governo, a maioria parlamentar, as igrejas e os grémios da economia tinham-se declarado contra tal iniciativa.

Os Suíços são um povo muito ciente da sua democracia directa e dos plebiscitos populares praticados desde há 400 anos. Com 22% de estrangeiros a Suiça tem-se mostrado muito civilizada não tendo havido até hoje, no país, acções agressivas contra estrangeiros. A população muito ciente da tradição tem medo de símbolos de domínio e da islamização da sociedade. O povo ainda tem presente a Fatwa contra Salman Rushdie, os problemas na Holanda e as caricaturas sobre Maomé na Dinamarca. Certamente que não se trata de xenofobia dado o povo não criar problemas a budistas, judeus, hindus e outros. Acção e reacção parecem encontrar-se em proporção.

O que se pode já concluir, perante o resultado desta votação, é que o povo pensa diferente da classe política e dos meios de comunicação.

A contracção de mesquitas para muçulmanos tem sido uma grande prova da capacidade de diálogo por parte da população dos países de tradição cristã. De facto muitos muçulmanos com a sua tendência para se encerrarem em guetos e provenientes de países em que se perseguem os cristãos ou pelo menos se impede o exercício das suas actividades cristãs e a construção de igrejas duma tradição de perseguição dos cristãos não predispõem a uma abertura natural. A Alemanha com três milhões de muçulmanos tem 206 mesquitas com minarete, mais 120 em construção e 2.600 recintos de oração.

Naturalmente que a liberdade religiosa a que uns têm direito não se pode impedir aos outros.

A verdadeira questão a pôr-se seria: que papel desempenham as mesquitas para a integração e para o convívio entre cidadãos estrangeiros e cidadãos naturais. Respondem à tolerância com tolerância, dão impulsos para a integração, fomentam o gueto e trabalham para uma cultura aberta? Aqui há grandes deficits. Em torno das mesquitas formam-se verdadeiras ilhas dentro da sociedade. Aqui têm dormido os políticos. E depois admiram-se da reacção do povo!

O povo tem a impressão de que a mesma Europa que destrói os símbolos cristãos se apressa em fomentar outros símbolos. Tolerância e intolerância são as duas faces da mesma moeda!

Importante seria que o Estado interviesse só onde se pregasse o extremismo.

© António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ANIVERSÁRIO DA QUEDA DO MURO DE BERLIM


O Botão da Liberdade brotará sempre de novo
António Justo
Faz 20 anos que o muro da vergonha, que separava a Alemanha Ocidental (BRD) da Alemanha Oriental (DDR), caiu. Depois de várias odisseias e tragédias com os cidadãos da DDR, a 9 de Novembro de 1989 o Comité político do Regime Socialista da DDR, exausto, anunciou a abertura da fronteira. A tampa comunista, que tapava a caldeira do sistema, rebenta, iniciando-se ondas de reacções em catadupa. A resistência que se tinha formado em torno das igrejas e apoiada pela BRD vence finalmente sob o slogan “Alemanha Pátria Unida”. Na Alemanha Federal o objectivo da união tinha-se mantido de forma declarada nos partidos cristãos CDU E CSU.

Um sistema de pobres para pobres não pode aguentar o desenvolvimento do cidadão. Finalmente este ganha: “Nós somos a Alemanha!”

A partir da abertura da fronteira as demonstrações escalam de tal maneira que, em pouco tempo, provocam a união das duas Alemanhas na Alemanha Federal Alemã. Mais precisamente: a Alemanha Ocidental absorve a Alemanha oriental que se tinha tornado seu filho pródigo. A democracia social vence o socialismo!

A 18 de Março de 1990 dão-se as primeiras eleições livres na Alemanha socialista. Nelas vence o partido da CDU (União de Cristãos Democratas). A 1 de Julho dá-se a união monetária passando a haver apenas o Marco Alemão da Alemanha Ocidental. A 23 de Agosto de 1990 a Câmara Popular da Alemanha Oriental decidiu a adesão à Alemanha Federal. A 31 de Agosto é assinado o tratado da união entre os políticos dos dois Estados. A 1 de Outubro os países aliados da NATO reconhecem a soberania alemã.

As datas e os acontecimentos sucedem-se como que em competição. Helmut Kohl, “o chanceler da unidade” esteve à altura da diplomacia necessária para tão grande obra. Isto só de alemães!

Estes, para tornarem a unidade efectiva criaram um imposto suplementar novo, o “imposto da solidariedade” que corresponde a 5% dos impostos que cada cidadão paga e é transferido para investimentos nas regiões correspondentes à Alemanha de Leste. Esta, apesar dos biliões que continuamente se transferem, ainda não conseguiu atingir o nível económico da antiga Alemanha Ocidental. O buraco socialista não só se faz sentir no buraco económico como no buraco moral trazido. Isto apesar do sistema de jardins infantis, de escolas e de saúde da extinta DDR terem atingido alto nível no sistema socialista! A região actual correspondente à antiga Alemanha de Leste (DDR) ainda se encontra cerca de 20% em atraso em relação à do Ocidente (RFA).

Uma sociedade de cidadãos alemães sofreu muito sob a imoralidade institucional dum Estado injusto. Na antiga DDR (Alemanha democrática), aquando da divisão, foram extintos os tribunais administrativos, não precisando as decisões administrativas de ser fundamentadas; a justiça fora politicamente instrumentalizada e partidizada como é boa prática socialista: o Poder tem sempre prioridade perante o Direito. Como é costume em ditaduras e também em democracias, as massas não pensam, subjugando-se normalmente ao Poder. Por isso se compreende que apenas se tenha manifestado resistência pública a 17 de Junho de 1953 e finalmente em 1989. Parte do povo não sente os aguilhões do Estado, tal como nas sociedades democráticas. O cão que se mantém dentro da casota ou que dorme não sente a corrente que o prende!

A Alemanha apesar de unida ainda não conseguiu superar o trauma da sua divisão. Actualmente, também em consequência do turbo-capitalismo, a esquerda radical sente uma certa brisa a seu favor, o que se registou especialmente na parte da república correspondente à antiga DDR. Não é irrelevante o facto de alguns votantes de centro-direita usarem o voto socialista como chicote, numa tentativa de levar o boi do capitalismo ao rego da democracia social e cristã.

Apesar da consciência vigente na Alemanha de que o antigo sistema da DDR era um “Estado injusto” manifesta-se em alguns cidadãos uma espécie de nostalgia branqueadora do passado. Muitos contribuintes alemães da parte ocidental não conseguem engolir tal atitude, depois de terem dispendido tanto e continuarem a contribuir tanta para os alemães do outro lado!

Entretanto, o que para uns é um Estado injusto pode para outros ser um Estado desejável. Não há uma opinião verdadeira e outra falsa! O direito de avaliar é livre.

Na verdade não há critérios seguros de avaliação que possibilitem uma comparação da injustiça praticada num Estado de Direito com a injustiça praticada num Estado ditatorial, porque neste a injustiça não pode ser atenuada pela opinião púbica, visto neste não haver liberdade de imprensa. Por outro lado, nos Estado de Direito publicam-se todos os males existentes, o que pode levar os cidadãos das ditaduras a pensar que nos seus estados há menos violência. Na Alemanha socialista não eram publicadas as condenações à morte do sistema, os assassínios sexuais e muitos outras faltas menos exemplares que o aparelho político censurava, o que poderá levar antigos cidadãos desta a julgar a Alemanha Ocidental injustamente por se fixarem apenas nos seus males, atendendo a uma informação demasiadamente fixada no negativo. Cada sistema tem os seus vícios mas o democrático é o menos injusto de todos, pelo que se pode confirmar pela experiência e pelos valores defendidos. Não pode haver comparações aproximadas entre sistemas de carácter qualitativo tão diferentes. As injustiças, intimidações e os medos e a quantidade de pessoas espias ao serviço da DDR reduzem uma PIDE portuguesa à insignificância! Todos os regimes são inclinados ao contolo exagerado de seus cidadãos. Isto pressupõe um cidadão sempre atento e crítico!

A Dignidade humana é um valor maior a defender por todo o Estado justo. Na república socialista o Estado está acima do indivíduo sendo este apenas seu instrumento e não o seu fim.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
http://antonio-justo.blogspot.com/

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CAIM E ABEL – DUAS FACES DA MESMA REALIDADE

António Justo
Nasci berrando, cresci falando para morrer gritando. Pela palavra me torno e por ela me transformo!

Obrigado José! Obrigado Saramago, pela discussão que provocaste. Num mundo extremamente contraditório e dialéctico, por mais que se afirmem as teses e as antíteses nunca se chegará à síntese, ou não fôssemos nós seres humanos e não fosse a vida processo!

No meio da refrega constato um facto: quer ateus quer teistas precisam de Deus para se definirem.

Encontramo-nos todos sobre o mesmo tapete ao serviço da vida! Por vezes, alguns, em confronto com um mundo feito de injustiças, projectam as suas frustrações e desilusões num Deus mudo e inexistente enquanto que outros, irmãos na desilusão, não se conformam com a realidade do presente projectando-a numa realidade futura. Ambas as posições não se encontram à altura do pensar bíblico. Ambos fogem de si mesmos e da realidade envolvente! Em vez de encararmos a realidade e a transformarmos atiramos tiros para o ar e guerreamo-nos, tal como no caso de Caim.

Caim e Abel são duas faces da mesma medalha que é cada um de nós!

O problema é que ateus e teistas virem em militantes, dado seu credo se tornar parte da própria identidade expressa, sem a perspectiva do outro! Por outro lado quem cala não conta.

Infelizmente cada qual defende apenas o reino dos seus interesses não havendo espaço para uma cultura de pensar justo! A perspectiva de Caim terá de integrar nela a perspectiva de Abel e Abel terá de reconhecer nele a perspectiva de Caim. Querer ter a razão final é tornar-se só Caim.

Todos os crentes, quer creiam em Deus ou não, não conseguem abdicar da sua crença ateia ou religiosa em processo. Problema se tornaria se a uma tese apresentada por Saramago não fosse possível a antítese duma dialéctica construtiva interessada numa síntese muito embora passageira! Problema é também o facto do senhor Saramago ter apresentado a sua compreensão da Bíblia como se esta fosse a compreensão por excelência, atitude a que nem o Vaticano se atreve!

É natural que cristãos e judeus possam reagir e tentar explicar outras maneiras de compreender os 73 livros da Bíblia. Assim seria lógica e aceitável a tentativa destes por explicar outras leituras da Bíblia numa dialéctica que lhe é própria. Era necessário compreender que na Bíblia e especificamente na história de Caim e Abel, se encontra documentada a dialéctica entre a cultura pastoril e a cultura sedentária, entre a cultura do campo e a das cidades, que hoje como ontem é bem actual, tal como outrora em Caim e Abel. Como sempre, na luta entre a província e a cidade há interesses muito concretos a defender. Veja-se a afirmação macrocefálica da capital contra o regionalismo...

Saramago tal como Caim não aceita a mundivisão do seu irmão Abel. A imagem de Deus que Saramago ataca é naturalmente a sua. Querer reduzir a realidade bíblica a infantilismos e cai na contradição de negar Deus e ao mesmo tempo o responsabilizar pelo mal dando-lhe o atributo de "filho da puta", como se vê em Saramago página 82 do seu livro.

Este mimo e outros queriam provocar relação, e naturalmente quem reage é logo apelidado de reaccionário. Quem ele quer atingir não será naturalmente Deus mas os filhos do tal "filho da p." que, muito naturalmente, não serão melhores que o seu Deus a destruir!

Que em cada cultura, nos antagonismos que lhe são próprios e até benéficos, esteja presente Caim e Abel em disputa, é muito natural e benéfico, o problema é não nos darmos conta de que somos os dois na mesma pessoa e não notarmos o papel que representamos em cada momento em que falamos ou agimos (Caim ou Abel)! Quem mata Abel torna-se assino de si mesmo tal como quem mata Caim, dado os dois serem o reverso de si mesmo e das sociedades.

Naturalmente que quem vai à missa de Saramago não goste de outras missas e vice-versa. Desumano seria se não nos respeitássemos uns aos outros, conscientes de que todos andamos encostados a algo que não queremos reconhecer… É a nossa liberdade de escravos, mas esta escravidão pode tornar-se libertadora!

Ao fogo do inferno sucede-se o fogo das palavras e dos próprios interesses. A agressão é também uma maneira de libertar a consciência, como nos ensina Caim! A continuarmos assim não haverá infernos para uns e paraísos para outros, mas sim, democraticamente, inferno para todos! Salvem-se os nossos maiorais, os nossos Belzebuses, porque esses gozam de imunidade!

Quem faz a guerra não pode lavar-se nas águas da inocência.

Naturalmente que Saramago sabia muito bem que quem ataca não é vingativo, vingativo tornam-se os outros. A divindade Nobel ofendida exige o louvor aos seus devotos. No fim há muita beatice ateia e crente ao serviço dos respectivos dogmatismos e da própria seriedade.

Um outro facto: A grandeza dos que se distinguem precisa da pequenez dos que os fazem!...

De lamentar seria que se formassem grupos incompatíveis, dum lado súbditos ateístas, e, do outro, súbditos teístas: uns contra os outros na defesa da própria devoção.

Quem diz o que quer ouve o que não quer.... Importante é que todos são pessoas honradas, muito embora assumindo umas vezes o papel de Caim outras o de Abel!

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

domingo, 1 de novembro de 2009

José Saramago: Um Fundamentalista?

Modo de Pensar em Curto-circuito

António justo
Definimo-nos pela fala, por isso não nos podemos calar! Pela fala nos tornamos na procura dum tu que nos leva a nós. Pela fala nos formamos e pela fala queremos provar a nossa existência. Diria mesmo, somos conversa; por vezes conversa fiada. Nesta deixamos de nos tornar veículo e conteúdo para nos reduzirmos a veículo apenas!

Na sequência dum artigo que escrevi sobre Saramago, entre outros e-mails que recebi, um dizia: "Gostei de ver Camões como bombeiro deste fogo da maldade! Afinal o fogo do amor camoniano a combater o outro! Não escreva mais sobre este “gajo” que os suecos usaram como os franceses usaram Linda de Suza, para estigmatizarem Portugal e os Portugueses em flashes imagéticos opostos ao que nós somos! Está ao nível da Maitê Proença." Fim da citação.

Como dizia a princípio, embora em contexto, definimo-nos pelo texto e através dele nos desenvolvemos. É fácil perder-se no contexto sem chegar ao texto. Se não fosse o texto bíblico e as suas afirmações e contradições não nos encontraríamos tão adiantados civilizacionalmente. Somos veículo e veiculados do mesmo mistério que a Bíblia procura abordar. Por isso escrevo mais sobre o assunto. Se não fossem as discussões e a vontade de encontrar a verdade, que tem sempre, além da face oculta, a tua e a minha versão, então não passaríamos da cepa torta; permaneceríamos de rosto voltado para a sombra. A controvérsia, se for honesta e sincera leva à luz daqueles que ainda se encontram de pé, a caminho, e ainda não morreram para si e para a vida, ao contrário daqueles que permanecem pelo caminho na sombra da rotina e dum progresso balofo, enquistados na auto-suficiência e no dogma da própria opinião.

Naturalmente que Portugal é universal e tem lugar para todos os antagonismos e a discussão pode gerar a luz. O problema está na tesoura que se traz na cabeça e censura tudo o que não corresponda à própria opinião e aos próprios interesses.

A falta de formação e de vontade de saber simplificam o trabalho incendiário de quem abusa da ingenuidade. Saramago, na sua maneira como interpreta a Bíblia dá a impressão de ser um fundamentalista. O fundamentalismo religioso e ideológico alimenta-se da mesma manjedoura dos adamastores do medo, do infantilismo e do interesse abusivo. Ele desconhece que a Bíblia também é a biografia dum povo e duma pessoa, descritas com as melhores metáforas e imagens protótipos do Homem e da sociedade.

Camões em Os Lusíadas descreve a acção e a herança cultural do povo lusitano. Os autores bíblicos, à luz de Deus, descrevem, no Antigo Testamento, a acção do Homem em relação com o Outro, com Deus que lhe dá forma.

A “Ilha dos Amores” de Os Lusíadas certamente que não será aproveitada por Saramago para difamar os portugueses como imorais. Nas descrições Bíblicas encontra-se a vontade do povo mais relevante de toda a História, o povo judeu, que na discussão com o seu Deus consegue afirmar a sua identidade como povo contra o tribalismo circundante, contribuindo, de forma eminente para o desenvolvimento da humanidade. Nos seus mitos e na imagem do seu Deus se revela a sua grande personalidade e vontade de ser. Com o seu Deus, que lhe dá identidade, “o povo eleito” não submergirá na História como outros submergiram.

Quem faz guerra”dá e leva”. José Saramago sabe bem atear fogos. A melhor resposta ao fogo da maldade será o esclarecimento, a formação cultural. Na escuridão da desinformação, da ignorância e do egoísmo, até os pirilampos se tornam grandes luzeiros. Precisamos é de mais promotores do amor, do amor jesuino e do amor camoniano. Só este fogo purifica e desenvolve! Então todos nós nos transformaremos em pirilampos a iluminar a terra e não a viver da treva!

Então deixaremos de ser os “cruzados” de hoje que vão ao caixote das mazelas da História buscar o fogo para novos incêndios. As achas colocadas nas fogueiras por aí ateadas são da mesma natureza das fogueiras medievais: as achas da ignorância e das ideologias.

O autodidacta Saramago revela grandes défices culturais a nível de saber científico. Não deixa porém de ter a sua importância em certos aspectos literários e de ocupar um papel relevante de identificação para os seus fiéis correligionários e para pessoal miúdo que necessita de vedetas para se galardoar e sentir grande. Cada um tem direito à felicidade à sua medida e no seu biotopo próprio. O conjunto dos diversos biotopos é que tornará belo o “jardim à beira mar plantado.” Saramago parece ser beneficiado pelas tágides das letras mas, apesar da sua idade, o espírito da sabedoria parece ser recalcado pelo espírito adolescente!

Ao afirmar que a Bíblia é “um manual de maus costumes" queria reduzi-la a um livro de ética justificadora da sua ideologia! Saramago usa a guerra tal como o povo judaico se serviu da dialéctica na procura da sua identidade como pessoa e como povo. Ele quer afirmar a vulgata marxista materialista à custa da vulgata judaico -cristã. Procura fora o que deveria encontrar dentro.

A Bíblia é um universo de mundos, encontrando-se nela lugar para as diferentes constelações e concepções de vida. Na Bíblia se encontra a base da filosofia e da cultura que produziu esta realidade que é a civilização ocidental. Quem não entendeu isto desconhece o valor da religião e da filosofia que são nosso berço e mãe. Saramago comunga da douta ignorância oportuna posta ao serviço dum socialismo e republicanismo ultrapassados que, apesar de tudo, mereceriam muito mais qualidade e seriedade, na estratégia da sua promoção! O seu internacionalismo não pode afirmar-se à custa da difamação e de malentendidos sobre o nosso legado cultural, a não ser que nos tenhamos tornado masoquistas e interessados na decadência e queda da nossa civilização! Não há que destruir, mas sim renovar e remodelar! O legado judaico – cristão sintetiizou nele o saber doutras culturas e levou o Homem a não mais andar curvado à obediência do conveniente e possibilitou o levantar-se mesmo contra um deus da subserviência. O Deus biblico é libertador, como se pode ver no seu fruto, a civilização ocidental, que apesar das suas contradições mantem, por baixo do borralho das suas cinzas, o fogo do amor, a lei das leis! Infelizmente um certo meio ideológico só parece comprazer-se nos odores do esterco da História da Igreja católica, como se esta só constasse da casa de banho! Torna-se suspeito quem caça moscas com tais odores!... Precisa-se é da vontade de saber , de formação humana e de crítica construtiva que viva bem com a farinha do seu moinho sem desviar nem sujar a água dos moinhos dos outros!

A discussão é necessária porque muitos não usam a própria cabeça para pensar e se instruir, preferindo encostar-se a um pequeno ídolo nobilitado pelo prémio Nobel ou a uma opinião indiscutível. Os seus ataques desqualificados revelam a arrogância do poder instalado consciente de que “para quem é bacalhau basta”! Naturalmente que todos nós temos em nós algo da natureza saramago, independentemente de nos chamarmos Saramagos ou Antónios!

O saber bíblico é personalizador, apostando na dignidade humana e nos direitos dos humanos e dos seres em geral, apelando consequentemente para a desobediência à banalidade do meramente factual e do pensar correcto, rebelando-se contra autoridades meramente exteriores, não favorecendo, por isso, as ideias peregrinas dos santuários das autoridades e das ideologias. Se para alguns parece ser suficiente e consolador o cheiro das ideologias para outros, para os conscientes da História e da Humanidade não!

Cada época tem a sua luz e as suas sombras. Cada argumentação também. Hoje procura reduzir-se tudo a mercado e submeter-se tudo às leis da concorrência. O nosso pensar de hoje, forjado pelo modelo económico é tão precário como o modelo de pensamento de épocas passadas que arrogantemente criticamos. Tornamo-nos prisioneiros do próprio discurso no labirinto da dialéctica. O pensar bíblico ajudar-nos-ia a complementá-lo e a deixar de viver em curto-circuito. Este novo pensar em termos cristãos poderíamos dominá-lo de pensar trinitário que é na sua essência complementar integral e não antagónico como o binário (dialético) seguido do certo e errado, um pensar em contínuo curto-circuito! Naturalmente que a aguilhada da dialética se revela como uma boa estratégia de desenvolvimento, pelo menos à tona da realidade!

Deus é mais que o que possamos dizer dele pela positiva e pela negativa e a religião é mais que o milagre. A bíblia é mais que poesia e que um livro de moral. Ela é vivência, é caminho e vida.

Deus não submete o povo a provações nem exige fidelidade e obediência externa. Ele é o mais interior do Homem, a sua ipseidade, o seu selbst, a sua própria possibilidade. De resto o nosso falar de Deus não passa dum falar do Homem e de nós mesmos.
© António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CAIM EM SARAMAGO


O Centenário da República exigia Saramago

António Justo
Os ideais sociais e republicanos parecem só se poderem afirmar numa relação social de dois grupos antagónicos: Caim e Abel. Saramago, um apologista da velha física mecanicista e materialista deita mão da sua ignota sebenta sobre o Velho Testamento para afoguear o ânimo dos portugueses e reavivar os velhos ressentimentos republicanos e materialistas, cada vez mais presentes numa sociedade decadente. Esta polémica em torno de Caim, no centenário da república portuguesa, procura dar continuidade a um republicanismo barato e atrevido que vive de forma discreta e parasitária num Estado em estado de graça e de sonho.

Saramago, fez, como os bons promotores de vendas fazem. Dias antes do seu livro “Caim” aparecer nos balcões de venda, o negociante da opinião presta uma série de declarações provocantes aos Media para chamar as atenções para si e motivar os correligionários e curiosos à compra do livro. A polémica ajuda o negócio. A arte cada vez se reduz mais ao escândalo. A opinião publicada em torno de Nobel camarada, revela um país assombrado, como se tratasse dum galinheiro de galinhas de olhar fixo na crista vermelha do galo que brilha no poleiro da sua importância. Os negociantes da cultura e os traficantes das ideologias e do poder sabem bem que os ingredientes que melhor servem os seus interesses cínicos e logo atraem as atenções do galinheiro são: religião, sexo e dinheiro. Saramagos parecem dar-se bem nos baixios da nação. Por isso persistimos em viver na mediocridade do medo, do recalque, da inveja e do sonho.

Os jornalistas, por avidez de escândalo que lhes simplifica o trabalho ou por razões ideológicas, aproveitaram a deixa para o seu negócio, moendo e remoendo continuamente a mesmo assunto. Saramago com uma machadada consegue encher os bolsos e ao mesmo tempo fazer a maior propaganda contra a Igreja Católica como se a Bíblia só fosse propriedade dos católicos e estes só conhecessem a leitura literal da mesma. Como numa acção concertada, nos Media ouvia-se continuamente falar do cândido Saramago e da inocência de Caim como se tivesse sido a Igreja Católica a matar Abel.

Saramago banaliza o Nobel e banaliza a Bíblia. À maneira de Pilatos lava as suas mãos nas águas turbas da ignorância e do oportunismo. Terapia os seus medos inconscientes atacando.

O artista quer dizer aos cristãos que “Deus fez o mundo em seis dias, porque ao sétimo descansou”, quando os cristãos sabem que aqui se trata não de dias de 24 horas mas de épocas da evolução, muito embora de cariz antropológico onde se apresenta o processo do desenvolvimento do primitivo para o mais desenvolvido, a nível biológico, moral e existencial.

Na sua interpretação interesseira, Saramago até sabe que “Caim matou o irmão porque não podia matar Deus”. E na sua inocência primitiva o escritor afirma o seu dogma revelador da sua lógica: “Um Deus que não existe, nunca ninguém o viu.” O que é estranho é que Deus e o Catolicismo parecem ser o bombo da sua festa e do seu negócio!

Saramago faz uma leitura ingénua e tendenciosa da Bíblia. Fala como um iletrado. Para justificar a sua fé ateia joga com a não informação das pessoas e com interesses baixos de desacreditação e com uma mentalidade ávida do insólito. Estamos perante um caso de desinformação para que o povo desça à praça das ideologias e se sirva de ânimo leve nas bolsas dos dogmas da opinião.

O azedume de Saramago, ao afirmar que “sem a Bíblia seríamos outras pessoas. Provavelmente melhores”, luta contra o seu fantasma do medo, falando mal dos outros para melhor poder branquear-se e branquear os seus patronos marxistas. O que ele parece desconhecer é que o socialismo, a fé que professa, é um produto da Bíblia, um filho da tradição judaico – cristã.

O maior documento da história humana é categorizado por Saramago como um “manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e da pior da natureza humana”. Saramago querer desconhecer a Bíblia na abordagem que ela faz do Homem e do seu desenvolvimento, no que ele tem de positivo e negativo. O autor julga sai-se melhor apostando num Deus que quer “cruel, invejoso e insuportável.” A guerra contra Deus serve-o a ele e à sua desilusão ideológica.

Saramago procura espantar o medo que tem

Porque combate tanto o que para ele não existe? Isto torna-o suspeito. A velhice parece aproximar muita gente da religião pela positiva e pela negativa! Psicologicamente poder-se-ia dizer que nele há qualquer recalque ou medo do depois da morte! Quando alguém combate algo tão veementemente a nível externo quer dizer que isso não o deixa em paz a nível interno. É uma luta substituta. Como um crente se sente na necessidade de combater as próprias dúvidas (inconscientes) um ateu também tem as suas dúvidas (inconscientes) sobre o ateísmo que professa e tem de combater externamente. No inconsciente e nos medos reside as raízes de fanatismos mais ou menos explícitos; sejam eles religiosos ou ideológicos. Segundo Freud combate-se fora o que não se quer ver e reconhecer em si próprio, quer dizer, o que é inconsciente. Nos fundilhos psicológicos das suas calças, Saramago luta contra o seu medo. Nele se catalizam também muitos medos de seus defensores e atacantes.

A Bíblia possibilita a descoberta da imagem do Homem onde este pode descobrir as suas pegadas, encontrando aí testemunhado o seu desenvolvimento ao longo dos tempos, desde o seu estado mais primitivo ao mais desenvolvido. No seu falar de Deus e do Homem revela-se uma História comum.

A Bíblia não é um livro mas um conjunto de 27 livros em que se encontram cristalizadas as mais diferentes disciplinas: Religião, Filosofia, História, Literatura, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Artes bélicas, Física, etc. A Bíblia é a radiografia do Homem e das sociedades. É um tesouro em antropologias e sociologias. Nela se encontra a tentativa de descrição do alvorecer da criação, do início da evolução em sete épocas (dias), do desenvolvimento do Homem até ao ser do Homem divino, o resumo e fim de toda a criação, onde Jesus Cristo é apresentado como Homem no fim da sua evolução.

Com a queda de Adão a essência do mal e do pecado não se encontram cabalmente explicadas. A história de Caim e de Abel além de mostrar a complexidade da convivência de duas culturas diferentes (tal como no caso de Esaú e Jacob onde se documentam a evolução da sociedade na concorrência entre a antiga sociedade nómada pastorícia e a nova sociedade sedentária agrária) é mais um contributo para a compreensão do mal e do Homem. O mal cometido tem uma alcance de responsabilidade que além da intenção transcende o acto.
As diferentes interpretações permitem a continuidade na descoberta de algo comum essencial a todo o Homem.

O ser humano permanece sempre igual a si mesmo independentemente de ser religioso ou ateu.

Estou certo que se o senhor Saramago tivesse estado atento na escola à aprendizagem dos meios de interpretação de “Os Lusíadas” do nosso Camões, não poderia fazer uma leitura tão ingénua e tendenciosa da Bíblia. O problema é que a leitura da epopeia do nosso maior escritor português que é Camões também não interessa à sua ideologia.

Quando descobrirmos Caim e Abel em nós mesmos, então estaremos mais lúcidos para entender a Bíblia e deixar de combater fora o que está dentro de nós. Caim e Abel, tal como Adão e Eva, são duas partes complementares da mesma realidade: o Homem.

© António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@unitybox.de

terça-feira, 13 de outubro de 2009

DEUS NA TERRA E OS ANJOS NO CÉU


Não creio em Deus, Deus crê em mim
António Justo
Eu sou eu e o que a minha linguagem possibilitou, o que a minha língua fez de mim! Nas metáforas do meu sonho se formou a paisagem que avisto do mirante do meu ser: o fora de dentro e o dentro de fora, num vaivém ondulante de marés envolventes! Mar e terra no nevoeiro a erguerem-se! Da qualidade do espelho em que me vejo e formo depende a imagem que de mim faço e da realidade. A linguagem, a metafísica, tornam-se assim numa potencialidade, a janela aberta para o apartamento do meu ser. “No princípio está a palavra”! Assim a transcendência só pode ser uma possibilidade e não uma limitação da repartição de reparações, nem tão-pouco um analgésico para as intempéries do meu existir. A linguagem é realidade, é sonho, é horizonte, é medicina.

O mestre de Israel, só palavra, curava e salvava do mal, livrava as pessoas dos preconceitos sociais tanto na rua como em suas casas; o seu contacto levava as pessoas a libertarem-se como podemos verificar no caso da prostituta e de tantos outros. Na aceitação está o primeiro passo para a cura! Ele trouxe uma nova vida e, dele, ela emanava também. Não pregava a existência de Deus vivia a vida em relação: uma relação nobilitante e criadora expressa no amor trinitário. Assim transpõe a barreira do som e da visão entre vida e existência tornando presente o aquém e o além numa presença que é futuro também. O existir torna-se no estar aqui e o “ser” transforma-se em relação envolvente do espaço e do tempo no transcendente.


Deus é o outro, o vizinho a quem me dirijo, aquele que me possibilita e acorda para a vida. Na minha expressão para com Ele me possibilito, aprofundo o meu ser. Por outro lado Deus é, como poderemos apreender pelo mistério da Trindade e seu processo contínuo de incarnação e ressurgimento no ser , toda a minha potência, o vigor do mundo a acontecer. Ele é a paisagem de que faço parte, o ar que inspiro e expiro. Ele é ao mesmo tempo o outro e a minha presença, a outra parte de mim mesmo. Para ele falo e nele me torno presente nos meus sentidos. Nele me torno perspectiva.

Tal como o nascimento começa com um grito do bebé e da parturiente assim o verdadeiro nascimento para mim mesmo e para o mundo começou com um grito para Deus. A pobreza e a injustiça do mundo estreitam tanto a vida gritando tão alto que me acordaram para Deus e nele me descobri a mim. Nele acordei e me senti. A dor do mundo acordou-me para Ele e senti nele o mundo presente. Sem a resistência nem a dor do mundo não me teria posto à procura do Deus, do Homem, da Natureza que me puxa. Como nas lâmpadas a luz torna-se visível no estreito, na resistência às circunstâncias da vida em fluxo. No estreito da dificuldade brota a vida tal como do ramo verde a flor. Nas suas pétalas coloridas, a flor canta a sua vida e testemunha a vida da natureza. E nesta tantas pessoas mantidas na sombra da vida não chegam a florir!

De facto, Deus já me tinha visitado nos meus sonhos e nos vales e montanhas de Arouca. A prisão da vida ofendida de que falavam os missionários, aquando da preparação da Páscoa e das festas grandes da terra, nos meus tempos de criança, fez surgir em mim a vontade de ser, a vontade de libertar e de andar para lá dos horizontes que ameaçavam repousar nas montanhas. A esperança porém avistava algo para lá do longe, para lá da linha do horizonte. Na minha fantasia de criança imaginava o caminho para a liberdade do céu como o traçado dos postes de fios de alta tensão que rasgavam caminhos sem fim através das montanhas! Por lá seguiam as almas ao encontro dos anjos no céu…

Nos campos ao lado, sentia a libertação da cor no vermelho das cerejas e no colorido da paisagem a chamar! O amor sentia-o também num rosto de menina (Mariazinha), alargado na paisagem que interiorizava, sentado, ao sol do recolher do dia. Neste ambiente se misturava uma variedade de sentimentos e cores que se reuniam religiosamente na construção de pontes que tornam a distância perto e se vão juntar, de mãos erguidas, no círculo do arco-íris.

A dor dos abandonados do mundo sentia-a também na geada vidrada dos amanheceres cristalinos do vale no Inverno e no vigor da vida reprimida que por sua vez se liberta nas trovoadas sonantes do Outono e da Primavera. Na natureza dos vizinhos mais pobres via, mais presente, o sofrimento mudo e os gritos da fome e da injustiça do mundo. Será que Deus anda distante? Será preciso acordá-lo?

Tudo isto provocava ventanias e tempestades num espírito de criança. Daí surgia uma energia desmedida que contradizia a força do hábito e do aconchego do ninho fofo da família. Queria sair da roda do destino rotativo e tornar-me missionário do amor, ser um fósforo apenas, para ajudar a acender a fogueira do amor, e, de lar em lar, ajudar e me aquecer!

O sorriso daquele Sol aquecedor que afastava as tremuras do frio invernal, porque não há-de ele brilhar para toda a gente, em todo o mundo? Porquê tanta gente a tremer de frio e de medo?

Tal como no botão primaveril hiberna em cada um de nós o botão do espírito, a esperança de levar o sol da justiça ao outro, a outros povos. Nos pobres do mundo e nos sofredores espera Deus por ti para que lhe dês a mão. A dignidade deles espera por nós, aguarda ser aceite. No encontro se realiza a divindade! Deus torna-se no vizinho. O sol do amor nos levanta para a vida. Aceitar-se e aceitar é o passo em frente a caminho de Deus em ti e no outro. Então o outro é digno não por ter Deus mas por o ser tal como eu em Jesus Cristo. O mesmo amor que nos gerou nos mantém e nos dá as boas-vindas a este mundo. No Sol que raia na natureza, tal como no amor que nos inibira, está presente a mesma centelha divina que nos sustenta. A imagem e semelhança de Deus que reflectimos esperam que em nós se torne a imagem e semelhança da natureza. O ser do Homem é processo, é tornar-se Homem na comunhão divina com a natureza, tal como no processo da incarnação: o Sol ilumina a matéria divinizando-a.

Os padres lá na aldeia diziam que Deus se encontra à nossa espera. Havia que irromper de si mesmo para tornar Deus presente, em mim mesmo e no mundo. Urge libertar os povos da prisão do Egipto, da prisão da pobreza e da injustiça. E eu só me liberto, libertando! Deus é salvação em nós e encontra-se prisioneiro de nós mesmos. No encontro com o outro, com o vizinho sentimos a fidelidade divina que nele se revela. Deus grita da nuvem da miséria e do sofrimento para no encontro contigo se gerar a luz, acontecer ressurreição de Cristo, de ti, do vizinho. Deste encontro surgirá uma nova terra um novo céu.

Aí o brilho das cores, o vermelho da vida será comum às cerejas e a toda a criatura em todo o mundo. Nessa fulgurância Deus crê em mim e o seu crer me dá força e consistência para o encontrar. O resto é a aventura de tudo em relação! Na vivência e no testemunho surge então a realidade profunda da vida que é relação e troca manifestada no calor e no amor!

A esperança é a fonte de toda a possibilidade e, na divindade, tudo é possível. A realidade é o lugar limitado onde acontece a realização, de todas as potencialidades a caminho, para lá do horizonte. O amor é a amplitude do horizonte que tudo rejuvenesce e mantém o futuro aberto.

A fé é uma faísca na escuridão da tempestade cerrada. Ela possibilita a esperança e a própria realização, acorda os nossos sentidos para a vida. Ela possibilita a aurora dum novo dia sempre a acenar. Para lá do infinito há o sol a raiar e a seu caminho a minha alma a formar-se na presença do aquém e do além; em Jesus Cristo Deus abandonou o Céu para se tornar a vida e a crítica do Homem.

Uma sociedade que não dá lugar à possibilidade de Deus despede-se da humanidade. Deus é a potencialidade das potencialidades, ele abre-lhe a perspectiva da liberdade e a amplidão da paisagem. O distanciamento de Deus conduz ao corte com a vida e à injustiça entre os homens e ao distanciamento destes para com a natureza. Deus está presente em toda a pessoa é a luz que procura brilhar também nas nuvens da resignação.

Independente de todo o arrazoar: a cruz continuará a ser a escada do futuro e Deus a sorte dos pobres na realização do hoje através da construção da humanidade de amanhã.

Eu não creio em Deus, Deus crê em mim!

©António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

sábado, 10 de outubro de 2009

PORTUGAL CONTINUA ESQUERDO E A ALEMANHA CENTRO DIREITA

RAZÃO PORQUE PORTUGAL NÃO SE ENDIREITA
António Justo
Se Portugal durante o Estado Novo se encontrava torto à direita, com o 25 de Abril tornou-se torto à esquerda! Um país que obriga o povo a safar-se pela esperteza e não pela inteligência só poderá produzir governantes espertos! A esperteza vive do provisório, sempre sem tempo para viver mas para se safar.

Segundo os resultados eleitorais para o Legislativo, de 27 de Setembro último, Portugal continua um país de esquerda e a Alemanha um país de centro direita.
Em Portugal a esquerda conta com 118 deputados (PS 97, BE 16 e CDU (Comunistas) 15), e o Centro Direita com 102 (PSD 81 e CDS-PP 21), no Parlamento. Portugal, na sua maioria é esquerda e a administração, de maneira geral encontra-se nas mãos de partidários. Na praça pública a vida da nação é discutida sob a perspectiva de interesses partidários. Em Portugal o povo não está presente na opinião pública nem no discurso político. Presentes estão os políticos! Os políticos só parecem conhecer-se e acreditarem em si mesmos. Para os políticos portugueses a nação é uma coisa ultrapassada, o futuro vem do estrangeiro, das remessas dos emigrantes e dos apoios da União Europeia!
Na Alemanha o Centro Direita conseguiu para o Parlamento 330 deputados (União de Cristãos democratas - CDU e sociais democratas - CSU 237 e Liberais - FDP 93) e a Esquerda 290 deputados, dos quais SPD 147, Verdes 67 e Esquerdos-Linke 76.

De notar que na Alemanha o partido da esquerda SPD que corresponderia, diria eu, a nível de família política ao PS, na realidade está mais perto do PSD português do que do PS. O SPD é pragmático enquanto que o PS é ideológico! Os Verdes alemães integram neles elementos conservadores e progressistas.
A Alemanha, na sua maioria é conservadora e na sua administração encontram-se cidadãos com consciência técnica. Na praça pública alemã a vida da nação é discutida pelos políticos e pela sociedade, sob a perspectiva dos interesses do país. Na Alemanha o povo está presente na opinião pública e na política e há uma vida cívica muito organizada: poder-se-ia dizer: cada alemão é uma associação! Os políticos mantêm-se reservados. Na Alemanha os políticos acreditam na nação e vêem o futuro nela.
Estas são apenas algumas impressões provocantes sobre algo do que observo em Portugal e na Alemanha. Se comparo os noticiários dum país com o outro, tenho a impressão que, enquanto na Alemanha se relatam mais os assuntos objectivos nacionais, no telejornal português dá a impressão de Portugal andar em campanha eleitoral durante toda a legislatura. Na Alemanha, as notícias são narradas, em Portugal são encenadas: mais que as notícias o que parece de importância são as cores, o locutor e os sentimentos! Dum lado cultiva-se a razão, do outro a paixão!
Dois povos, dois destinos. Como é sabido os conservadores sabem criar riqueza e os progressistas sabem gastá-la.

Sócrates, na nova legislatura teria a oportunidade de deixar de ser um socialista jacobino para se tornar num homem der estado. A mentalidade oportuna e correcta obrigará, porém, esta elite portuguesa a continuar a optar pela esperteza à custa da inteligência e da nação. A esperteza aconselhá-lo-á a fazer coligação com o CDS-PP para depois se poder rir dum centro direita sem espinha dorsal, a quem poderá dar alguns postos para assim contaminar o espírito conservador português!...
O PS sabe que o país votou esquerda e chega-lhe para poder fazer o que quiser. Fará acordos ad hoc com os partidos da esquerda desacreditando-os e responsabilizando-os também pelas incompetências dum Estado demasiado caduco para se poder erguer.

No próximo Domingo, haverá eleições para as autárquicas! Naturalmente que o povo continuará a fazer o que aprendeu: jogar às eleições. Será que quem nasce torto não terá hipótese de se endireitar? Porque não deixamos de ser um país de ilusão, de desiludidos
e de invejosos?
Portugal sofre altamente de esquerdismo. Ele precisa das duas pernas; da esquerda e da direita, de ambas fortes! Portugal não pode continuar como até aqui! No tempo de guerra não se limpam armas! Portugal tem uma grande cultura e um grande povo com imensas potencialidades adormecidas. Diz-se que Portugal não tem tiros para melros!... Um povo que lá fora enriquece outros povos não pode continuar a suportar chicos espertos e cucos. En casa também se podem fazer milagres! Para isso pressupõe-se a distinção entre politiquice e política.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PORTUGAL CONTINUA ESQUERDO E A ALEMANHA CENTRO DIREITA


RAZÃO PORQUE PORTUGAL NÃO SE ENDIREITA
António Justo
Se Portugal durante o Estado Novo se encontrava torto à direita, com o 25 de Abril tornou-se torto à esquerda! Um país que obriga o povo a safar-se pela esperteza e não pela inteligência só poderá produzir governantes espertos! A esperteza vive do provisório, sempre sem tempo para viver mas para se safar.
Segundo os resultados eleitorais para o Legislativo, de 27 de Setembro último, Portugal continua um país de esquerda e a Alemanha um país de centro direita.
Em Portugal a esquerda conta com 118 deputados (PS 97, BE 16 e CDU (Comunistas) 15), e o Centro Direita com 102 (PSD 81 e CDS-PP 21), no Parlamento. Portugal, na sua maioria é esquerda e a administração, de maneira geral encontra-se nas mãos de partidários. Na praça pública a vida da nação é discutida sob a perspectiva de interesses partidários. Em Portugal o povo não está presente na opinião pública nem no discurso político. Presentes estão os políticos! Os políticos só parecem conhecer-se e acreditarem em si mesmos. Para os políticos portugueses a nação é uma coisa ultrapassada, o futuro vem do estrangeiro, das remessas dos emigrantes e dos apoios da União Europeia!
Na Alemanha o Centro Direita conseguiu para o Parlamento 330 deputados (União de Cristãos democratas - CDU e sociais democratas - CSU 237 e Liberais - FDP 93) e a Esquerda 290 deputados, dos quais SPD 147, Verdes 67 e Esquerdos-Linke 76.

De notar que na Alemanha o partido da esquerda SPD que corresponderia, diria eu, a nível de família política ao PS, na realidade está mais perto do PSD português do que do PS. O SPD é pragmático enquanto que o PS é ideológico! Os Verdes alemães integram neles elementos conservadores e progressistas.
A Alemanha, na sua maioria é conservadora e na sua administração encontram-se cidadãos com consciência técnica. Na praça pública alemã a vida da nação é discutida pelos políticos e pela sociedade, sob a perspectiva dos interesses do país. Na Alemanha o povo está presente na opinião pública e na política e há uma vida cívica muito organizada: poder-se-ia dizer: cada alemão é uma associação! Os políticos mantêm-se reservados. Na Alemanha os políticos acreditam na nação e vêem o futuro nela.
Estas são apenas algumas impressões provocantes sobre algo do que observo em Portugal e na Alemanha. Se comparo os noticiários dum país com o outro, tenho a impressão que, enquanto na Alemanha se relatam mais os assuntos objectivos nacionais, no telejornal português dá a impressão de Portugal andar em campanha eleitoral durante toda a legislatura. Na Alemanha, as notícias são narradas, em Portugal são encenadas: mais que as notícias o que parece de importância são as cores, o locutor e os sentimentos! Dum lado cultiva-se a razão, do outro a paixão!
Dois povos, dois destinos. Como é sabido os conservadores sabem criar riqueza e os progressistas sabem gastá-la.

Sócrates, na nova legislatura teria a oportunidade de deixar de ser um socialista jacobino para se tornar num homem der estado. A mentalidade oportuna e correcta obrigará, porém, esta elite portuguesa a continuar a optar pela esperteza à custa da inteligência e da nação. A esperteza aconselhá-lo-á a fazer coligação com o CDS-PP para depois se poder rir dum centro direita sem espinha dorsal, a quem poderá dar alguns postos para assim contaminar o espírito conservador português!...
O PS sabe que o país votou esquerda e chega-lhe para poder fazer o que quiser. Fará acordos ad hoc com os partidos da esquerda desacreditando-os e responsabilizando-os também pelas incompetências dum Estado demasiado caduco para se poder erguer.

No próximo Domingo, haverá eleições para as autárquicas! Naturalmente que o povo continuará a fazer o que aprendeu: jogar às eleições. Será que quem nasce torto não terá hipótese de se endireitar? Porque não deixamos de ser um país de ilusão, de desiludidos
e de invejosos?
Portugal sofre altamente de esquerdismo. Ele precisa das duas pernas; da esquerda e da direita, de ambas fortes! Portugal não pode continuar como até aqui! No tempo de guerra não se limpam armas! Portugal tem uma grande cultura e um grande povo com imensas potencialidades adormecidas. Diz-se que Portugal não tem tiros para melros!... Um povo que lá fora enriquece outros povos não pode continuar a suportar chicos espertos e cucos. En casa também se podem fazer milagres! Para isso pressupõe-se a distinção entre politiquice e política.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

TODOS OS PAÍSES QUEREM PAZ


E os Políticos fazem Guerra
António Justo
Todos os povos querem paz mas os políticos fazem guerra. Os governantes encontram-se no poder para realizar os desejos do povo. Os desejos do povo são paz e justiça como se depreende não só dos desejos individuais do cidadão como dos ajuntamentos de massas que demonstram nesse sentido.

Facto é que políticos não respeitam os desejos do seu povo. Em nome do Estado e do Povo fazem a guerra.

À primeira vista o cidadão é bom e a instituição é má. Assim a responsabilidade seria anónima e a guerra uma necessidade da estrutura institucional. Na verdade a responsabilidade está no cidadão governante e no cidadão tolerante. Ao leme das instituições porém não parecem estar os cidadãos normais mas os mais doentes! Deste modo o cidadão normal pode suportar melhor (e até combater) a vista da sua sombra no governante.

Os estados europeus, embora com paz à superfície do seu interior mandam os seus soldados para o Afeganistão para defenderem a sua fronteira lá longe. O argumento de que os terroristas talibans desestabilizariam as democracias ocidentais parece ter algo de fundamento atendendo à solidariedade islâmica que não se distancia deles. Ou será que a guerra é justificada pelos possíveis 1600 biliões de toneladas de petróleo e gás, que se encontram na região até ao mar Cáspio? O Ocidente, para assegurar a passagem dos oleodutos através do Paquistão e do Afeganistão precisa da guerra para adquirir terreno seguro!...

Não haverá estratégias mais económicas e mais humanas de distribuir as riquezas de forma mais equitativa entre os cidadãos e as nações? O mundo moderno, tão futurista e progressista em superficialidades, mantém-se extremamente retrógrado no que respeita ao essencial: a opressão interna do cidadão e a agressão bélica externa. A continuar assim os nossos ministros da defesa terão de se nomear ministros da guerra? Nada justifica a violência seja ela no Afeganistão, no Iraque ou na América a 9/11. Embora ninguém pergunte pelo sofrimento que fica nas vítimas e familiares, permanece nalguns a dignidade da inocência de se ser simples pessoa a questionar-nos. Na hora dos criminosos não resta tempo para as massas porem luto pelos mortos nem para chorarem a sorte dos oprimidos.

Depois dum século com 2 milhões de assassinados pelo regime turco, 6 milhões pelo nacional-socialismo de Hitler, de 25 milhões pelo ditador Estaline na Rússia, e de 75 milhões de assassinados na China sob Mao, o mundo ainda não aprendeu a distanciar-se dos seus psicopatas. Pelo contrário estes encontram sempre admiradores e fãs. Os tribunais internacionais não têm calibre para semelhantes assassinos. Basta-lhes ser vencedores e toda a barbaridade fica justificada. Para os da mó de baixo não há tribunais de apelação!...

Antes os dominadores faziam guerras em nome de religiões e em nome de estados. Hoje uns desculpam a guerra com a pertença à NATO e outros com a defesa de integridades hegemónicas. O povo é embrulhado com argumentos que procuram legitimar agressões ao serviço dos que vivem à custa da opressão, da guerra e da agressão. Estes encontram-se em todas as nações, sistemas e ideologias.

Estes são também os 20% que possuem 80% do produto da humanidade, enquanto que 80% da população mundial tem de sobreviver com 20% da produção. E tudo isto acontece num mundo que se crê civilizado e democrático com os seus paleativos de igualdade, fraternidade e liberdade.

No meio deste mundo maluco e hipócrita muitos cidadãos, impotentes mas não resignados, parecem só encontrar lugar numa comunidade de sentimento de ser sem estar, num espaço existencial para lá da terra, da política e da religião.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

domingo, 4 de outubro de 2009

INTOLERÂNCIA NA TURQUIA


Resultado dum Estudo sobre a Sociedade Turca
Turquia quer entrar na União Europeia mas não tolera Cristãos no País

António Justo
Os resultados duma investigação apoiada pela EU e feita por um instituto turco sobre a tolerância na Turquia são assustadores. Segundo este estudo representativo, agora publicado, 35% dos cidadãos turcos não aceitam ter na vizinhança cristãos; 42% recusam um judeu como vizinho, 20% não querem estrangeiros como vizinhos e 57% não aceitam ateus como vizinhos.

Muitos turcos não suportam membros de minorias no aparelho do estado. De facto para se impedir o acesso a tais postos a lei já prevê para os cristãos um número código que os identifica como tais no próprio Bilhete de Identidade*. Até médicos não muçulmanos provocam suspeita.

Prática hegemónica – Uma Estratégia gratificante

A filosofia da indivisibilidade do Islão é aplicada, na Turquia, ao Estado. Pluralismo é visto como algo ameaçador da unidade. O Islão ortodoxo considera o que não é islâmico, como “terra do inimigo” e consequentemente está muito atento ao “inimigo de dentro”. Nacionalismo e religião muçulmana são as duas faces da mesma moeda. Assim se pode compreender que duma Turquia de 25% de cristãos no princípio do século XX, se passasse a uma Turquia onde os cristãos se encontram reduzidos a uma insignificância quantificável já não em termos de por cento mas de por mil. Isto numa região de raízes judaico-cristãs. Esta praxis hegemónica revela-se como a melhor estratégia de colonização interna e externa do século XX e XXI.

Cidadãos não muçulmanos não são de confiar, apenas 15% dos inquiridos reconhecem cristãos e judeus como cidadãos leais.

Três de quatro turcos inquiridos dizem que não sabem nada sobre cristãos e judeus. Também a ignorância fomenta o preconceito!

A Turquia pressiona a Europa para entrar nela. De facto já consegui muito potencial de pressão através das suas comunidades gueto na Europa. A hegemonia interna turca revela-se nas comunidades turcas que se reagrupam no estrangeiro em comunidades gueto em torno da mesquita.

Fora prega-se a harmonia das culturas e dentro pratica-se a intolerância. Fora exigem tolerância e abertura mas fecham-se hermeticamente. Esta estratégia é premiada por uma política Europeia que usa dois pesos e duas medidas. A nível interno de cidadãos fomenta a descoesão religiosa e cultural e no seio dos seus imigrados fomenta a formação de guetos. A falta duma política da tolerância inter-cultural internacional, acompanhada da formação de guetos religiosos muçulmanos acordará, com o tempo, sentimentos de xenofobismo latentes em cada pessoa e em cada grupo.

As conversações de adesão da Turquia à União Europeia deveriam ser adiadas até ao momento em que tendências hegemónicas deixem de ser prática sub-reptícia. O Tratado de Lisboa da EU daria à Turquia um lugar preponderante na Europa atendendo a que seria o país com maior número populacional do grupo.

Há que transformar a todos os níveis, em todos os grupos e em todas as nações, a dificuldade das diferencas numa riqueza. Doutro modo a era das guerras de crenças políticas e religiosas não se poderá considerada ultrapassada.

Se é verdade que com vinagre não se apanham moscas, também é certo que com ele se temperam boas saladas!...

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com


*Naturalmente que as pessoas crentes, seja qual for a sua cor, são boas e inocentes; o problema põe-se a nível de sistemas que as orientam!

sábado, 3 de outubro de 2009

REPÚBLICA PORTUGUESA


CELEBRAÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

PORTUGAL AINDA À PROCURA DE SI MESMO

António Justo
Se a comemoração nacional do dez de Junho se pode considerar uma festa de todos os portugueses já o mesmo não se poderá dizer do 5 de Outubro. Este é mais um feriado em que Portugal recalca o passado nacional *. A opinião pública e a escola passam sobre este capítulo como o gato sobre as brasas. Da implantação da república sabe-se a data e alguns botões de retórica oportuna, do Estado Novo conhece-se apenas a parte demoníaca de Salazar, e do 25 de Abril apenas a parte salvadora. Naturalmente que toda a realidade tem duas faces e cada um escolhe a que mais lhe serve! O problema coloca-se também para a esmagadora maioria dos que não podem escolher e para as vítimas da desinformação.

Festejos nacionais são geralmente brindes de revoluções resultantes de interesses duma parte da nação contra os interesses da outra parte, ordinariamente à margem da população. Na História vê-se sempre a mesma banda que passa, a dos que vivem à sombra do Estado com o povo sonhador a aplaudir.

A revolução de 5 de Outubro veio pôr fim à monarquia e proclamou a república. Os ideais trazidos pelas invasões francesas frutificaram na classe dominante que atribuía os problemas de Portugal à monarquia. Os governos democráticos formados depois da revolução, mais fruto da ideologia e de interesses particulares, trazendo embora a democracia, ainda aumentaram os problemas da nação conduzindo-a à anarquia e à bancarrota.

A insegurança e insatisfação dos portugueses favoreceram a contra-revolução de 28 de Maio de 1928 chefiada pelo general Gomes da Costa que instalou a ditadura militar. Depois segue-se o regime do Estado Novo (1932).

Os governos republicanos deram barraca e com eles a democracia foi sol de pouca dura. A capacidade democrática do povo foi seriamente posta à prova por representantes que não estavam à altura da democracia. Isto já o tinha previsto a opinião pública francesa que, aquando das sublevações republicanas em Portugal, nos seus jornais lamentava o assassínio do rei D. Carlos, “um dos reis mais cultos da Europa”, por revolucionários duvidosos.

As mesmas forças ideológicas que se aproveitaram do argumento ultramarino para assassinarem o rei D. Carlos e depois depor seu filho D. Manuel II e instaurar a república servem-se em 1974 do argumento das colónias para derrubar o regime do Estado Novo e implantar a democracia representativa, instalando-se também eles no aparelho do Estado. Um mal passa a justificar o outro mal.

Revoluções e revolucionários não são bons exemplos para cidadãos porque se levantam em nome do povo para depois ocuparem os mesmos postos e adquirirem as regalias dos precedentes que saneiam.

A falsidade de toda a revolução é inerente à dinâmica revolucionária atendendo a que a última revolução pressupõe a preparação da próxima. Ela não prevê uma evolução contínua popular mas apenas a oportunidade para os grupos de interesses mais fortes. O povo fica sempre reduzido a cenário! Por detrás das revoluções encontra-se o egoísmo de alguns e não a solidariedade social nem a liberdade do povo. Os slogans igualdade, fraternidade e liberdade, em termos revolucionários, não passam de tiros para o ar, para espantar os pardais da ceara.

Os feriados nacionais teriam sentido se fossem utilizados para fazer o facit do estado do país em comparação com os ideais que motivaram tal festejo. Seria a ocasião para uma discussão entre conservadores e progressistas, entre esquerda e direita, sobre o fundamento espiritual do Estado e o bem comum. Seria oportuna uma reflexão pública baseada no padrão cultural ocidental na implementação da dignidade humana e do cidadão adulto nesta sua parcela portuguesa. Uma discussão que reduz os conservadores a patriotas e os progressistas a antipatriotas minoriza o legado português. Haverá que desideologizar Portugal e abandonar uma política cultural e escolar meramente experimental; de trabalhar mais no sentido da homogeneidade nacional e não viver apenas de créditos artificiais duma memória colectiva negadora do passado. Da formação depende o destino da nação. Uma cultura dum Portugal adulto pressupõe um discurso, para além dos costumados diálogos de clientelas, subentende um discurso que redija de novo o passado não com os óculos ideológicos mas com os olhos da nação. Nele estará presente a culpa interna do passado e do presente, terá de ser redigida a injustiça e as omissões do Estado para com o País.

Portugal ainda não se encontrou a si mesmo. Um povo com tantas qualidades mas sempre disposto a ouvir tem andado sempre a toque de caixa de personalidades estranhas. As suas pegadas no sentido francês e russo só tem adiado Portugal.

Torna-se óbvio adubar a própria modernidade e progresso no esterco do país, na própria tradição aberta, como é específico da tradição ocidental. O esterco estranho só parece fomentar franganitos de engorda à disposição de galos, mais que galantes, galadores.

O País precisa duma discussão séria na procura da verdade e da nação, para lá das veleidades partidárias. Sem verdade não haverá reconciliação. Portugal não pode continuar a dar-se ao luxo de, por um lado viver uma paz de cemitério e por outro, de viver ao som do alarido do jardim infantil político. Economicamente sempre os países mais pobres da Europa, com uma economia de calças na mão à custa da emigração e dos dinheiros da EU. Para continuar na pobreza outros países pobres não precisaram de revoluções!

Festejos de revoluções são sempre festas retrógradas! São as festas dos vencedores sobre os vencidos. Nelas falta a consciência de que o mesmo povo é, ao mesmo tempo, vencedor e vencido!

Facto é que o sol português esteve e está sempre do lado dos seus representantes, quer sejam de direita ou de esquerda, e o povo continua sempre na sombra de embondeiros, continua sempre cada vez mais na mesma!

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com


* Dado a parte positiva das revoluções ser continuamente sobrelevada pelos que delas se aproveitam (os actores do correspondente regime), pretendo com esta abordagem lembrar algum aspecto colocado na sombra.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

RELIGIÃO PÕE À PROVA A TOLERÂNCIA DO ESTADO SECULAR



MUÇULMANO CONSEGUE LUGAR PARA REZAR NA ESCOLA

António Justo
A directora do Liceu Doestberg de Berlim tinha proibido um aluno muçulmano de rezar no corredor da escola. Fundamentava a recusa com a neutralidade da escola. O aluno utilizava um tapete de oração usando a pausa para rezar.

O educando, que não queria abdicar do seu direito de rezar cinco vezes ao dia, incluindo o horário escolar, meteu a questão em tribunal. Este decidiu expressamente sobre este caso particular dando razão ao muçulmano.

Os juízes argumentaram que o aluno podia escolher uma esquina para rezar, não implicando isso a perturbação da paz escolar nem a neutralidade do Estado. Embora a decisão não tenha sido de carácter geral, outros crentes podem basear-se nesta decisão para fazer valer o seu direito.

Os juízes consideram a liberdade religiosa como um acto interior que implica a possibilidade da sua expressão pública também através da oração.

O Senado de Berlim já manifestou a intenção de apelar para o Tribunal Superior contra esta decisão.

A decisão do tribunal deixa lugar para muitos medos. A luta de tapetes de oração muçulmana por um lado e a luta contra cruzes na escola serão temas propícios a aquecer mesmo ânimos pacatos!... Quem tiver mais força reprimirá os outros. Afinal, também aqueles que se empenhavam contra o ensino da religião nas escolas, vêem-na agora surgir pelo lado que não esperavam.

O governo socialista em Portugal expulsou as cruzes das escolas. Será que se algum muçulmano manifestar a mesma coragem em Portugal como os muçulmanos mostram na Alemanha, o direito português lhe dará lugar para a oração? O medo duma escola devota será proporcional à náusea dos preservativos socialistas na escola portuguesa!!!...

Parece um caso bicudo de resolver para a sociedade secular. Se os muçulmanos conseguirem impor um lugar para a oração na escola, será que os outros crentes não terão o mesmo direito?

Mas quem era tão tolerante criando a pausa dos “fumadores”, ou a esquina dos fumadores, certamente também conseguirá a suficiente tolerância para possibilitar na escola um espaço discreto, um espaço do silêncio. Os muçulmanos marcam personalidade e a presença a que os cristãos já não estavam habituados. As exigências de uns acordam as dos outros!

Os muçulmanos, duma maneira geral, não fazem distinção entre o cidadão e o fiel, só conhecem o homo religiosus. A sociedade laica ocidental já começa a ter insónias ao imaginar nas suas escolas genuflexórios, tapetes de oração e outras práticas ligadas a necessidades que não as laicas.

Quem como o PM Sócrates instrumentalizou a escola para a distribuição de anticonceptivos gratuitos e para a indoutrinação sexual, certamente não terá dificuldade em colocar também genuflexórios e tapetes de oração. Uma outra componente da tolerância e uma saída airosa para muitos problemas que surgirão, inerentes a uma sociedade avançada com necessidades cada vez mais individualizadas, seria a promoção e financiamento do ensino privado gratuito.

Liberdade de religião e tolerância são valores significantes, o mesmo se dizendo da neutralidade da escola.

Uma solução pacífica passará talvez pela criação nas escolas duma sala do silêncio onde todos, independentemente de credos, poderão retirar-se por alguns momentos para reflectir. Reflexão uma mercadoria rara na nossa corporação! Se razão sem fé é deserto, fé sem razão é pântano!
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com