sexta-feira, 29 de junho de 2018

UNIÃO EUROPEIA RE-UNIDA PELA CIMEIRA EM TORNO DE MERKEL

Merkel perdeu Penas, mas conseguiu provisoriamente unir a EU na sua Causa pelo Asilo

António Justo

Na falta de ferramentas jurídicas e políticas que regulassem a imigração, os políticos europeus sentiam-se sobrecarregados e incapazes de enfrentar uma “indústria” que vive em torno dos imigrantes, e reunir esforços contra os traficantes de refugiados que determinam muita da imigração.

A Chanceler alemã tinha anteriormente acordado, na visita de Mácron à Alemanha, fortificar a Frontex (fronteira europeia), criar um gabinete europeu de asilo além de centros de recolha de refugiados fora da Europa e criar parcerias monetárias à semelhança da EU com a Turquia. 

O esforço de Merkel em conversações bilaterais com diversos políticos da EU deu agora frutos provisórios e o seu papel de moderadora na Europa afirmou-se uma vez mais, sob a pressão do seu ministro do interior. Os seus resultados estão-se a ver na declaração comum da cimeira com a aprovação dos 28 Estados, embora a aplicação das decisões se deem numa base  voluntária . O compromisso em questões de asilo (seguir uma política europeia comum) foi alcançado em grande parte devido a perspectivas de cedências da Alemanha, perante a França, nos sectores de economia e finanças na Zona Euro.

Resultados da Cimeira (28-29.06)

A chanceler Ângela Merkel congratulou-se com o compromisso sobre asilo que satisfez as pretensões da Áustria, Itália, Polónia e em parte dá satisfação ao que o Ministro interior alemão Seehofer exigia.  

Os Estados europeus comprometeram-se a:
           
 - Criar centros de desembarque de migrantes fora da EU em cooperação com a agência de refugiados da ONU, ACNUR e a Organização Internacional de Migração. A Polónia ficou contente e avisou que "Não haverá transferência forçada de refugiados".

- Aumentar verbas para países do Norte de África e Turquia; Merkel acentua: "Eu coloquei muita ênfase em dizer que queremos trabalhar em parceria com a África".

- Criação voluntária de centros em território europeu, onde se identifiquem as pessoas salvas no Mediterrâneo com direito a pedir asilo e os imigrantes económicos que não têm esse direito.
- A agência de fronteiras Frontex será aumentada até 2020.


Andrea Nahles, líder do SPD, congratulou-se porque " temos uma solução europeia em termos de migração”. A líder do grupo parlamentar da AfD, Alice Weidel, criticou as decisões sobre a política de asilo na cimeira da UE como "meio cozido". "A gestão genuína das fronteiras será fornecida pela Frontex até 2020, deixando a UE aberta por mais dois anos", disse Weidel.

Talvez este compromisso seja o mal menor! De facto, a Europa tem sido gozada também por traficantes e seus apoiantes que misturam torturados e perseguidos com outros grupos de interesse de desestabilização da EU.

Com a criação de campos fora da Europa e a criação de centros de distribuição em território europeu, sofre a humanidade e a solidariedade com os mais fracos; em compensação evita-se uma certa anarquia dentro dos Estados e os países ricos e mais abertos passam a ver limitado o procedimento constitucional dentro dos países, poupando custos exorbitantes nos processos judiciais que evitam e na dificultação de toda uma “indústria” que vive dos refugiados/imigrados.

Falta talvez um Plano Marshall da Europa para  África, que com o dinheiro poupado apoiasse os países africanos, tal como fizeram, outrora, os países vencedores, em relação à Alemanha.

António da Cunha Duarte Justo

ÂNGELA MERKEL CONTRARIA TRUMP



Trump repetiu (a 18.06.2018) a sua afirmação anterior de que a crimimanalidade na Alemanha, em consequência da imigração, aumentou significativamente.

Ele acusou as autoridades alemãs de publicarem números falsos sobre as taxas de criminalidade.

A chanceler, sibilicamente, respondeu que a estatística apresentada fala por si: “Nós vimos nela um leve desenvolvimento positivo”!

António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: Comentários também em http://antonio-justo.eu/?p=4876

terça-feira, 26 de junho de 2018

TURQUIA PRESIDIDA POR UM AUTOCRATA QUE ELABOROU O ESTADO À SUA MEDIDA


Turcos defensores do sistema antidemocrático venceram as eleições também na Alemanha
António Justo

O autocrata Recep Tayyip Erdoğan  obteve 52,5% dos votos e o candidato da oposição Muharrem İnce, 31%; este quer que Erdogan actue como presidenzte dos 80 milhães de turcos e não apena como o presidente de um partido. Erdogan tem o poder assegurado até 2023, ano em que a Turquia celebra o seu centésimo aniversário.

Na Alemanha há 1,44 milhões de eleitores turcos: destes, e metade participou nas eleições da Turquia tendo havido 64,78 dos votantes a favor de Erdogan e 21,88% no seu opositor Muharrem.

Se olharmos à percentagem dos tucos votantes na Alemanha e na Turquia, os turcos que vivem na Alemanha já desde os anos 60 demonstram mais radicalismo do que os que vivem na Turquia.

O ex-chefe dos Verdes, Cem Özdemir, criticou o comportamento dos seus  compatriotas na Alemanha dizendo: “expressam assim a rejeição da nossa democracia liberal”. O partido FDP atesta à Alemanha falha na integração e o partido A Esquerda critica o governo alemão por fortalecer a Turquia com a sua política exterior.

Com a eleição de Erdogan, o cargo de Primeiro Ministro é abolido, sendo Erdogan Presidente e Prmeiro ministro na mesma pessoa; ele tem o poder de nomear e demitir os ministros e de governar através de decretos; pode até, através de decretos, cancelar e ignorar decisões parlamentares. Erdogan é um perigo para a Turquia e para a Europa e fará tudo por fortalecer o “Turquistão”. Fomenta o islamismo e demole consequentemente a herança democrática e laicista do fundador da Turquia Ataturk. Tem mãos livres para governar com os seus métodos de estado policial.

Num país onde mais de 90% da imprensa se encontra limitada e  com uma campanha eleitoral com mais de 85 por cento do tempo de publicidade na TV para akp e mhp explica tais resultados.

O Estado turco, impulsiona a islamização da Turquia e itambém o islamismo na Alemanha através do envio de Imames e da rede da confederação DITIB (União Turco-Islâmica de Mesquitas e associações). A política negligente alemã no que respeita à integração turca na Alemanha tem fortalecido as forças turcas antidemocráticas a ponto da associação das mesquitas turcas terem poder para, nalguns estados, nomear professores de religião para escolas públicas.

Os refugiados da Turquia aumentarão e com eles os conflitos a nível diplomático ; além disso a  rota de refugiados da Turquia abrir-se-á de novo, a não ser a preço de dinheiro menos limpo.

A EU pagou seis mil milhões de euros à Turquia para alojamento de refugiados (para os impedir de virem para a EU). Depois de uma análise do paradeiro do dinheiro, verificou-se que foi usado para o desenvolvimento de infra-estrutura de saneamentos e esgotos e no sistema escolar. Facto é que a EU viu extremamente diminuída a entrada de refugiados na Europa.

Hoje já há centros de recolha na Líbia, em Ceuta e em Melilla (Espanha).

A perseguição aos Curdos vai aumentar e com ela a fuga do país. Erdogan sabe que quem faz guerra sobe na consideração internacional; desta maneira torna-se parceiro de conversações, tal como pôde constatar nas suas incursões contra os Curdos na Síria/Iraque.

Por todo o lado os defensores de regimes autoritários à custa da democracia se afirmam.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo http://antonio-justo.eu/?p=4865

quinta-feira, 21 de junho de 2018

NÚMEROS DE REFUGIADOS EM 2017


António Justo
No seu relatório anual  “Tendências Globais”, o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) informa que 68,5 milhões de pessoas em 2017 se encontravam deslocadas por guerras e conflitos.
Em 2017 viviam 19,9 milhões de pessoas num outro país como refugiados. 70% desses refugiados provêm de 5 países: da Síria 6,3 milhões, do Afeganistão 2,6 milhões, do Sudão do Sul 2,4 milhões, de Mianmar 1,2 milhões e da Somália 1 milhão.

Os países com mais refugiados são Turquia (3,5 milhões), Paquistão 1,4 milhões, Uganda 1,4 milhões, Líbano 1 milhão, Irão 1 milhão e Alemanha 1 milhão. 52% dos refugiados são menores.
Deu-se uma redução no número de refugiados que vêm através do Mediterrâneo; este ano até meados de junho vieram 40.000.

A maior parte dos refugiados na Europa vêm através da Itália e da Grécia.

Entre janeiro e março de 2018 houve 34.400 requerimentos de asilo na Alemanha. Na EU o número de requerimentos reduziu-se de 15% (houve 131.000 requerimentos).

Em Portugal em 217 foram feitos 1.749 pedidos de asilo dos quais, 500 viram confirmados o seu pedido de reconhecimento do estatuto de proteção internacional. Muitos refugiados seguem de Portugal para o Norte da Europa, por isso a política europeia orienta-se no sentido de refugiados que já tiveram entrada num país da EU possam ser reenviados para o país onde primeiro foram registados ou onde tiveram entrada. 

Os Estados Unidos foram o país a registar o maior número de pedidos (330.000) essencialmente provenientes de cidadãos de países da América Latina. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos), os EUA superam a Alemanha que desde 2013 liderava a qualificação.

Cada vez se torna mais difícil distinguir entre refugiados políticos e refugiados económicos.
António da Cunha Duarte Justo

quarta-feira, 20 de junho de 2018

MUNDIAL 2018: PORTUGAL (1) MARROCOS (0)

Um sofrimento para os espectadores portugueses

Marrocos jogou bem; na sua equipa só lhe faltaram a cabeça e as pernas de um Ronaldo Cristiano. Ronaldo já meteu quatro golos no saco deste campeonato.

Esta victória (20.06.2018) é mais um passo importante a caminho dos oitavos de final do Mundial de 2018. Rui Patrício está de parabens ao domar o rompante marroquino ao tentar o empate.
Felicidades para a equipa, e até segunda feira contra o Irão.

Para a História ibérica 15.06.2018:
PORTUGAL (3) – ESPANHA (3): UM JOGO DE ALTA QUALIDADE
Parabéns à equipa portuguesa com o seu jogo brilhante.
Parabéns a Cristiano Ronaldo que meteu três golos sendo o terceiro mesmo fenomenal!

António da Cunha Duarte Justo

terça-feira, 19 de junho de 2018

A CRISE DO GOVERNO DE MERKEL TORNOU-SE SÍMBOLO REAL DA CRISE DA EUROPA


A Crise do Euro foi superada – A Crise dos Refugiados deixará feridas incuráveis

António Justo
Seehofer, Ministro do Interior da Alemanha, quer recusar a entrada na Alemanha a migrantes refugiados já registados noutros Estados-membros da EU e assim obrigar estes a serem mais rigorosos no registo. (Mesmo assim não poderá impedir a tentativa daqueles que entram em Estados com menos regalias sociais e farão tudo por tudo para irem para regiões mais ricas; por outro lado, refugiados que se encontrem numa fronteira e tenham familiares já reconhecidos num país, segundo a prática do direito atual, têm o direito de entrarem no país).

Depois do ultimato de 15 dias de Seehofer dado a Merkel para encontrar uma solução europeia satisfatória, os representantes da política, até agora seguida pela EU de Bruxelas, encontram-se sob pressão, por terem de considerar os próprios interesses e que no caso são os de Merkel também.
Atendendo aos países que apoiam a política de Seehofer, à chanceler Merkel resta-lhe realizar contratos bilaterais com grupos de países.

O caminho será indicado pela Áustria na sua exigência de se criarem centros de recolha fora da Europa onde os pretendentes a refugiados possam fazer os seus requerimentos ou a EU fazer como fez com a Turquia pagando aos seus países fronteiriços milhares de milhões para conterem os imigrantes. Aqui surge também um problema porque a EU já determinou o seu orçamento até 2021.
Merkel encontra-se em maus lençóis:  por um lado entre a força política de Áustria, Itália e Polónia em relação à política de refugiados e por outro a política económico-financeira que Mácron quer para a EU.

A política de imigração da chanceler Merkel, por muito cristã que se tenha revelado, dividiu a Europa que, para ser inteira, terá de remodelar a EU no sentido de uma Europa Unida das Nações; só assim poderá integrar também a vontade do povo e não renunciar ao cunho cultural que lhe deu maturidade.

Estamos perante um busílis: por um lado a Europa precisa de imigrantes para não envelhecer (devido à própria infertilidade) e por outro perante um futuro comprometido: o problema não está na imigração, pelo contrário, o problema virá do islão que se mostra renitente e imutável, por estar consciente de como funciona e se impõe poder através dos séculos. As ideologias passam, mas as religiões não!

Deveria procurar-se uma solução europeia que seja solução também para o povo! É vergonhosa a maneira como os formadores da opinião pública conduzem a discussão, como se uma solução para a Europa pudesse ser encontrada pelos interesses das elites contra os interesses do povo.
António da Cunha Duarte Justo