terça-feira, 31 de outubro de 2023

DIA DE TODOS OS SANTOS – DIA DE FINADOS – HALLOWEEN

 

 

Colonização americana da Cultura Europeia

 

Cada cultura tem os seus costumes e ritos e seus eventos para expressar as suas alegrias e tristezas, medos e esperanças numa de festejar a vida. Nas sociedades de caracter mais religioso abundam os ritos e eventos de cunho religioso.  A sociedade secularizada em que domina o material e o utilitário imediato, procura substituir os ritos religiosos por eventos paralelos, mas com outro espírito (comércio e consumo) que se impõe cada vez mais devido à colonização cultural dos Estados Unidos e ao materialismo cultural em voga.

A Igreja Católica celebra e homenageia no dia 1 de novembro o dia de Todos os Santos (1) e no dia dois o Dia de Finados em que recorda todas as almas falecidas (2). Os Celtas (Irlandeses) festejavam no Hallowin (= “Véspera do Dia de Todos os Santos”) os ritos da morte.

Hoje, o Halloween – noite das bruxas ou dos fantasmas (3) – serve-se do imaginário humano para transformar o original religioso Dia de Todos os Santos, e de todas as almas em um evento de espírito comercial como oportunidade para gerar lucro.

Não trato aqui de expulsar o diabo do Halloween com o Belzebu das tradições cristãs, mas sim de pensar como os ritos culturais vão sendo transformados no espírito da ideologia predominante e actualmente se encontram em transformação mais ao serviço da economia e do consumo (americanização). A festa é uma expressão humana integral e como tal legítima. Importante é descortinar o que se encontra por trás de cada festa, rito ou costume para nos tornarmos mais conscientes de nós mesmos, do que nos serve e do que nos influencia.

O nome “Halloween” vem do inglês e é uma abreviatura de “All Hallows' Evening”. Traduzido significa: “na noite anterior ao Dia de Todos os Santos”, altura em que, segundo tradições antigas, os espíritos dos mortos visitavam a terra. Na verdade, o Halloween vem da Irlanda (celtas).

Principalmente nos países de influência anglo-saxónica, ao entardecer (31.10) multidões de crianças vestidas com fantasias assustadoras (bruxinhas, fantasmas e monstros) vão de porta em porta dizendo „Doçuras ou Travessuras” (4) . Supõe-se que católicos irlandeses assumiram costumes celtas de se fantasiaram na noite anterior ao Dia de Todos os Santos para se protegerem dos espíritos malignos, que assombravam aquela noite.

A tradição das caras assustadoras das abóboras esvaziadas e iluminadas com velas com a finalidade de afastar os fantasmas terá a sua origem na Irlanda.

Também há referências a Halloween como o início de um novo ano satânico e uma espécie de “aniversário do diabo”.

 

António CD Justo

Notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8818

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

PARALELO ENTRE A POSIÇÃO DE GUTERRES SOBRE O CONFLITO ISRAEL/PALESTINA E A POSIÇÃO DO PAPA SOBRE O CONFLITO UCRÂNIA/RÚSSIA

 

PARALELO ENTRE A POSIÇÃO DE GUTERRES SOBRE O CONFLITO ISRAEL/PALESTINA E A POSIÇÃO DO PAPA SOBRE O CONFLITO UCRÂNIA/RÚSSIA

 

Palestina e Ucrânia Palcos de Interesses de fora

Quando se defrontam os interesses de potências globais, a discussão pública geralmente é polarizada e descontextualizada com intenção de influenciar os públicos. Neste sentido o polo dos não alinhados é diabolizado e o próprio é branqueado. A verdade dos factos é complexa pelo que deveria ser contextualizada, doutro modo a informação passa a viver do pós-verdade. Situação e solução são complicadas e não poupam ninguém.

O discurso de Guterres relativamente a Gaza em que disse: “É importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestino foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante... (1)”, faz lembrar a afirmação do Papa Francisco quando se falava da possibilidade de ele ir a Kiev;  então o Pontífice tomou posição no Corriere della Sera (03.05.2022) dizendo: “Penso que antes de ir a Kiev, tenho de ir a Moscovo”. Referiu que o possível encontro (com Putin) não serviria exactamente para condenar Putin, porque o verdadeiro “escândalo” da guerra de Putin era “o ladrar da NATO às portas da Rússia”, fazendo com que o Kremlin “reagisse erradamente e desencadeasse o conflito” (2). https://antonio-justo.eu/?p=7410

Veja-se em nota o texto completo de António Guterres para se poder fazer um julgamento menos cópia das interpretações do mainstream.

António CD Justo

Notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8812

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

PROTEÇÃO POLICIAL DE INSTITUIÇÕES DE VIDA JUDAICA NA ALEMANHA

Na Alemanha a vida político-social parece fervilhar. Vive-se um clima de insegurança a vários níveis (social, económico e político) e o discurso público chega a ser contraditório.

Em grande parte, devido ao acréscimo de antissemitismo importado, os judeus não se sentem seguros na Alemanha, por outro lado cresce em partes da população ta ideia que não se deve confundir antissemitismo com qualquer crítica à política de Israel e que a atitude tomada pelo governo alemão leva à confusão de uma posição com a outra.

Com o conflito Judeia/Palestina as autoridades estão ainda mais atentas prestando assistência policial onde ocorra vida judaica (sinagogas, jardins infantis, etc.).

Na Alemanha, já há hábito de proteger instituições judaicas. O mesmo confirmam o ministro da Justiça e o ministro do Interior de Hesse, dizendo: “Em Hesse, a presença policial foi assegurada durante anos em frente a todas as instalações onde a vida judaica ocorre”.

A efervescência social contribuirá para um melhor desenvolvimento na Alemanha e na Europa porque obrigará a política a ter de resolver problemas acumulados de que o povo se queixa porque directamente com eles confrontado.

António CD Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8806

domingo, 22 de outubro de 2023

DIREITO INTERNACIONAL NOS CAMINHOS TORTOS DOS POVOS E DA HISTÓRIA

Segundo especialistas, o direito internacional tenta encontrar um equilíbrio entre os interesses militares e humanidade.

Os objectivos militares pressupõem danos colaterais.
É crime de guerra utilizar civis para fins militares (por exemplo, como escudo protetor).
A punição coletiva é ilegítima. Um cerco é legítimo se o objetivo não for matar a população de fome.
Como se pode ver, na guerra a desumanidade é senhora embora com aparências de humanismo.
Churchil que percebia destas coisas e que também não tinha as mãos limpas apesar de liderar a Inglaterra contra a Alemanha nazi dizia: A diferença entre os humanos e os animais é que os últimos nunca permitem que um estúpido lidere a manada!”
António CDJusto
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8802

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

JUDEIA/PALESTINA UMA SITUAÇÃO DRAMÁTICA E POLÉMICA

 Conflito israelo-palestiniano importado para a Europa

O acto terrorista e vil do Hamas de 7.10 no festival em Israel (com 1.400 barbaramente executados, crianças decapitadas e 199 sequestradas para a Faixa de Gaza), vem mostrar a impossibilidade de resolução do conflito na Judeia/palestina. O Hamas encontra-se na linha do daesh/isis.

Simplificando: na Judeia/Palestina decorre uma guerra por procuração onde se encontram representadas duas civilizações em luta: de um lado o islão e o socialismo e do outro Israel e o capitalismo liberal; daí o seu significado mundial geoestratégico e daí o perpetuar-se de uma situação desumana e fatídica. Todo mundo está lá envolvido, atuando pela calada da noite e à margem do povo, sob o manto de uma mixórdia de interesses onde se procura agradar a Deus e ao Diabo. Por outro lado, na discussão do drama da Judeia/Palestina resume-se a manifestações de tendências geralmente tidas como objectivas. O fatal, numa sociedade de tendências (e esta é a única que temos) é que o tendencioso evidencia a tendência que já se tem: afirmando-a ou questionando-a, mas sem efeito, o que no final de contas vem justificar a acção violenta e a razão de interesses desumanos.

Interesses representados em núcleos (potências aliadas a ideologias) expressam-se de maneira especialmente cruel nos conflitos da Judeia/Palestina e na Ucrânia. Os interesses dos EUA (Nato), muçulmanos, russos e chineses são os mais evidentes nos conflitos atuais. Conflitos de interesses hegemónicos não têm resolução militar e menos ainda nos povos de cultura árabe onde política, religião e comércio fazem parte do espírito do povo.

Agora que Israel se mostra decidido a bloquear Gaza, a Arábia Saudita, a Rússia e a China apelam para o cessar-fogo e o fim do bloqueio de Gaza. Por seu lado Israel sabe do inimigo cruel que tem pela frente e dos erros que cometeu no passado contra o povo palestiniano e está certo que, se não desalojar os terroristas de Gaza, o contencioso Israel-Palestina continuará como dantes (e para mais na fase de tentativa de nova ordenação do mundo entre Brics... e G7...). Facto é que o Hamas está a ganhar a guerra ideológica ao conseguir unir o mundo árabe e parte do não árabe em torno de si conseguindo a liderança na abertura dos telejornais mundiais.

Um efeito colateral grave das lutas económico-culturais vem-se acentuando mais e mais depois da segunda guerra mundial. Os interesses político-económicos que abateram a cultura judia em Auschwitz são os mesmos que deram a entrada a 20 milhões de muçulmanos seus figadais inimigos. O conflito israelo-árabe já há muito que chegou à europa especialmente através da emigração muçulmana e cada vez se faz sentir mais nas escolas alemãs e na sociedade em geral. Também a Europa está vocacionada a tornar-se cada vez mais uma zona de conflitos atendendo à sua política de migração, importando de maneira sustentável os conflitos inerentes ao islão (nação islâmica”, Ummah).

No ponto de encontro ou de eclosão de interesses contraditórios torna-se difícil determinar quem está no lugar certo e no lugar errado. Esta incerteza fomenta as certezas de um e do outro lado; estas são, porém, certezas que se excluem e criam escravos de um lado e do outro, como é próprio da lógica do poder. Grupos hegemónicos só conhecem o caminho para a victória final e este é assinalado por intransigência, povo morto e sacrificado.

Há que considerar que onde há escolha há interesse que se quer ver legitimado pela liberdade. A questão permanece, porém, nas certezas que por sua vez pretendem legitimar interesses. O cum quibus da questão é que conjecturas são apresentadas pelos formadores de opinião e media como dados certos.

A defesa de um valor ou direito abstracto não pode servir para justificar a existência da violência concreta. Nem a violência do movimento terrorista do Hamas nem acções terroristas nem acções de retaliação vitimadoras de inocentes dos povos israelita e palestiniano são legítimas. Por outro lado, há que aceitar a história, doutro modo continuaremos num dilema justificador da violência de parte a parte que se resume na opinião pessoal de Benjamin Netanyahu: “Se os árabes depusessem hoje as suas armas não haveria mais violência. Se os judeus depusessem as suas armas não haveria mais Israel”. 

O fatal no meio de tudo isto é viver-se de correlações fora de qualquer causalidade.

A situação de injustiça criada em que estão envolvidas as duas partes não pode justificar o agir delas: nem a violência dos palestinianos nem a política israelita de colonização. Os meios de comunicação social e os políticos comportam-se como têm feito no conflito da Ucrânia: em vez de fornecerem informações factuais e justas, criam informações de campanha militar mais apelativas ao sentimento do que à razão. Só uma atitude que conduza à compreensão das duas partes poderá ajudar a resolver o problema à margem da ocupação e do terror.

A Faixa de Gaza com o Hamas é a ponta de lança do islão e a Liga Árabe tem mais de 360 milhões de cidadãos...

Como têm mostrado as guerras com o islão (Iraque, Líbia, Afeganistão) este não perde. Ele tem uma dinâmica de poder resiliente e de sustentabilidade garantida pela religião/povo.

Em termos de civilização o Alcorão está para os árabes, como a Mensagem bíblica está para os europeus. O Corãoé político e  privilegia os direitos culturais árabes em detrimento dos direitos individuais e o Cristianismo favorece os direitos humanos individuais, de uma maneira geral, o que, no contexto social em que vivemos e em termos políticos o enfraquece. É por isso que o Islão é uma religião sobretudo política e o estado islâmico defende  o derrame de sangue inocente como se prega em muitas mesquitas; segundo os livros sagrados do islão, o muçulmano recebe a sua dignidade através da pertença à religião (Ummah) e não conhece o amor ao próximo nem a ideia de uma humanidade toda ela feita de filhos de Deus (a solidariedade é limitada ao grupo crente); assim,  a vida e o cidadão são concebidos em termos de função institucional  e daí a indiferença perante a vida e o indivíduo. Os radicais matam sem medo nem dores de consciência porque ao fazê-lo servem o islão e são premiados com o paraíso como promete o Corão.

A estratégia e finalidade do Hamas é espalhar o islão e destruir Israel. Apesar dos intrincados interesses geopolíticos na região quem apoia o Hamas apoia o terrorismo de um grupo que não representa o povo palestiniano. O extremismo despreza os próprios membros de religião usando-os como escudo pois tudo o que serve o avanço do islão é legítimo (até a mentira) o que impede a maioria dos muçulmanos de tomar partido ou de se manifestarem. Naturalmente que aqui falo do islão e não dos muçulmanos em geral porque na generalidade são muito mais humanos do que muitas das premissas da sua religião e no seu dia-a-dia têm as mesmas preocupações que todos os outros. O problema vem das mesquitas e de associações que se aproveitam da sociedade europeia aberta para afirmar a sua sociedade fechada (Gueto) e assim, com o tempo, criam problemas étnicos como vimos documentado no processo de fragmentação da antiga Jugoslávia.

Em 629 um exército árabe islâmico tentou invadir a Palestina, mas foi derrotado pelas tropas romanas. O Corão da fase de Meca reconheceu a Palestina como terra dos judeus! Como a Palestina estava então fora da sua esfera de influência, o Corão reconheceu aquela terra aos judeus dizendo na Sura 17: "E dissemos aos Filhos de Israel: 'Habitem a terra!... Tome esta cidade para sua habitação." E uma das últimas suras de Meca (parte do Corão escrito na época pacífica) diz: “E demos ao povo oprimido as partes oriental e ocidental da terra (isto é, toda a terra) como uma herança que abençoamos. E a boa palavra (promessa) do teu Senhor veio a ser transmitida aos filhos de Israel (como recompensa) pela sua paciência." A veneração de Jerusalém pelos muçulmanos é um fenómeno forçado após a fundação do Estado de Israel.

A contradição que se encontra na geopolítica Judeia/Palestina encontra-se, importada nas ruas da Alemanha e nas declarações do governo! Enquanto os políticos na Alemanha fazem declarações políticas afirmando que a defesa de Israel faz parte da razão de Estado alemão, nas ruas é festejado o ataque vil do Hamas contra o festival da juventude e nas escolas aumentam as expressões de ódio contra os judeus. Na Alemanha, as instituições judaicas devem ser protegidas pela polícia. Karl Lagerfeld dizia: “Não podemos matar milhões de judeus e permitir que milhões dos seus piores inimigos entrem no país”. Uma sociedade que pretende ser multicultural desresponsabiliza-se ao não exigir responsabilidade aos imigrantes árabes que se afirmam contra ela.

António CD Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8794

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

DESCONTENTAMENTO COM A POLÍTICA DE ESQUERDA FORTALECE OS CONSERVADORES NA ALEMANHA


Nas Eleições nos Estados da Baviera e do Hesse perderam os Partidos do Arco do Governo

As eleições estaduais da Baviera e do Hesse penalizaram fortemente a coligação do governo alemão tendo sido castigados os partidos do arco governativo (SPD, Verdes e FDP). O governo federal, decepcionado, para não perder mais poder, sentiu-se obrigado, logo a seguir às eleições, a anunciar uma política de refugiados mais restritiva e rigorosa.

A coligação em Berlim tem-se concentrado nas políticas de energia, guerra e migração, negligenciando os problemas da habitação, da educação e da saúde. O primeiro-ministro de Hesse, Boris Rhein, chegou a afirmar que "o governo federal é o pior que já existiu." A dirigente da AfD, que viu o partido subir para 2° lugar no Hesse, disse que “os cidadãos de Hesse e da Baviera deixaram claro que estão fartos da privação de direitos, da desapropriação e de uma política de migração que não pode ser justificada por nada.” De facto, o governo federal, mais centrado em questões ideológicas e alheias aos interesses alemães, não tem mostrado interesse pelas preocupações da população. O povo está cada vez mais atento e castiga soluções políticas fraudulentas.

Nas eleições dos estados federados Baviera e Hesse, realizadas a 8 de outubro de 2023, o centro direita conseguiu impor-se, com vantagem ao centro esquerda.

Resultados eleitorais no estado do Hesse:  CDU 34,6% (+7,6%), Verdes 14,8% (-5,5%), SPD 15,1% (-4,7%), AfD 18,4 (+5,3%) e FDP 5% (-2,5%). Distribuição de assentos no parlamento: CDU 52, verdes 22, SPD 23, AfD 28 e FDP 8 (1).

O Estado Livre da Baviera votou, no mesmo dia, consolidando a tradicional política conservadora. A CSU do primeiro-ministro Markus Söder conseguiu 37 % (-0,2 %); os Eleitores Livres (FW) 15,8 % (+ 4,2 %); a AfD 14,6 % (+4,4%); os Verdes 14,4% (-3,2%); o SPD 8,4 % (-1,3 %). O FDP alcançou 3% não conseguindo ultrapassar a barreira dos 5%. A esquerda obteve apenas 1,5 por cento. A participação eleitoral foi de 73,3 por cento. Distribuição dos assentos no parlamento: a CSU conseguiu 85 (+/-0) assentos no parlamento; os Verdes 32 (-6), os FW (Eleitores Livres) 37 (+10), a AfD 32 (+10) e a SPD 17 (-5). Dá-se assim uma forte consolidação do poder em direção ao centro direita (2).

Em vez de debate honesto na política federal, tem havido conversa ideológica e partidária, o que revela também uma viragem na maneira de fazer política e no discurso político alemão. Não se dá resposta às questões dos cidadãos. Em Portugal é parecido, só que as pessoas são mais pacientes e o discurso de caracter ideológico e partidário é tradicional e a esquerda ainda consegue viver, à vontade, devido ao bónus do 25 de Abril.

A Alemanha não tem controlo sobre quem pode ser aceite no país e os eleitores sabem que onde os Verdes e o SPD têm poder boicotam qualquer medida de maior corresponsabilidade dando a impressão de não se importarem pela falência do seu país no final do seu mandato no governo.

Desde 2015, a migração de “refugiados” ocorre de forma descontrolada na Alemanha e os estados federais têm grandes dificuldades no que toca a escassez de alojamento e a insuficiência de assistência nas escolas e nos jardins infantis. As preocupações da população, que se encontram directamente em contacto com estes e outros problemas, aumentam. É verdade que não haverá apenas uma solução... Os refugiados tornam-se mercadorias de políticas e ideologias e são muitas vezes vistos na população como meio de expansão de uma cultura estranha (principalmente homens jovens em parte sem consideração nem respeito pelos costumes das populações que os aceitam) e parte da população nota que os governantes não têm ideia e apenas apresentam pseudossoluções.

Os actuais actores políticos não resolvem os problemas mais cruciais e procuram os problemas nos outros. A política revela-se arrogante também em relação ao estrangeiro. Para grande deleite dos chineses, sobressaiu a tentativa no Qatar de transmitir entusiasmo pelos gays e lésbicas entre os muçulmanos e pela "política externa feminista" entre os líderes tribais africanos... Também se revelou fracassada a tentativa dos Verdes ( Habeck) de salvar o mundo com uma lei de aquecimento. É chegada a hora de dizer adeus a certezas percebidas ou preconcebidas.

A guerra cultural de esquerda não valeu a pena. O surrealismo pós-factual dominou a campanha eleitoral, como constatou o cientista político Wolfgang Schroeder e a conversa de que um partido (AfD) está colocando em perigo a democracia não é honesta porque não leva a sério o partido nem a realidade e difama os eleitores desse partido (o remédio seria tomar a sério os questionamentos desse partido). A forma de tratar na Alemanha o AfD é semelhante à que se dá em Portugal com o Chega (uma mera estratégia de defesa dos interesses dos partidos do arco do poder embora alegando-se outros motivos!). A concorrência partidária democrática é importante e cada partido representa os interesses de parte da população.  A estratégia de discriminar o AfD tem-se revelado em seu favor porque os governantes em vez de ademocraticamente o combater deveriam corrigir a sua política.

Se a coligação de Scholz não mudar de rumo não chegará ao fim da legislatura.

António CD Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8789

 (1) https://www.hessenschau.de/politik/landtagswahl/ergebnisse/ergebnisse-der-landtagswahl-2023-in-hessen-vorlaeufiges-endergebnis-v14,landtagswahl-ergebnisse-100.html

(2) Fonte:  <https://grafik.br.de/wahlen/landtagswahl-bayern-2023/html/index.html?standalone=seats&widgetHeader=false&customFont=true&resultType=live>