quinta-feira, 29 de abril de 2021

PONTO DE VIRAGEM NAS RELAÇÕES ENTRE EUA E TURQUIA


O presidente declarou o massacre aos armênios como genocídio

 

Joe Biden, presidente dos EUA, classificou oficialmente o massacre otomano aos arménios como genocídio. Na sua tomada de posição, a 24 de abril, o presidente dos USA falou do genocídio e de uma "campanha de extermínio" contra os arménios. Outros países europeus (1) já o tinham feito.

Em resposta, políticos turcos disseram que haverá medidas retaliatórias. Apenas o partido pró-curdo HDP exigiu que a Turquia enfrentasse o seu passado.

Cerca de 1,5 milhões de armênios foram mortos. Muitos arménios foram forçados a fazer marchas da morte no deserto da Síria em 1815. Apenas alguns se salvaram.

Esta atitude do presidente americano em relação à Turquia pode ajudar a trazer a UE à sua razão nas relações com a Turquia. A política de Erdogan hostilizou os interesses do Ocidente e, assim, tem destruído o seu sonho de assumir o papel de grande potência na região. A lira turca continuou a perder valor no mercado. Agora Erdogan teria a oportunidade de recorrer à UE e se comportar bem em relação à Grécia e Chipre.

António da Cunha Duarte Justo

Notas em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6466

 

sábado, 24 de abril de 2021

25 DE ABRIL UM SONHO PERDIDO - UM VIVA AO SONHO DA LIBERDADE E DA JUSTIÇA!

 

ABRIL

 

Meu anjo caído

Sem asas nem flores

Abril sem primavera

Roubaram-te as cores

 

FUTURO

 

Sou o que não tenho

Tenho o que não sou!

 

Quero ver o mundo

Guardá-lo nos olhos

Fora do ritmo da bulha

Ser palco sem basidores

 

Ao pensar no futuro

Já tropeço  no presente

Não importa perder tempo

A acertar o relógio.

 

Em mim a caminho

O destino a decorrer

Só as cores do arco-íris

A anunciar o amanhecer

 

O futuro é um prisma

Por detrás da montanha

No brilho do horizonte

O escuro o ilumina

 

Sou o que não tenho

Tenho o que não sou!

António da Cunha Duarte Justo

In Nas Pegadas da Poesia, Editora Oxalá

 e em Pegadas do Tempo  https://antonio-justo.eu/?p=6456

 

 

BRASIDOS DE ABRIL EM MOLDES DE POESIA

SOU O SER NO ESTAR A ACONTECER

 

Agarrados ao momento, na tentativa de ser o “estar aqui”, o ser (existência) absorve-nos no seu eterno retorno, num esforço de mudar o que somos.

 

25 DE ABRIL

Sou o estar aqui do desejo

Aquele anseio de querer ser

O ser daquilo que não é tempo.

Sou o rio da liberdade a correr

Em margens feitas de espaço e tempo.

Vou na sombra da liberdade

A pousar na cor de um cravo

De um cravo que não é cor!

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Espírito, http://poesiajusto.blogspot.com/

sábado, 17 de abril de 2021

A RESPEITO DA PRECOCIDADE DE EVA E DO SEGUINTE POSTER

 

 “Ele comeu mais uma mulher”

 

 

Uma certa masculinidade exacerbada costuma usar a expressão “comer” também para indicar o coito com uma mulher!

Independentemente de um homem comer uma mulher ou de uma mulher engolir um homem, para não considerar essa expressão de mau gosto, posso vê-la relacionada com as recordações inconscientes das práticas comuns aos  animais que sentiriam um certo prazer-ternura ao mastigar a presa!!! Certamente um carinho que terá levado o homo sapiens a não ter apenas uma dedicação carnal!

Se Adão tivesse “comido” a Eva antes de Eva o ter acordado para a razão (capacidade de diferenciar) ainda hoje continuaríamos no paraíso terreal dos animais! O grande mérito de Eva (a mulher)  em relação a Adão (homem) é tê-lo arrastado do ciclo instintivo meramente automático animal, passando os dois a viver na tensão que mantem mulher e homem em relação de complementaridade!

Esta tensão (cumulada no orgasmo) e o desejo de superação da morte são os grandes factores de desenvolvimento humano!

O apetite sexual mais latente no homem também se revela na expressão “comer uma mulher com os olhos!  Talvez seja este o rito inicial para a conquista da pessoa! Isto, porém, não legitima ninguém a considerar a mulher como objecto de colecção!

O instinto sexual engloba mais que o mero instinto de posse ou de redução da mulher a um objecto!

Independentemente da gíria usada, é significativa a relação do consumar (consumação) no casamento sem termos de ser necessariamente canibais! Seguindo a lógica implicada no “comer” teríamos aqui o alimento consumado na união, no matrimónio, comendo-se um ao outro!

Fundamental nas relações sexuais é a atitude de respeito, amor e  de pertença recíproca onde desejos e necessidades se complementam mutuamente!

Que principalmente as mulheres se insurjam contra o uso de tal expressão é legítimo e mais que natural, atendendo à conatação machista que contem!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6439

sábado, 10 de abril de 2021

JUSTIÇA A SER MAIS LENHA NA FOGUEIRA DA DEMOCRACIA



Mais um murro nos olhos dos portugueses! O juiz de instrução Ivo Rosa destruiu quase por completo 4 anos de investigação do Ministério Público e pelo caminho, também o trabalho feito pelo seu colega de tribunal Carlos Alexandre, que foi o magistrado que ao longo desses anos foi validando e promovendo buscas, escutas e outras diligências. Dos 28 arguidos sobraram 5 para ir a julgamento, 188 crimes foram reduzidos a 17!

O problema não é sequer do juiz Ivo, o problema é da Justiça Portuguesa e do comércio de influências. O Juiz Ivo Rosa será apenas o Iceberg da Justiça portuguesa. Os poderosos apoderarmam-se do Estado e da democracia. A corrupção tornou-se legal.

Muitos ainda vivem na ilusão de esperarem justiça da Justiça. Eles gozam cinicamente com o povo. É a lei do safe-se e dos acomodados a algum grupo influente! Temos sistema, faltam-nos Homens! O problema é do sistema e de uma Justiça em grande parte de influências e a falta de Cidadãos em Portugal! Os corruptos sabem que ganham porque embora alguns milhares barafustem, aqueles estão seguros que milhões os elegem.

A vassalagem e o comércio de influências continua, como na Idade Média, só que hoje são descardos por serem legitimados pelo nosso sistema democrático. O problema não é Ivo, o problema é a Justiça portuguesa e a troca de influências entre grupos de interesses fortes. O juiz Ivo é ileso, ele é um filho do sistema e ao serviço do sistema. O problema é a Justiça Portuguesa e o tipo de sistema democrático que a acompanha e legitima. A Política orienta-se pela ética de interesses! O resto é música de acompanhamento. Quem vai no cortejo não nota!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

https://antonio-justo.eu/?p=6421

quarta-feira, 7 de abril de 2021

MORREU HANS KÜNG - UM CRÍTICO CONTROVERSO NA IGREJA CATÓLICA

O teólogo Hans Küng morreu hoje com 93 anos em Tübingen. Ele tinha opiniões fortes e ao mesmo tempo foi um dos mais importantes lutadores pelo entendimento entre as religiões. Segundo ele, sem a paz entre as religiões não haverá paz no mundo. Nesse sentido empenhou-se muito com o seu conceito do  ethos global.

Tematicamente lutou muito em defesa de uma Igreja empenhada nas suas raízes e na modernidade: queria uma Igreja voltada para a reforma. Ele desejava "mais Jesus e menos Papa”.

Junto com Ratzinger, Küng foi nomeado conselheiro do Concílio Vaticano II 1962-1965 e, mais tarde, tornar-se-ia num oponente forte do Papa João Paulo II e de Bento XVI; ele era contra o centralismo de Roma.

Como relata a HNA, há um episódio dos anos 60 que até hoje se conta em Tübingen: "Küng e Razinger eram colegas como docentes  da universidade católica de Tübingen. Mas, enquanto Ratzinger vinha silenciosamente para a universidade de bicicleta, Küng vinha com o seu ruidoso Alfa Romeo. Enquanto Ratzinger fazia carreira em Roma, Küng tornar-se-ia o seu crítico mais ruidoso. "

Sobre a sua ética escrevi o artigo: UMA ÉTICA MUNDIAL PARA A CULTURA DA PAZ – Mudança do paradigma institucional para o individual” que pode ser consultado em https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/uma-etica-mundial-para-a-cultura-da-paz ; Sobre a Eutanásia Hans Küng tinha uma posição própria; sobre a sua opinião escrevi o artigo A EUTANÁSIA E A MORTE ORGANIZADA em https://antonio-justo.eu/?p=3112

A Küng liga-me o seu empenho pela aplicação do Vaticano II e a Bento XV a profundidade da sua teologia cristã: num compreendi o significado da modernidade e noutro o significado e importância da tradição.

Com Hans Küng cheguei a ter uma correspondência nos finais dos anos 70, tendo-me ele apoiado e oferecido alguns livros seus em português.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6417

domingo, 4 de abril de 2021

PÁSCOA EM 2021

Esta é a segunda Páscoa confinada, com limitações e com inconvenientes fundamentais.

Vive-se prolongadamente a História da Paixão, na experiência da vida ameaçada e na espera de uma luz que se atrasa ou parece não querer chegar. A Páscoa traz uma dose de confiança como o Sol no amanhecer depois de uma noite talvez de insónias.

A falta de relacionamento com as pessoas e com a natureza leva à falta da ressonância do coração e do calor humano característico desta época, que muitas vezes se expressava no adro da vida na experiência especial do “Boas Festas Aleluia”!

É verdade que, com esta e com outras epidemias, surgem novos hábitos, mas a bênção divina continuará.

Páscoa é vida na Esperança, é a vitória da vida sobre a morte, sobre o transitório, é a vitória da luz sobre as trevas.

A ressurreição não é a continuação da vida anterior, mas uma transformação e mudança radical.

A Bíblia expressa essa experiência em imagens.

Temos a imagem do grão de trigo, da lagarta que se transforma em borboleta, temos a imagem das estações do ano, da alta e a baixa pressão atmosférica e psicológica que circunscrevem a vida e o clima.

Isto enquadra-se nas imagens que Paulo usava quando falava aos Coríntios constatando:

“Mas alguém pode perguntar: "Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo virão? "

“Insensato! O que você semeia não nasce a não ser que morra.

Quando você semeia, não semeia o corpo que virá a ser, mas apenas uma simples semente, como de trigo ou de alguma outra coisa.

Mas Deus lhe dá um corpo, como determinou, e a cada espécie de semente dá seu corpo apropriado.

Nem toda carne é a mesma: os homens têm uma espécie de carne, os animais têm outra, as aves outra, e os peixes outra.

Há corpos celestes e há também corpos terrestres; mas o esplendor dos corpos celestes é um, e o dos corpos terrestres é outro.

Um é o esplendor do sol, outro o da lua, e outro o das estrelas; e as estrelas diferem em esplendor umas das outras.

Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e ressuscita imperecível;

é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder;

é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.” (1 Coríntios 15:35-44)

Valerá a pena ousar a esperança na Ressurreição ou, pelo menos, no milagre da mutação na natureza, uns e outros juntos, numa caminhada comum, mesmo que esta pareça demasiado curta.

Desejo para todos nós a energia da esperança e da confiança.

 

Boas Festas para todos, Aleluia!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6412