terça-feira, 29 de janeiro de 2019

CONVERSAÇÕES ENTRE A UNIÃO EUROPEIA E O REINO UNIDO: UM AMONTOADO DE ESTILHAÇOS


Consequência lógica: Passar da EU dos Tecnocratas para a EU das Nações

António Justo
Londres pretende renegociação do acordo. O acordo não pode ser renegociado porque a EU já deu a sua última palavra e Teresa May apresentou o plano B igual ao plano A. Mesmo um adiamento do Brexit não traria vantagens nenhumas. Continuariam todos a orinar no rio!

No meio de tanto cinismo e do jogo das escondidas dos políticos ingleses com o povo britânico e perante uma uma atitude orgulhosa da EU que não prestou atenção às anteriores ameaças do RU caso a EU não mudasse algumas políticas que se queriam mais respeitadoras de interesses nacionais, colocou os dois parceiros em situação inviável de uma parte e da outra.

A consequência terá de ser um Brexit irregulado: uma catástrofe para todos os lados. O RU passará a ficar totalmente dependente dos USA e a EU passará a ter pouca relevância no palco internacional por lhe faltar o peso do RU. 

O único aspecto positivo para a EU, depois deste amontoado de estilhaços, poderia ser o de ter de passar de uma EU dos tecnocratas para uma EU das nações.
António da Cunha Duarte Justo

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

ATENTADO TERRORISTA NAS FILIPINAS AO SERVIÇO DA “TERRA DO ISLÃO” (Dar al-islam)


Difamação das religiões em geral para se branquear o Islão

António Justo

Nas Filipinas, num atentado contra católicos que se encontravam numa Igreja (27.01.2019), foram mortas, pelo menos, 20 pessoas e mais de 110 foram feridas.

Dado a percentagem de muçulmanos já ser grande na região, estes reivindicavam a autonomia na província de Sulu. Os resultados do referendo foram negativos e, como reacção, a milícia jihadista muçulmana vingou-se efectuando o atentado.

O objectivo do jihadismo é espalhar o medo e destruir, ao serviço do Islão.

O pensamento politicamente correcto não quer que se fale de "jihadismo islâmico," mas que se designe apenas de "terroristas que utilizam a religião para as suas actividades". O Zeitgeist para encobrir a estratégia islâmica e não ter de a coagir a reinterpretar o islão, no sentido de fomentar uma religião pacifica, prefere, por isso, branquear o islão à custa da difamação geral das religiões (toda a religião deve ser indiferenciadamente metida no sector da agressão e colocada sob difamação geral como se o terrorismo (jihadismo) não tivesse fundamento no islão e não acontecesse ao serviço e em  nome do corão e da Sunnah.

Esta é uma forma de enganar a opinião pública como se o jihadismo violento não fizesse parte da estratégica de afirmação islâmica ao longo de toda a história e não fosse motivação para combater o estranho considerado infiel. Para o não ser teriam de reinterpretar muitas prescrições do Corão e da Sunnah.

Na tradição islâmica jihad significa literalmente "esforço" e esta distingue entre o pequeno e o grande Jihad. O “grande jihad” é pacífico e corresponde ao esforço do crente para encontrar o comportamento religioso e moral correcto perante Deus e os crentes e o” pequeno jihad” é visto como “guerra santa” e como "obrigação da fé" para a expansão do domínio islâmico.
O islão não parte da base da pessoa humana com direitos inalienáveis de caracter universal. Ele distingue a humanidade entre pessoas muçulmanas crentes e as de fora, não crentes, criando assim uma fronteira entre pessoas; por outro lado, os peritos judiciais muçulmanos dividem as culturas mundiais entre a Terra do Islão (Dar al-islam) que são as regiões sob domínio muçulmano e a Terra da Guerra (Dar al-harb), ou Terra da descrença (Dar al-kufr), que é a terra destinada a ser subjugada ao domínio islâmico onde os não muçulmanos terão de se converter ao islão para fazerem parte da nação muçulmana (Ummah)!


Especialmente os muçulmanos salafistas são muito activos no fomento do “pequeno Jihad” recrutando milicianos para o IS e fomentando a “guerra santa”. Disto ninguém fala nem deve falar porque quem mais apoia o salafismo são os países da arábia Saudita e vizinhos que fornecem muito petróleo para a Europa e compram muitas armas e investem muito petrodólar em grandes firmas europeias! Nestes assuntos, como no das finanças, até parece ser melhor não saber verdadeiramente o que se encontra por trás das coisas; o saber faria doer e a hipocrisia deixaria de ser uma oportunidade!

A estratégia da difamação das religiões em geral com o fim de branquear o Islão não passa de um subterfúgio camuflado que se usa do islão como meio para atingir um fim que é o fomento do culto do “politicamente correcto” e assim melhor preparar o cidadão para a servidão.


© António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=5263

sábado, 26 de janeiro de 2019

PELO TRATADO DE AIX LA CHAPELLE A ALEMANHA E A FRANÇA UNEM-SE


Que Futuro para a União Europeia?
António Justo
A nova Situação da União Europeia
Pelo tratado de Aix la Chapelle, a Alemanha e a França fortalecem a união, em tempos de Brexit e de nacionalismos (1). Com o divórcio do RU, a Alemanha e a França unem-se, atempadamente, para que a razão económica liberal continue a ser o credo e a União Europeia não vacile.  De futuro, nada funcionará na Europa sem o casal Paris-Berlim (Coração-razão!); é, certamente, também uma tentativa para prolongar a paz na Europa, a longo prazo…
O Tratado de União Franco-alemão
O Tratado de Aachen - Aix la Chapelle, de 22 de Janeiro de 2019 tem sete capítulos e 28 artigos. Nas pegadas de Carlos Magno (pai da Europa), Merkel e Macron assinaram um tratado  (aqui  (1) em francês) que marcará a Europa do futuro.
56 anos depois de, Charles de Gaulle e Konrad Adenauer terem assinado o Tratado de Eliseu, a Alemanha e a França, num momento de grande crise europeia, selaram um novo pacto de amizade, na histórica sala de coroação da Câmara Municipal de Aachen.
Este tratado tem grande importância para toda a Europa pelos aspectos colaterais que provocarão na determinação do destino da Europa. A intenção parece boa; talvez, a partir do centro da Europa, fomentar uma potência da paz, em que se junte o “saber viver” com o “saber fazer”.
Declarações do Tratado
A Alemanha e a França querem, no dizer de Merkel, “de mãos dadas, enfrentar os grandes desafios do nosso tempo".
Comprometem-se, em política europeia, a fazer reuniões regulares de consultações para tentarem elaborar pontos comuns antes de grandes encontros europeus. Ambas as partes se aproximam nas suas políticas de segurança e de defesa; e no caso de um ataque armado à sua soberania, apoiam-se reciprocamente, militarmente. Intensivam a cooperação na luta contra o terrorismo e contra a criminalidade organizada, bem como nos sectores da justiça, informação e polícia. Os dois países colocam como prioridade da diplomacia franco-alemã a entrada da Alemanha como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Comprometem-se ao fomento do idioma do parceiro nos respectivos países, além da integração e criação de cursos integrados de estudo dual franco-alemão. Também devem ser eliminados os obstáculos aos projectos transfronteiriços "especialmente nos domínios da economia, dos assuntos sociais, do ambiente, da saúde, da energia e dos transportes". Querem também fomentar a colaboração na política ambiental, a Convenção de Paris 2015 sobre as Alterações Climáticas e a Agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável. Na economia propõem-se criar um espaço franco-alemão com regras comuns com harmonização do direito comercial e coordenação das exportações de armas. Ambos os Estados criam um "Conselho franco-alemão de peritos económicos" com 10 peritos independentes (à semelhança do que já existe na Alemanha). Desejam também implementar programas conjuntos de investigação e inovação.
Os partidos dos extremos mostram-se céticos nos dois países. O fatco de o Tratado de Aix-la-Chapelle prever uma cooperação mais estreita nas políticas europeias económicas e de defesa entre a Alemanha e a França faz surgir vários receios que acordam os fantasmas Hitler e Napoleão.
Segundo Der Spiegel, o antigo chefe de Estado checo Václav Klaus acusa de se tratar de um "tratado secreto sobre a fusão de facto da França e da Alemanha". Segundo ele é de recear que surja um "projecto de integração paralela" com a UE, um novo "superestado".  
O "primeiro o meu país" não quer significar "o meu país sozinho"! A palavra chave parece ser: cooperação entre Estados importantes e amizade entre os povos!
Há naturalmente muitos trabalhos de casa para resolver! Monsieur Macron tem um problema: a França tem o dobro da dívida (pública) da Alemanha, tem uma economia que fica atrás da Alemanha em termos de concorrência e o desemprego é elevado, quando na Alemanha não há propriamente desemprego. Além disso, a França está muito menos preparada do que a Alemanha para realizar verdadeiras reformas. Mas Macron pensa, por isso mesmo, poder exigir da Alemanha a cedência na criação de obrigações em euros, um Ministério das Finanças da EU e introduzir uma união bancária europeia; disto se aproveitaria a França e todos os membros do Sul. A França tem para oferecer o escudo protector da Bomba atómica e apoiar a Alemanha para que entre no Conselho Permanente de Segurança da ONU.
Uma pergunta relativa à Península Ibérica: basta à Espanha e a Portugal irem à boleia da EU? Será assunto para um próximo artigo.
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=5256

(1)   Com a saída do RU da EU, muda-se o cenário das forças determinantes da EU. Antes a Alemanha e o RU apoiavam-se mutuamente como bloco de política económica de interesses comuns na EU. O agrupamento de interesses por países será mais difícil.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

O REINO UNIDO NÃO TEM DE PERTENCER À UNIÃO EUROPEIA

Em Jogo a Ideia de grande Nação e Império

António Justo
A situação
No Reino Unido os nacionalistas pretendem um Brexit desordenado, porque se prometem preservar a soberania nacional e vantagens económicas (também valorizar e desvalorizar a Libra Esterlina em relação ao Euro). Os moderados querem um divórcio regulado, mas sem que o Reino Unido e a Irlanda do Norte fiquem permanentemente dependentes da União Aduaneira com a EU. Por seu lado a EU espera que se realize um segundo referendo. A Irlanda tem medo de perder a vantagem da sua economia e da segurança da ilha e, por isso, insiste numa fronteira aberta com a Irlanda do Norte. A possibilidade de guerra (atentados, a nova IRA) na Irlanda do Norte revela-se como um trunfo para a EU.

O conflito da Irlanda do Norte (província do RU) só poderá ser resolvido com a permanência do RU na EU ou com a criação de uma União Aduaneira entre EU e RU.

Razões de Estado por parte do RU
Na crise entre a União Europeia e o Reino Unido há que considerar não só razões de Estado inglês, como também a consciência nacional dos bretões. A ideia de império continua na Commonwealth que economicamente pode contar com 53 países. O RU tem conseguido estar presente no mundo sem sair dele.

Para se perceber um pouco da tanta hesitação e medo por parte do RU em delegar competências nacionais a Bruxelas, seria bom ter-se em conta o que Winston Churchill escreveu em 1950: "O Reino Unido pertence à Europa, mas não faz parte dela". 

Um outro aspecto tem a ver com a unificação da Alemanha e com a criação da zona Euro. Margret Thacher opôs-se totalmente à reunificação da Alemanha, mas teve de aceitar a vontade do Presidente dos EUA, Georg H. W. Bush. O Presidente francês Mitterrand temia que a reunificação da Alemanha perturbasse o processo de unidade europeia e, queria em contrapartida o euro como um mínimo de segurança em relação ao poder acrescentado do vizinho, com o que  o chanceler Kohl concordou, embora considerasse o euro como economicamente negativo para a Alemanha; por outro lado o RU manteve a sua independência em relação à moeda mas sentia-se incomodado com a ingerência política de Bruxelas em relação à imigração e à assistência social à mesma.  (Estes aspectos podem ter-se em conta, para melhor compreender o pacto de amizade agora realizado entre a França e a Alemanha!)

O RU é uma nação grande e orgulhosa e, por isso, quer sair da EU, para não se sentir vassala de Bruxelas. Por outro lado, uma Alemanha amarrada à EU não tem outra hipótese senão expandir-se, expandindo a Europa; talvez isto leve os Bretões a realizar um novo referendo.

No meio de tanta crise na EU torna-se incompreensível que os tecnocratas de Bruxelas não pensem numa europa das nações com certos sectores (militares e de política externa) comuns; ou, em vez de lutar contra a maré popular, fazer algo mais em defesa da cultura e do povo e deste modo estabelecer algum compromisso entre regentes e governados; não é lógico que se estabeleçam compromissos só entre os altos parceiros da governação, nem que lóbis e ONGs se aproveitem da EU para desestabilizar a cultura e os Estados europeus.

No caso do Brexit se realizar, principalmente empresas com negócios no RU e na EU já pensam em reorganizar-se para não sofrerem o desgaste da meda Libra em relação ao Euro. Para alguns proprietários de empresas (e não só) que fiquem no Reino Unido talvez não seja má ideia de adquirirem a nacionalidade britânica. 

A título de curiosidade
 O RU, foi um império que Portugal ajudou substancialmente a crescer através  do dote que a princesa Catarina de Bragança levou para se casar com Carlos II; naturalmente Portugal, com a politica de casamento, assegurava o apoio do velho aliado contra as aspirações filipinas na guerra da restauração. A Inglaterra recebeu, como dote do casamento, a praça de Tânger, na África, e o porto da Ilha de Bombaim, na Índia, além de imensas joias e tesouros.
António da Cunha Duarte Justo