domingo, 27 de dezembro de 2020

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA A LEMBRAR O PROTÓTIPO DA VIDA

O Futuro e o Passado no Presente a acontecer

 

Festa da Sagrada Família é uma comemoração de caracter modelar que tem muito a dizer tanto a crentes como a não crentes..

 

A relação mãe-pai-filhos está sinalizada na relação Jesus-Maria-José. O ponto da Relação é fidelidade; a fidelidade do ser pai-mãe que gera o filho que se perpetualizam no amor (uma verdadeira terceira individualidade que dá sustentalidade aos dois!). Na Sagrada Família temos a dita de ver num só lugar o espelho, a dinâmica de toda a realidade, a Realidade humano-divina; isto é, de  poder ver a parte e o todo (relação trinitária), numa só imagem que expressa o abraço de toda a realidade material e espiritual.

 

Para lá da obediência está a correspondência equilibrada. Na sagrada família espelha-se a terra e o céu, matéria e espírito, numa realidade processo que se podia expressar na imagem de ventre que tudo gera e encerra.

 

A família é ao mesmo tempo a fórmula concretizada da relação expressa no mistério da santissima trindade (a verdadeira Fórmula de toda a realidade), a Relação de toda a relação. A força que tudo sustenta é o amor, a bondade, a dedicação que tudo eleva.

 

Em Jesus cristo, expressa-se, a nível terreno,  a concretização e perene realização da relação trinitária que supera toda a dualidade, o fenomenologicamente contraditório.

 

Tudo em processo, em processo há caminho há meta a atingir, há o caminhar histórico que no sentido sagrado se submete às normas próprias de cada tempo e de cada sociedade, tal como Maria e José se submeteram à ordem de recenseamento dada pelo imperador Augusto. (A nossa caminhada e de toda a criação encontra-se em processo de realização já concretizada no tempo em Jesus Cristo, o protótipo de tudo e todos).

 

Assim a terra e a humanidade toram-se no presépio, na gruta, onde se alberga a espiritualidade, o amor divino sempre presente como verdadeiro sustentáculo de todo o ser (recorde-se a fórmula-mistério trinitário). A matéria, aquilo que muitas vezes é superficialmente desprezada é ao mesmo tempo lugar e acontecer.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

In Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6306 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

BOAS FESTAS DE NATAL 2020

A história de Jesus, Maria e José assemelha-se à situação extrema em que nos encontramos: muitos obstáculos para onde quer que se olhe. Maria, Jesus e José resumem a história da humanidade e as histórias de cada um de nós.

 

Imagine-se a situação de Maria numa pequena aldeia, ainda muito jovem e já grávida; o noivo José a acompanhá-la; a longa caminhada para Belém para se registarem e que ficava a mais de 160 km; a procura de alojamento e a recusa a quem é pobre e necessitado e o nascimento em condições adversas e estranhas numa gruta de animais.

 

Os pastores pobres são os primeiros a ouvir a boa nova do nascimento de Jesus. ( Bem-aventurados os pobres de espírito (os não orgulhosos), porque deles é o reino dos céus” Mateus 5:1-3.)  Eles são os trabalhadores de hoje em condições precárias de emprego; são os refugiados de uma sociedade que os não quer; são as pessoas com amarguras psicológicas por não encontrarem guarida no coração de quem esperam.

 

Na realidade cristã, a história da vinda de Deus é especialmente para aqueles que não estão bem: os humildes, aqueles que têm de recordar sozinhos, aqueles que de boa vontade esperam por uma chance que não lhes é dada, aqueles que têm medo do seu futuro.

 

O stress também faz parte do Natal; Jesus não veio nascer num mundo perfeito nem no mundo dos ricos de bens materiais nem nos de espírito autossuficiente!

 

Não há que ter medo de um Natal com tensões emocionais nem recear o ambiente natalício devido a uma afectividade que se desconhece. Deus torna-se humano para satisfazer as pessoas nas suas necessidades. Ele é o lugar do encontro, o lugar da relação e do encontro com e nas pessoas. Deus não quer conhecer ideias ou imaginações, mas sim as pessoas de qualquer lado e aceitá-las como elas são.

 

Jesus só precisa da abertura do coração para uma pequena manjedoura onde a relação possa acontecer.

 

Jesus não está à procura de um mundo perfeito, de um mundo ideal porque o mundo dos ideais é aquele que frequentemente nos divide.

 

A luzência ofuscante da crise pode torna-nos cegos para um horizonte cheio de maravilhas que nos podem esperar se não nos colocarmos entre Deus e as pessoas, se não nos colocarmos entre nós e as imagens que, por vezes, fazemos do próximo.

 

É Natal e o presépio encontra-se em cada um de nós! Nele pode surgir o Reino de Deus; Nele jesus quer nascer! Natal é relação universal,  paz e amor a acontecer!

 

A  fé e a esperança já brilham na estrela natalícia.

 

Boas Festas   

 

António da Cunha Duarte Justo

 

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6303

domingo, 13 de dezembro de 2020

O IMIGRANTE ASSASSINADO NOS SERVIÇOS DE ESTRANGEIROS

Coisa inaudita! Em Março, no aeroporto de Lisboa, o imigrante ucraniano Ihor Homeniuk foi assassinado por três agentes da repartição nacional do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), que se encontram actualmente em prisão domiciliária.

 

Só agora o governo decidiu indemnizar a família do ucraniano. Só passados nove meses é despedida Cristina Gatões Batista, directora do SEF ! Tal mora revela uma certa conivência por parte do Ministro da Administração Interna. O ministro não se demitiu nem foi exonerado.

 

O sistema do conluio nos nossos ministérios e a falta de responsabilidade da presidência preferem que Portugal faça internacionalmente má figura do que instituir um exemplo de intolerância da violência nas repartições do Estado português.

 

Num país de menor cumplicidade política, o ministro ter-se-ia demitido de imediato ou sido exonerado. O PM diz que “mantém total confiança no ministro Eduardo Cabrita!” Esta declaração de caracter meramente político, não é suficiente;  pelo contrário, revela-se cínica se se pretender restabelecer a confiança na instiruição portuguesa e seus órgãos responsáveis.

 

Um assunto desta gravidade deveria pressupor o assumir de responsabilidades capazes de salvaguardar o rosto de Portugal!

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,  https://antonio-justo.eu/?p=6296

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

EDUCAÇÃO PARA UM PROLETARIADO GLOBALIZADO


Os novos Deuses castigam quem seja solidário com a Humanidade (1)

António Justo

Um povo que pensa serve o bem comum, mas torna-se numa ameaça para a classe dominante. Por isso é de todo interesse desta (especialmente da classe política) que o povo frequente muitos anos a escola, mas sem aprender a pensar nem a discutir o que se encontra por trás da chamada liberdade e livre arbítrio.

Em questões do saber Olímpico, Prometeu é castigado pelos deuses do Olimpo sempre que tente levar o saber dos deuses ao povo!

A lição do velho mito é: o saber quer-se só nas mãos de poucos oligarcas conscientes de que saber não só faria doer como também se tornaria perigoso para quem desgoverna!!!...

Esta premissa que já vem dos Gregos, em tempos de globalismo, tornou-se mais que certa! Sim, porque se nas calendas gregas ainda havia uma sociedade média pensante com muitas figuras Prometeu no seu meio, hoje assistimos a uma sociedade em que a classe média se encontra em processo de transformação no sentido dependente-proletário.

Quanto ao processo educativo e informativo a que estamos votados recomendo a leitura do texto em nota (1) que é muito atual, embora falhe um pouco no que toca às “tias de Cascais”! O texto sobre educação, de Desidério Murcho, aponta no sentido do que o povo português deveria saber: aprender a pensar para abandonar o estado da “Bela Adormecida”. 

A nível político-social quer-se um saber descritivo (feito de factos alternativos que embalem o sentimento) e não analítico! A interpretação serviçal é que vale; a competência complicaria.

Antigamente o aluno aprendia, na escola, a tirar a prova dos nove para saber se os cálculos das contas que fazia estavam certos ou errados. Hoje não aprende isso porque a prova dos nove foi substituída, democraticamente, pela opinião!

Tem uma vantagem: o aluno cidadão (3), ao ficar no estado de indecisão, qualifica-se para andar de cócoras!!!

António da Cunha Duarte Justo

Notas em “Pegadas do Tempo” , https://antonio-justo.eu/?p=6284

(1)                Prometeu foi um Titã defensor da humanidade, responsável por roubar o fogo dos Deuses e dá-lo aos mortais. O pai dos deuses, Zeus, que temia que com isso os mortais ficassem tão poderosos como os próprios deuses, puniu Prometeu por esse crime, deixando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade enquanto uma grande águia comia todo dia seu fígado — que se regenerava no dia seguinte. Por vezes tem-se a impressão que, hoje como ontem em sociedade,  o povo é esse Prometeu em que as águias (os grandes) se alimentam do seu fígado! 

(2)                "A tia do eduquês", de Desidério Murcho - Sobre a filosofia nas escolas: https://dererummundi.blogspot.com/2007/07/tia-do-eduqus.html

(3)                Nova Cidadania: https://antonio-justo.eu/?p=6238 

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL INDEPENDENTE - FERIADO 1° DE DEZEMBRO

O golpe de estado revolucionário ocorrido a 1 de dezembro de 1640 deu-se no sentido dos interesses de Portugal sendo proclamada nesse dia (contra a União Ibérica 1580-1640) a independência de Portugal como país soberano!

 

 O 1 de dezembro é o feriado civil mais antigo de Portugal.

 

Então, partes do clero e da nobreza conspiraram e proclamaram D. João, Duque de Bragança como rei de Portugal.

Terminavam-se assim 60 anos do domínio espanhol filipino que foi fatal para a economia e para a política ultramarina portuguesa.

Em Portugal manteve-se o movimento iberista que encontra adeptos em forças de economia liberalistas e em defensores do internacionalismo ideológico.

É natural que a ideia de independência nacional mude com o tempo ao gosto das elites que dependem, por suas vezes, hoje mais do que nunca das elites universais. Daqui surge um perigo: o que determina o pulsar da nação são interesses por vezes alheios ao todo; seria de recordar que só seremos presentes no mundo enquanto mantivermos uma identidade própria. A importância de Portugal exige uma certa distância de tudo o que é enxurrada económica ou ideológica.

Também não é próprio um “orgulho” nacional que se perde em pormenores. Não é desejável uma sociedade virada sobretudo para o passado, mas também não é de aspirar um país vira-casacas.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6278

O TRIBUNAL EUROPEU (TEDH) DÁ ANDAMENTO À QUEIXA “ACÇÃO CLIMÁTICA” DAS CRIANÇAS PORTUGUESAS


No rescaldo de Pedrogão Grande onde o Fogo matou 110 Pessoas

 

Seis jovens portugueses de Leiria e Lisboa, motivados pelos devastadores incêndios florestais em Portugal em 2017, que mataram 110 pessoas, conseguiram ter o primeiro sucesso, conseguindo ultrapassar um obstáculo importante (dos tribunais nacionais)  com uma acção climática queixa contra a Alemanha e 32 outros países no Tribunal dos Direitos do Homem.

Acusados são os Estados da UE, assim como a Noruega, Rússia, Grã-Bretanha, Turquia, Suíça e Ucrânia, por terem agravado a crise climática, pondo assim em perigo o futuro da sua geração.

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH tem 47 países membros), com sede em Estrasburgo, decidiu continuar a acção aí arquivada no início de Setembro.

Com a ajuda da organização não governamental Global Legal Action Network (GLAN), os vários países são acusados de terem agravado a crise climática. O objectivo da queixa é levar infractores do clima a fixarem as suas metas nacionais mais elevadas e a reduzirem as emissões causadas por eles e pelas suas empresas internacionalmente activas em todo o mundo.

O queixoso mais novo tem apenas oito anos, o mais velho 21 anos de idade. André (12 anos) diria a Angela Merkel: "Agradecia-lhe todo o seu trabalho e esforço - mas também lhe dizia que não está a ser feito o suficiente e que estamos a ficar sem tempo"(1).

O TEDH quer  dar prioridade à queixa, devido à importância e urgência das questões levantadas. Os países em questão têm um prazo até ao final de Fevereiro para comentar as alegações.

Excepcionalmente o TEDH aceitou a queixa directa devido à quase impossibilidade de se poder fazer passar a queixa primeiramente nos 33 países acusados.

António da Cunha Duarte Justo

Notas em Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=6276