Falta de uma Disciplina escolar sobre Mídia
António Justo
Facebook, no seu 10° Aniversário,
tornou-se, para 1,23 bilhões de utilizadores, numa rede necessária e importante
para a modelação de contactos e comunicação. Observa-se a tendência dos
utilizadores para tornar público o que, por vezes, pertenceria à esfera
privada.
Os proprietários do Facebook vivem
do negócio da propaganda e também da ignorância de utilizadores relativamente
às condições de utilização. O Facebook organiza perfis sobre inclinações,
necessidades e gostos de cada um dos seus utilizadores, transmitindo, depois,
dados específicos de interesse para as firmas que recorrem à propaganda personalizada
para venda dos seus produtos.
Google e Facebook encontram-se à
frente de qualquer outros provedores das redes digitais devido à quantidade
imensa dos seus utilizadores que, por isso mesmo, já as torna atractivas. Facebook
afirmou-se perante os concorrentes AOL e Yahoo com uma volume de negócios diário
de 7,9 bilhões de dólares em vendas provenientes de Publicidade e de jogos-online,
conseguindo apurar um lucro de 1,5 bilhões de dólares. 757 milhões de pessoas
usam diariamente o Facebook, e a média de amigos por utilizador são 342; o
máximo de amigos permitidos são 5.000.
O Facebook, ao ser uma plataforma
comum para as diferentes gerações, também traz os seus inconvenientes; os
filhos, por vezes, não se sentem à-vontade numa rede em que os pais também
navegam! Há entretanto nichos como Foto-App Snapcht, WhatsApp, Twitter, onde
pessoas com interesses semelhantes se podem expressar.
Facebook é um bom instrumento que
também pode ser usado para o mal, como mobbing, abuso das informações disponíveis,
espionagem, difamação, etc. Isto não constitui argumento para nos afastarmos do
Facebook ou da Internet. Importante é saber do proveito que se pode ter de tais
redes mas ser consciente dos perigos inerentes ao sistema dos Meios de
comunicação social.
Escola na Era da Informação
Precisamos de inserir na escola o
ensino sobre Media digital e Media em geral.
Numa era em que os MEDIA determinam
grande parte da nossa maneira de pensar e viver, é incompreensível que na
escola não haja, logo desde o início, aulas sobre as redes sociais para que os
alunos sejam capacitados para o uso e consumo consciente das mesmas.
Precisamos de uma escola que não
só nos capacite para nos afirmarmos em sociedade mas que nos advirta para os
problemas de quem a controla e orienta. De facto seria sínica uma política de
ensino que interfere por um lado na esfera sexual individual, tratando-a a
nível escolar até ao pormenor, mas, por outro lado, em questões de formação e
de manipulação da opinião nos âmbitos em que ela mesma explora o cidadão se
mantenha ausente, não manifestando interesse em tematizar a questão do negócio
que se encontra por trás das políticas e monopólios dos Meios de comunicação
social. É natural que o Estado não pretenda fomentar o pensar crítico, pois
está interessado em cidadãos cordeiros que o sigam e sirvam os próprios
interesses mas sem grande capacidade de intervenção. Atendendo a estes
pressupostos só, a nível local poderão surgir iniciativas privadas que apoiem
as escolas locais na sua missão de instrução.
Vivemos numa sociedade da
Informação, pelo que uma escola que não tenha , nos seus planos dos quadros de formação,
a realidade dos Media normais e digitais, no aspecto de uso, crítica, busca de
identidade e orientação, não prepara para a época em que vivemos!
A vigilância total prevista por George
Orwell encontra-se momentaneamente em plena velocidade.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
Sem comentários:
Enviar um comentário