Por António Justo
Os britânicos disputaram
entre si, os europeus tremeram e os órgãos de decisão em Bruxelas começam a
acordar. Resultado do referendo: 51,9% pelo Brexit e 48,1% pela permanência na EU.
Quem mais
contribuiu para este resultado foi a vontade da UE querer impor quotas de
refugiados ao Reino Unido e pretender obrigar o país a tratar os imigrantes da
UE como trata os próprios nacionais, além de velhas facturas em aberto entre a
velha europa e a velha Grã-Bretanha.
A Libra
desvaloriza-se e deste modo diminuirá a atracção de imigrantes provindos da
Zona Euro.
Em Bruxelas, a língua oficial
inglês perde a sua força em favor do alemão e do francês e talvez em favor de
línguas internacionais como o português e o espanhol.
A UE
tornar-se-á ainda mais dependente da Alemanha que embora perdendo a companheira
de luta Grã-Bretanha na defesa do liberalismo económico americano; a Alemanha sentir-se-á,
por outro lado, mais influente no sentido de defender uma UE forte com um Euro
forte; terá como opositor a europa latina com a França à frente. A força da
economia dá porém razão à Alemanha e não ao sul, porque esta como potência
económica, pode com os Estados Unidos e com a China forçar as economias menos
competitivas. As forças empenhadas na construção de uma Europa das duas
velocidades ganharão mais peso.
Os movimentos de
regionalização e de federalização na Europa receberão maior impulso na Espanha
(Galiza, Catalunha e país basco) e no Reino Unido também.
As relações da
federação, no Reino Unido, entre Irlanda do Norte, Escócia, Gales e Gibraltar obrigarão
a coligações e a formulação de interesses contraditórios. A Irlanda e a Escócia
que querem a UE têm novos trunfos. E o caso do Gibraltar em certo modo também.
O referendo
mostra um Reino Unido dividido em dois blocos e em regiões contraentes! Um
exemplo concreto de uma UE em que uns resmungam e outros aplaudem.
Os movimentos nacionalistas
ganham mais força porque a direita militante e a esquerda militante embora
contraditórias se unem contra o projecto EU.
Tornar-se-ão
os britânicos os mentores da Europa, a partir das ilhas?
Nos próximos dias
28 e 29 de Junho realizar-se-á uma cimeira dos Estados membros em Bruxelas.
A UE não pode
permanecer como era, doutro modo seguir-se-ão outras desistências iniciadas
pela exigência de referendos noutros estados membros.
António da Cunha Duarte Justo
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