O Fomento do Ensino Dual dificultaria a Política do
deita abaixo para poder saltar para cima
Por António Justo
O Estado português investe 4,5%
do PIB nacional no ensino enquanto os países da OCDE investem em média 3%; apesar disso e do muito esforço o MEC colhe magros
resultados em termos comparativos com outras nações (1).
Em
Portugal, o ensino da via única iniciou-se com a ideologização da sociedade
portuguesa do 25 de Abril. Em 1974 o Regime de Abril (III República)
extinguiu o ensino técnico e profissional, até então de grande qualidade, e, em
grande parte, nas mãos do ensino católico privado. Ainda é conhecida a fama
das Oficinas de S. José em Lisboa, do Colégio dos Órfãos no Porto, dos colégios
de Izeda e de Vila do Conde e muitas escolas profissionais católicas,
espalhadas pelo país que preparavam operários especializados e mestres de nome.
O regime de Abril optou pela via única do liceu para todos (2) porque aposta
mais na ideia do que na realidade.
Ao contrário do que acontece em Portugal, o ensino, na Alemanha, é estável,
os professores são tratados com respeito não sendo incomodados no seu trabalho
com intervenções contínuas da burocracia e as escolas não são instabilizadas no
seu trabalho de comunidade educativa por um centralismo de estado desgastante e
absorvente. O MEC em Portugal obriga o professor a desviar para a burocracia
imensas energias que faltam depois para os alunos.
Escolha precoce da Via de Ensino na Alemanha?
Na
Alemanha, o ensino é da competência de cada estado federado. Consta de Ensino
Básico com quatro anos seguindo-se-lhe o Ensino Secundário de cinco a
oito anos. A partir da quarta classe o aluno tem, normalmente, de se
decidir por um dos currículos de estudos secundários: via industrial, via
comercial ou via liceal: Hauptschule, Realschule e Gymnasium). Para a opção
da via a seguir são tomadas muitas medidas acompanhantes de apoio ao aluno e de aconselhamento
dos pais.
Parte dos
partidos mais à esquerda critica o sistema de ensino alemão porque poderá levar
a uma opção precoce da via escolar pelo aluno e considera isto como algo
“contra a liberdade individual e igualdade de oportunidade”. Na realidade não
se pode chegar a tal extremo porque, normalmente, o aluno é acompanhado de
maneira muito individualizada e o sistema permite grande permeabilidade e
osmose entre as três vias e os alunos do industrial e do comercial têm acesso
às escolas superiores técnicas e à via universitária. Na Alemanha a opção
por uma via de caracter mais profissional (comércio ou indústria) não é tão
acompanhada de preconceitos de classe como acontece em Portugal.
O Sistema Dual alemão do Ensino Vocacional
O sistema
dual de educação profissional é seguido na Alemanha, Suíça e Áustria. A
dualidade vem do equilíbrio entre qualificação
teórica (tempo lectivo escolar) e ensino prático (tempo de prática nas
empresas) e que se administra simultaneamente. Deste modo a qualificação,
geralmente adquirida depois de três anos, é de alto nível, seja a nível de
conhecimentos profissionais teóricos seja a nível de competências práticas.
A
política dual do ensino alemão desperta interesse e aplicação nos USA,
Inglaterra e até no Brasil (em Portugal resume-se mais a acções de formação ad
hoc (colaboração com Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã).
O Ensino
Dual, seria, como defendo desde 1980, um óptimo modelo a ser instalado em
Portugal (isto pressuporia a formação de parcerias e a implementação de uma
política de promoção de todas as empresas com mestres na sua organização e uma
descentralização do ensino em favor das regiões (3). As escolas têm contrato
com as empresas que oferecem serviço de profissionalização. As empresas com
contracto têm benefícios fiscais compensadores do serviço prestado.
O ensino
na Alemanha é muito estável não andando ao sabor dos ventos das ideologias nem
das modas (isso acontece, apenas a nível experimental, num ou outro biótopo
cultural). Por isso a Alemanha sofreu muito com a harmonização dos cursos
universitários segundo o Processo de Bolonha (4).
No ensino
secundário é possível passar-se de uma via de ensino para as outras (dependendo
isto da média das notas, do aluno e da vontade dos pais). A conclusão do Ensino
Secundário Comercial de Nível I (10° ano ou Mittlere Reife) possibilita
o seguimento do ensino vocacional (5) dual (profissionalização) no sector
administrativo, industrial ou até liceal, ou também seguir o ensino
profissional numa Escola Técnica (Fachoberschule) que, uma vez terminada (12°
ano), dá acesso imediato ao Ensino superior Politécnico (Fachhochschule) e no
caso de fazer mais um ano (12°+1) pode entrar em qualquer faculdade das
universidades.
Quanto ao
Ensino (diria) Industrial (Hauptschule), uma vez acabado o 9°
ano, o aluno pode optar por seguir a Realschule (10° ano comercial) ou por um
estudo dual em que frequenta durante três anos o ensino teórico na escola
industrial e o ensino prático numa firma especializada na profissão que quer
tirar (6).
Quem
seguiu o Liceu (a via directa ao ensino académico) termina o ensino
liceal Abitur (exame liceal final 13° ano) que possibilita a entrada em
qualquer faculdade universitária (Há Estados alemães que tentam encurtar o
ensino de 13 para 12 anos para não prejudicarem os alunos alemães em relação
aos alunos de outras nações onde o ensino liceal é de 12 anos).
Vantagens e desvantagens
O ensino dual segue um ritmo mais adequado às
qualidades intelectuais e às competências práticas do aluno que, ao chegar
ao 9° e 10° ano de escolaridade, é confrontado com diferentes vias
profissionais de opção já mais específicas
(ensino dual industrial e comercial ou ensino liceal se a nota o permitir).
Neste sentido os alunos já tiveram de fazer um curto estágio numa empresa antes
de terminarem o 9° ou 10° ano. Estes alunos dos diferentes percursos podem
escolher os currículos a seguir: ensino liceal ou ensino dual (frequência
de metade do tempo semanal na escola e a outra metade no empresa que escolheu
(ou ainda numa escola profissional especializada). Para tal é condição ter uma
empresa que o aceite para o estudo prático no tipo de profissão de que a
empresa disponha (7). A palete de diversificação é imensa com abertura também
para os quadros altamente qualificados; o estado despende rios de dinheiro em
diferentes modelos de apoio à formação profissional.
O ensino dual também pode apresentar desvantagens segundo se dá na
província ou nas grandes cidades onde há mais ofertas de lugar de formação
prática por parte das empresas com contratos. Os alunos do ensino dual recebem um reduzido “ordenado” pago pela empresa.
Uma opção por uma política de ensino mais igualitária (ensino de via única)
teria o inconveniente de deixar muitos alunos para trás traumatizando-os em
questões de repetição e de más notas ou teria como consequência a diminuição da
qualidade do ensino para possibilitar a obtenção de resultados igualitários
para todos, vendo-se, por vezes, os
professores obrigados a diminuírem o nível de objectivos anuais a atingir por
turma para que todos os alunos possam obter resultados satisfatórios. Penso que
a crítica da esquerda no que toca à precocidade da escolha e à possibilidade de
filtragem social pode ter o seu risco, ao dar-se já a partir do quarto ano de
escolaridade; em muitas escolas há o ciclo preparatório de dois anos a seguir
ao quarto ano, o que resolve o problema da precocidade na escolha vocacional.
Essa objecção torna-se irrelevante ou até inverosímil num assunto tão complexo
e muito menos ainda na realidade porque o ensino dual se inicia depois do 9° ou
do 10° ano.
Devo
dizer que, da experiência que tive directamente em escolas alemãs (das três
vias), a escolha do percurso é feito em concordância com os pais. Isto exige
das escolas primárias uma maior ligação e relação entre pais e professores.
Constato que a formação alemã ao ser mais realista e concreta não deixa tantos
alunos na ilusão de um futuro construído em esperanças ideais e igualitárias
inatingíveis mesmo numa sociedade pretensa justa. A prática alemã obriga o
aluno a deparar-se com a realidade da vida e a tomar opções já aos 15-16 anos;
assim os que escolheram a via profissional, quando chegam aos 18-19 anos já
aprenderam a trabalhar, tendo um diploma na mão e muita experiência de vida.
Neste
sistema há também aqueles que não atingem os objectivos por razões de biografia
pessoal e pelo facto de virem de meios não conscientes da realidade que “saber
é poder”. O Estado alemão oferece-lhes muitas medidas e alternativas de
recuperação, prestando-lhes muito mais apoio do que aos que seguem a via
liceal.
As
objecções que tenho ouvido em Portugal contra o ensino vocacional dual têm mais
a ver com uma mentalidade irrealista e
desresponsabilizada, bastante comum em meios de esquerda que em nome do
óptimo renunciam ao bom, preferindo uma orientação por uma via que embora
igualitária dá menos oportunidades às classes desfavorecidas (abandono escolar
ou medidas que muitas vezes levam apenas a empatar o tempo de obrigatoriedade
escolar) e obriga os mais inteligentes e voluntariosos (também da camada social
em situação mais precária) a uma velocidade de aprendizagem orientada pela
mediania baixa. Os representantes do facilitismo, em nome das massas e de
um humanismo coitadinho, enganam o povo transmitindo a ideia que a vida se
ganha sem enfrentá-la de frente e sem a concorrência. A realidade é que, apesar
de muita solidariedade e de compreensão pelos mais débeis, ninguém dá nada a
ninguém (vive-se em estado de concorrência) e que a vida exige muito empenho e
responsabilidade de cada um, não sendo nenhum paraíso de embalar até aos 18
anos. Isto só simplifica a vida aos políticos, que com a ideia do facilitismo
fazem ofertas fáceis ao povo; este encara-se depois com
um mundo cão ao despertar bruto para a realidade do mundo laboral sentindo-se
então atraiçoado e abandonado vendo-se obrigado a trabalhar a vida inteira em
condições inferiores às suas potencialidades por terem sido embalados até aos
18 anos.
A esquerda radical e a FENPROF são contra o sistema dual de ensino alemão
apesar de saber que este é o ensino que praticamente dá mais oportunidades
também aos socialmente mais débeis, não esquecendo os deficientes (escolas
especiais).
A
experiência de profissionalização na Alemanha vem já da idade média, tempo em
que os artífices se organizavam em ruas (correeiros, ourives, etc.) para
transmitirem e defenderem saber e interesses de alta qualificação e
concorrência). A riqueza da Alemanha vem do seguimento e aperfeiçoamento
contínuo da tradição laboral medieval onde o trabalho manual tem grande
prestígio e levou famílias a aperfeiçoarem a sua empresa, durante séculos na
mesma família; esta tradição fez da Alemanha uma nação de ponta em quase
todos os ramos do saber e como tal a imitar. Doutro modo iremos mancando de
ideologia em ideologia sem caminho próprio, procurando imitar projectos deste
ou daquele mais aferidos a uma ideologia que ainda não abandonou o complexo de
inveja em relação aos que sobem na sociedade (excepção feita para os próprios
líderes, os promovidos da classe) e se compreende como tendo o monopólio do
saber e da opinião.
Problema do ensino em Portugal: estar demasiado
condicionado por interesses ideológicos e corporativos e branqueamento de notas
em benefício do ranking da escola
Pude observar
o decurso da política do MEC durante 40 anos constatando uma política de ensino
feita em cima dos joelhos e que abandona o ensino a agentes radicais a nível de
partidos e sindicatos numa estratégia do deitar abaixo para poder saltar
para cima. Uma esquerda esperta tenta tornar-se a mãe da cultura
portuguesa apropriando-se, para isso, do sector da educação, que em Portugal
parece não precisar de pai. Assiste-se a uma sequência de políticas de
ensino baseado em actividades desgarradas. A política de ensino não é
equacionada em termos de consenso interpartidário nem aferido às necessidades
do país, por isso é dependente de quem é mais esperto e nas conversações de
formação de governo que fica com a pasta da Educação. Por estas e por
outras o Ensino torna-se por natureza inseguro e, por vezes ao agrado de
bandeireiros que se satisfazem com operações ad hoc num terreiro, ao sabor do
oportuno.
A OCDE
vai dando orientações de aferimentos do ensino e aprendizagem para os Estados,
a nível internacional, mas sem a eficiência pretendida e até com efeitos
catastróficos porque provoca no MEC e nas direcções das escolas a
preocupação de, para ficarem bem nas estatísticas, branquearem as notas através
dos Conselhos de Turma, que, muitas vezes, mudam as notas dadas
pelos professores, “como se estas fossem rebuçados”, para as escolas subirem no
ranking nacional e internacional. O aluno nestas condições passa a
não ser o centro dos interesses mas sim a fama da escola.
A missão de garantir a oportunidade de aprendizagens inclusivas para todos
os alunos pressuporia um trabalho sério de inclusão das escolas e das empresas
de cada região, condição que presumiria primeiramente a libertação do
jacobinismo de Estado tão típico de um Portugal republicano autista que considera
como concorrência desleal tudo o que se afigure contra o seu monopólio e a sua
consciência de que ele é que é bom. Diria o
monarquismo formal formatou, de forma petrificada e anacrónica o espírito
republicano que traz a sociedade portuguesa à trela.
Falta uma visão real
das necessidades do país. Os Programas de ensino e formação profissional, com
cursos profissionalizantes, são mais vistos numa perspectiva de reparar as
falhas do sistema de ensino de via única, numa intenção de melhorar
as notas a nível de estatística. A preocupação é centra-se em evitar o abandono
escolar e o “chumbo nos exames” do que uma preparação séria de cidadãos sérios
para a nação. O ensino profissional é mais visto como
subsidiário e não como parte integrante e em termos de igualdade como
entontece, em grande parte no sistema de ensino na Alemanha.
Uma
ancoragem eficiente da formação profissional nos planos de enquadramento e de
orientações do quadro do MEC pressuporia a elaboração de um contrato nacional entre Estado e empresas de modo a
comprometer as comunidades escolares educativas com as empresas da região. O Ensino Dual
não favoreceria a política do deitar abaixo para poder saltar para cima. Ele
implicaria em primeiro lugar a libertação da estrutura MEC da ideologia e do
centralismo autista e autocrático. Esta mentalidade impede o compromisso
necessário com as realidades regionais in loco tornado impossível uma
estratégia consequente que envolveria a inclusão, de parcerias, ao mesmo nível
de olhar, entre o MEC, as autarquias, e as empresas do comércio e da
indústria. O factor de maior impedimento à
regionalização e democratização do ensino encontra-se no facto de as
mentalidades que se encontram a nível dos altos órgãos nacionais se encontrarem
repetidos nos oligarcas locais. O problema de
Portugal é uma questão de educação e de uma filosofia de ensino ultrapassada e
falhada! Em vez de uma concorrência humana e leal facilmente se perdem em
atitudes sub-reptícias de inveja e de narcisismo alérgico a qualquer crescimento e competição.
Os
interesses do MEC, das diferentes escolas, dos sindicatos e dos pais deveriam
centrar-se na formação integral do aluno e na formação de cidadãos livres
solidários e responsáveis, capacitados para formar um Estado responsável em que
a defesa de interesses individuais, particulares e comunitários se realizassem
no respeito pelas organizações e pelo cidadão, à margem da inveja sub-reptícia
de grupos que se afirmam e perpetuam a viver de ideias populistas baratas mas
bem regadas pelo parasitismo com o Estado. Todo o sistema de ensino, ao
atribuir notas de qualificação fomenta a concorrência e deste modo a injustiça
da desigualdade de uma sociedade toda ela feita de desiguais, mas que perante a
lei não deveriam ser tratados como objectos quer em função da ideologia quer da
economia. O resto é controvérsia importante para as elites irem vivendo à custa
do povo e dela.
Neste
sentido a FENPROF e os partidos em volta dela têm prestado um serviço medíocre
a Portugal; em vez de se tornarem num corporativismo promotor da sociedade
portuguesa tornam-se num seu mal maior ou menor. Quando Crato foi à Alemanha
para tentar ver como funciona o ensino numa sociedade que em questões de
economia dá lições a todos os países civilizados, logo em Portugal a FENPROF em
representação da esquerda alinhada se levantou falando mal do intuito do
ministro e do ensino na Alemanha. Não há ensino perfeito nem justo porque toda
a pessoa é desigual e cada sistema ou ideologia que o fundamenta, mais que no
Homem, está interessada no negócio com ele, dado as instituições se regularem
por interesses e não por relações de amizade.
À Maneira de Conclusão
O
discurso público da sociedade portuguesa em vez de passar o tempo a ocupar-se
superficialmente dos temas que os Média disponibilizam, serviria a sociedade
portuguesa se se ocupasse seriamente com temas como: o porquê de um sistema
de educação (MEC) centralista alienatório, o porquê de Portugal não se
alimentar a si mesmo e de o empresariado não ser suficientemente produtivo, o
porquê de um sistema público viver em grande parte à custa dos empréstimos
estrangeiros; o porquê da mentalidade que nos leva a tolerar tudo isto e a não
levar a sério a corrupção instalada no sistema. Para isso é necessário um
sistema de ensino que ensine mais a pensar para poder saber argumentar e não
viver do enredo mesquinho de lutas aleatórias de inveja.
A implementação sistemática do Ensino Dual profissional em Portugal
inverteria a política económica tradicional do estender a mão e o consequente
adiamento popular cultural. O ensino
profissional obrigaria a política a não perder os olhos da realidade, porque
forçaria o país a conceber um ensino produtivo adaptado às necessidades do país
e ao desenvolvimento internacional e não um ensino demasiadamente concebido em
termos de assegurar posições ideológicas de interesses de corporações radicadas
no Estado.
Atendendo
às mãos em que se encontra, o MEC não haverá muito que esperar no que respeita
à implementação do ensino dual profissional e à liberdade de ensinar. A máquina
do poder está mais interessada em viver do controlar e do decidir sobre os
conteúdos, os métodos, o pensar, a moral e os costumes dos portugueses do que
em levar Portugal à frente no que toca a maior produtividade e a produção
qualificada. A esperança virá de uma nova geração de portugueses menos
corrompida menos autista e menos invejosa.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e Pedagogo
Pegadas do Tempo http://antonio-justo.eu/?p=3692
(1)
Parto da
experiência de 4ª anos de docência tida no ensino secundário em Portugal e no
ensino secundário e universitário na Alemanha. Temos uma má política e uma má
organização do ensino, apesar de muito bom trabalho que se tem feito nas
escolas. A política de ensino manca porque tem sido feita em cima do joelho e
como tal ao sabor das modas e das aragens políticas que se satisfazem no ver a
sua bandeira desfraldada e a ser movida pelas emoções públicas.
(2)
(https://www.publico.pt/sociedade/noticia/morte-aos-vocacionais-1733657).
O MEC, além de assentar numa plataforma de conotação marxista, vive de
intelectualices sem natural sentir e é muito determinado por um sindicalismo
unilateral empenhado na luta em torno dos ordenados para os professores e em
medidas políticas ideológicas (por ex. contra o ensino dual alemão) e não
aferidas às necessidades reais dos alunos e do país.
(3)
O sindicato da
FENPROF anafado ao MEC, além de muitas virtudes tem impedido o desenvolvimento
plural ao defender uma política contra as escolas católicas, ao declarar-se
contra o sistema dual de ensino alemão possibilitador de alta eficiência que se
vê no resultado da vida económica e cultural da Alemanha. Aposta na violência
revolucionária negadora da discussão que vive bem de slogans como fascismo,
imperialismo, capitalismo esquecendo que há muitas variedades neles tal como no
slogan marxismo. Estão interessados em serem entendidos pelo povo tal com se
faz muitas vezes em textos do jornalismo mais dirigidos à emoção do que ao
conhecimento.
(4)
Reorganização
dos estudos superiores em todo o Espaço Europeu. A nova orientação é de
caracter mais utilitarista.https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Bolonha
(5)
Não acho
adequada a designação de “ensino Vocacional” para designar o ensino
profissional porque uma criança pode ter uma vocação especial e vê impossível a
sua concretização numa profissionalização, por razões alheias à sua vocação
(chamamento) e vontade.
(6)
A diferenciação
tripartida do ensino Secundário (com ciclo preparatório) em três vias, ensino
industrial, comercial e liceal, faz lembrar o enquadramento do ensino em
Portugal no tempo de Salazar.
(7)
Conheci uma
portuguesa que com o 10° ano da escola comercial conseguiu tirar o curso de
enfermeira em três anos uma outra só conseguiu ingressar no curso dois anos
mais tarde dado haver muitos concorrentes a essa profissionalização.
4 comentários:
Amigo Justo.
Parabéns pelo teu “esclarecimento”. Em 1988, no Colégio dos Órfãos, demos início ao Curso Tecnológico de Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel. Os grandes impulsionadores foram os já falecidos Pes Magalhães e Maurício. Foi um trabalho difícil pois muitos salesianos eram contra. O Curso tem-se mantido com reformulação em função das novas tecnologias. Acho que se não fosse essa introdução o ensino secundário teria terminado no Colégio dos Órfãos que foi o primeiro após o 25 de Abril a dar esse passo.
Um abraço do amigo
Fil
Caro amigo,
Obrigado também pela tua referência “a acção no Colégio dos Órfãos. Deste modo vamos sabendo mais sobre as coisas que nos rodearam e sobre nós. Foi pena, na altura os pais dos colégios não terem saído para a rua. Mas compreende-se. Nessa altura a sociedade vivia deslumbrada pela ideologia.
Grande Abraço
António Justo. Obrigado por esta peça literária e explicativa do que deveria ser o ENSINO em PORTUGAL. Na CASA PIA, em PINA MANIQUE, existiam, quando sai mais de 20 cursos, seguindo o SISTEMA DUAL DO ENSINO ALEMÃO. Aliás, nós eramos parceiros prediletos da ALEMANHA e tínhamos variadíssimos acordos com a sua industria, a pontos de termos cedido uma sala só para os seus técnicos darem aulas aos nossos alunos. Fui eu que, em MILÃO, com os técnicos EUROPEUS (Itália – Suíça- Espanha- França e Grécia), elaborei os acordos referenciados. Quando, em 1999 me aposentei, PINA MANIQUE, com nova gestão modificou tudo e cortou CURSOS que eram a jóia da coroa da CASA PIA. Obrigado por me lembrares coisas que eu estudei, propus na CÂMARA DE BERGAMO e depois destruíram tudo. Um grande abraço.
Duarpeira
Caro amigo,
Muitíssimo obrigado por tão importante informação. Quando eras Director da CASA PIA, cheguei a estar lá hospedado em férias com a família e pude verificar ao vivo a grandeza daquela obra e o papel ilustre e dedicado que nela desempenhavas. Lá pude reviver na tua nova missão a mesma personalidade de profundo espírito salesiano que tinha encontrado outrora no então Pe. Duarte quando passei umas férias nas oficinas de S. José a apoiar serviços nas obras da casa D. Bosco.
É triste verificar como grandes obras, devido a espíritos mesquinhos e ideológicos foram destruídas. Cheguei a estar como professor em Izeda e quando soube do disfuncionamento daquela obra também fiquei muito triste, porque o trabalho dos salesianos era o mais apropriado para aquela obra.
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