MUÇULMANOS PODEM SER DEMOCRATAS O ISLAO NÃO
Por António Justo
O cientista e politólogo Hamed Abdel-Samad constata que “o Islão é incompatível
com a democracia, muçulmanos podem muito bem ser democratas… são democratas não
por serem muçulmanos mas apesar de serem muçulmanos” (HNA 11.11.2016).
Muçulmanos e não muçulmanos defensores de uma modernização do islão na
Europa, declaram-se fracassados e impotentes nos seus esforços de implementação
de um islão mais democrático e aberto, dado a política europeia favorecer um islão
de lenço e não apoiar as pessoas defensoras da modernização do islão nem um
laicismo islâmico.
O cientista muçulmano Prof. Dr. Bassan-Tibi
que sempre lutou por um islão filantrópico, democrático e humanista na Europa,
vê tal intento frustrado, numa entrevista ao Cícero. Também segundo ele, muçulmanos
liberais não são tomados a sério pelas instituições sociais nem são convidados pelas
instituições públicas; convidados são os representantes tradicionalistas de
organizações muçulmanas e mesquitas. Geralmente, em torno das mesquitas
formam-se associações de utilidade pública que fomentam o gueto.
Abdel-Samad critica a vigente cultura de
debate social que evita ou impede de falar a quem analisa objectivamente as
coisas e fala texto claro e, por outro lado, concede palco a quem ideologiza e
tudo isto em nome da tolerância que se baseia no medo de uma análise científica
do assunto e, como tal se evita, com o pretexto de que uma discussão aberta e
livre poderia fomentar a xenofobia. Com medo de encarar a realidade como ela é, prefere-se viver de
diálogos oportunos para fazer salão e para alguns, mas que não tocam o âmago
das questões e deste modo não servem também o islão.
Os nossos políticos estão interessados em que não haja uma discussão
aberta sobre o assunto porque por um lado perderiam adeptos islâmicos e
eleitores não islâmicos e triam de tomar mais medidas em favor da integração.
Esta é uma questão muito complicada devido aos muitos interesses em jogo, sejam
eles de assunto partidário e política ou de interesses profissionais como é o
caso de assistentes sociais, advogados, médicos, professores, indústria e todo
o comércio.
O islamismo considera a mulher como despojo nas suas conquistas e
permite aos homens bater nas suas mulheres ou considerá-las como objecto sexual
e como “sementes de colheita” (Corão), diz Abdel-Samad, defensor de um islão
moderno.
Muito da nossa boa gente e até intelectuais preferem viver de ideias de
um conhecimento superficial do islão para poderem aparecer nos palcos públicos
(vivendo da ideia errónea de que as religiões defendem todas o mesmo), não
notando que assim estão a apoiar o radicalismo islâmico e a impedir a formação
de um islão moderno.
“O Corão protocola diferentes estádios ou condições em que Maomé e a sua
comunidade se encontravam. Quando se sentia fraco e oprimido pregava a
tolerância e o perdão e quando formou um exército com a comunidade, entrou em
conflito com povos politeístas, judeus e cristãos, então são protocoladas no Corão
as passagens de exclusão (xenofobia) e de ódio”, atesta Abdel-Samad. Uma vez
que o Corão é visto como a última palavra de Deus imutável e intangível
torna-se difícil pronunciar-se, sendo lógica a contradição e a ambiguidade do
esmo Corão. “O Corão ordena aos muçulmanos que não façam amizade com cristãos nem
com judeus porque são piores que animais e são impuros”; isto contradiz a
dignidade e a igualdade; revela-se como uma boa estratégia porque o contacto
poderia levá-los a comparar e a pensar mais diferenciadamente. Em geral, como
nos Testemunhas de Jeová, o contacto inter-familiar de muçulmanos e cristãos
não é desejado, a não ser no trabalho e com representantes.
Na crítica que se faz é determinante distinguir-se entre pessoa e
ideologia. Uma coisa é o islão e outra coisa são os muçulmanos. Estes não devem
ser abordados com preconceitos nem devem ser excluídos.
Uma pesquisa feita na Alemanha em 2015 revela que 57% dos residentes na
Alemanha vêem o islão como ameaçador e 61% dizem que ele não se enquadra na
democracia e dois terços rejeitam a afirmação de que o islão faz parte da
Alemanha.
Muitos crentes fazem guerra fora e dentro: em nome da liberdade
religiosa, exigem direitos especiais (acabar com a carne de porco nas escolas,
pôr salas de oração à sua disposição, libertar as meninas de aulas de natação,
de viagens de estudo, etc. e evitar gestos de cortesia, como apertar a mão a mulheres;
estas são consideradas impuras no tempo da menstruação.
Em democracia é natural que os grupos de interesse se juntem para
defenderem os seus interesses; a democracia, porém deveria estar mais atenta a
quem se serve dela para impor costumes e leis antidemocráticas. Na Alemanha
cada vez se sofre mais com a ligação do chauvinismo nacional turco promovido e controlado
pelo governo turco que envia os seus funcionários para dirigir as mesquitas e
por grandes organizações turcas numa Alemanha com 4 milhões de turcos que apoiam
maioritariamente o regime fascista de Erdogan.
António da Cunha
Duarte Justo
Pegadas do
Espírito no Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4004
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