terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

463 723 MEMBROS DO SPD DECIDEM SOBRE A REALIZAÇÃO DE UM GOVERNO DE COLIGAÇÃO (GroKo) CDU/CSU e SPD



As Dificuldades de Formação de Governo na Alemanha preludiam uma nova Era política na Europa

António Justo
O último inquérito coloca o AfD, com 16%, à frente do SPD (15,5%), CDU (32%), FDP (9%), Esquerda (die Linke) (11%) e os Verdes (13%).

Com este resultado, barómetro da impaciência da população, já só se pode prever a aprovação da coligação pela base do SPD. A negação da ala mais esquerda do SPD ao acordo tem prejudicado a imagem pública do partido. Dado no acordo da acção governativa o SPD ter sido sobejamente beneficiado na distribuição dos ministérios e ter conseguido muitos pontos de política de esquerda no acordo, torna-se difícil fazer compreender ao povo a divisão no SPD. Para os países do Sul a GroKo seria uma bênção: manteria a política de baixos juros do Banco Central Europeu, o que beneficia sobretudo quem não tem capital, relaxaria a política de poupança também na Alemanha e proporcionaria mais transfere de dinheiros alemães para a zona Euro.

De 20.02 até 2 de abril dá-se a recolha dos boletins de voto dos membros do partido socialista alemão para decidirem da aprovação do compromisso para o governo de coligação CDU/CSU e SPD. Os 2.300 membros do SPD que se encontram no estrangeiro podem votar através de internet.  

O jornal “Avante” do SPD imprime uma Edição especial com o acordo de coligação de 177 páginas, e que é distribuído aos membros. 

Um mínimo exigido para aceitação ou recusa da votação é de 20%. Em 2013 votaram sim 75,96% e não 23,95%.

Os custos com a votação cifrar-se-ão em dois milhões de euros, tal como aconteceu em 2013.
A questão que muitos alemães se colocam é se o partido social-democrata (SPD) tem legitimação para decidir sobre o compromisso alcançado com os Cristãos Democratas (CDU) e com a União Social-Cristã (CSU) em fevereiro 2018. 

Com a decisão democrática dos membros do partido, o SPD é beneficiado no discurso da opinião pública com a reapresentação pública dos seus objetivos. Por outro lado, os membros do SPD ficam muito mais bem informados, sobre a política do governo, em relação aos votantes dos outros partidos. Isto é, porém, o mérito do SPD que permite o exercício de democracia direta no seu partido.

O medo de novas eleições determinou todo o processo de conversações para uma coligação. O medo e a confusão dentro do SPD correspondem à atmosfera de uma sociedade de estômago cheio, mas com medo de ter de dar algumas das suas gorduras à EU. A organização patronal também protesta contra o compromisso. 

O povo alemão, com voz, gosta de discursos bonitos, mas, orientam-se por conclusões e bons resultados.

Epidemia partidária cada vez mais geral

A democracia economicamente mais forte da Europa começa a sofrer no parlamento problemas semelhantes aos dos países do sul. O baile dos partidos e ultimamente da CDU/CSU e do SPD em torno de uma Grande Coligação (GroKo) torna-se insuportável. 

Depois dos grandes estadistas alemães Adenauer, Erhard, Wehner, Straus, Brandt, Schmidt, Kohl que lutavam, primeiramente, para o bem geral da Alemanha, apesar de diferentes concepções, deparamos hoje com uma geração de políticos que parece demasiadamente preocupada com táticas de poder e com a defesa do seu rosto/posto para poderem ser reeleitos. Mais que o serviço ao país, a preocupação parece tornar-se mais, o bem do partido, eventuais eleições, pensões e dietas. Esta epidemia própria de países latinos já se encontra no seio das sociedades nórdicas!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4670

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