As Dificuldades
de Formação de Governo na Alemanha preludiam uma nova Era política na Europa
António Justo
O último inquérito
coloca o AfD, com 16%, à frente do SPD (15,5%), CDU (32%), FDP (9%), Esquerda
(die Linke) (11%) e os Verdes (13%).
Com este resultado, barómetro da impaciência da população, já só se pode
prever a aprovação da coligação pela base do SPD. A negação da ala mais
esquerda do SPD ao acordo tem prejudicado a imagem pública do partido. Dado no
acordo da acção governativa o SPD ter sido sobejamente beneficiado na
distribuição dos ministérios e ter conseguido muitos pontos de política de
esquerda no acordo, torna-se difícil fazer compreender ao povo a divisão no
SPD. Para os países do Sul a GroKo seria uma bênção: manteria a política de
baixos juros do Banco Central Europeu, o que beneficia sobretudo quem não tem
capital, relaxaria a política de poupança também na Alemanha e proporcionaria
mais transfere de dinheiros alemães para a zona Euro.
De 20.02 até 2 de abril dá-se
a recolha dos boletins de voto dos membros do partido socialista alemão para
decidirem da aprovação do compromisso para o governo de coligação CDU/CSU e SPD.
Os 2.300 membros do SPD que se encontram no estrangeiro podem votar através de
internet.
O jornal “Avante” do SPD imprime uma Edição especial com o acordo de
coligação de 177 páginas, e que é distribuído aos membros.
Um mínimo exigido para aceitação ou recusa da votação é de 20%. Em 2013
votaram sim 75,96% e não 23,95%.
Os custos com a votação cifrar-se-ão em dois milhões de euros, tal como
aconteceu em 2013.
A questão que muitos alemães se colocam é se o partido social-democrata
(SPD) tem legitimação para decidir sobre o compromisso alcançado com os Cristãos
Democratas (CDU) e com a União Social-Cristã (CSU) em fevereiro 2018.
Com a decisão democrática dos membros do partido, o SPD é beneficiado no
discurso da opinião pública com a reapresentação pública dos seus objetivos.
Por outro lado, os membros do SPD ficam muito mais bem informados, sobre a
política do governo, em relação aos votantes dos outros partidos. Isto é,
porém, o mérito do SPD que permite o exercício de democracia direta no seu
partido.
O medo de novas eleições determinou todo o processo de conversações para
uma coligação. O medo e a confusão dentro do SPD correspondem à atmosfera de
uma sociedade de estômago cheio, mas com medo de ter de dar algumas das suas
gorduras à EU. A organização patronal também protesta contra o compromisso.
O povo alemão, com voz, gosta de discursos bonitos, mas, orientam-se por conclusões
e bons resultados.
Epidemia
partidária cada vez mais geral
A democracia economicamente mais forte da Europa começa a sofrer no
parlamento problemas semelhantes aos dos países do sul. O baile dos partidos e
ultimamente da CDU/CSU e do SPD em torno de uma Grande Coligação (GroKo)
torna-se insuportável.
Depois dos grandes estadistas alemães Adenauer, Erhard, Wehner, Straus, Brandt,
Schmidt, Kohl que lutavam, primeiramente, para o bem geral da Alemanha, apesar
de diferentes concepções, deparamos hoje com uma geração de políticos que parece
demasiadamente preocupada com táticas de poder e com a defesa do seu rosto/posto
para poderem ser reeleitos. Mais que o serviço ao país, a preocupação parece tornar-se
mais, o bem do partido, eventuais eleições, pensões e dietas. Esta epidemia própria
de países latinos já se encontra no seio das sociedades nórdicas!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
http://antonio-justo.eu/?p=4670
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