O Governo de
Coligação CDU/CSU e SPD será obviamente confirmado
António Justo
A tragicomédia das conversações, na segunda rodada para a coligação de governo
na Alemanha, atingiu o seu clímax quando se passou à distribuição dos
ministérios e correspondentes postos.
Martin Schulz, apesar da
vitória alcançada nas posições social-democratas no compromisso de governo, caiu
por querer ser fiel aos barões do SPD e, o que é pior ainda, caiu devido a
interesses masoquistas e a rivalidades pessoais entre eles! O limite da
vergonha foi ultrapassado.
Com a renúncia de Schulz à participação no governo, este perdeu um amigo
convencido da Europa, um amigo da Europa do Sul! Enfim, nem sempre o brilho das
ideias e dos ideais se deixam afirmar na política concreta do dia-a-dia.
O compromisso da coligação não agrada às linhas duras dos membros do CDU
nem às linhas duras do SPD. Muitos quadros do CDU estão descontentes por
considerarem o compromisso uma cedência às políticas do SPD; na distribuição
dos postos de ministros incomoda-os, de maneira especial, o facto das Finanças
passarem para o SPD; outros membros do CDU consideram, no compromisso da
coligação, salvaguardados apenas os interesses da pessoa Merkel e não os do partido
CDU. Os membros do CDU são, porém muito disciplinados e não criam muitas ondas na
praça pública; esse é mais o negócio da esquerda.
Exige-se muita paciência aos eleitores habituados à discussão de conteúdos
do que de pessoal já gasto.
Os membros do partido pensavam com Martin Schulz tirar o partido da cave,
mas quem ficou na cave foi Schulz, embora tenha sido eleito para presidente do
partido com 100% de votos e tivesse conseguido, com a esquerda do partido, mais
24.000 membros para o partido.
Quer com a Groko (coligação) quer com novas eleições, os extremos políticos
da sociedade é que ganharão. A nação começa a acordar depois de um longo
pesadelo… Depois da época da destruição sistemática da economia de mercado social
na Alemanha e de terminada a política de segurança, e as consequências da
abolição do serviço militar e do serviço alternativo, a Alemanha tem
dificuldade em re-situar-se perante as novas exigências dos cidadãos e da EU que
se quer transformar numa potência internacional política e militarmente mais activa.
Angela Merkel não se encontra em bons lençóis, mas conseguiu acentuar
grandemente a desunião dentro do SPD. Com o compromisso do governo concluído, impede-se
a “revolução”, mas faz-se uma grande e alargada distribuição do orçamento do
Estado. A União Europeia pode respirar fundo!
O medo e o cálculo levarão muitos membros da esquerda do SPD a aprovar o
governo de coligação.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
http://antonio-justo.eu/?p=4662
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