Sanções dos USA contra a construção do pipeline North Stream II
(Rússia-Alemanha)
Por António Justo
O embaixador dos
USA na Alemanha ameaçou sanções contra empresas alemãs que participam na construção
do gasoduto North Stream II. O pipeline de gás em construção no Báltico liga
directamente São Petersburgo à Alemanha.
As ameaças destinam-se
a defender os interesses económicos dos USA (América primeiro); estes servem-se
de uma política de chantagem baseada nos medos da Ucrânia, Polónia e países
bálticos embora o novo pipeline, em caso de conflito político com a Rússia, os
possa defender por estes também poderem passar a ser servidos a partir da
Alemanha. A base da estranha ameaça do
embaixador às empresas encontra a sua explicação no facto dos USA venderem na Europa
o seu gás liquefeito (dos USA e do Catar) que é mais poluidor e 30% mais caro
do que o gás de pipeline da Rússia.
Os USA, conscientes de que a economia russa se
encontra muito dependente da venda do gás, querem obriga a Rússia a ajoelhar; isto
viria prejudicar a Europa atendendo ao potencial nuclear russo e uma Rússia
insegura poderia tornar-se num perigo para a Europa.
Na realidade, no dizer de comentadores, o
pipeline torna o abastecimento da Europa mais seguro. Uma maior oferta, através
do novo gasoduto baixa também os preços. O
medo maior da Polónia e da Ucrânia será a possibilidade de receberem menos receitas
pelas atuais condutas de gás através dos seus territórios.
A Rússia está dependente
da exportação do gás e o novo pipeline impede jogos políticos. O pipeline que
passa pelo leste da Europa não perde a sua importância existente; na Ucrânia ele
encontra-se em mau estado embora a Rússia pague à Ucrânia taxas de 2,5 mil milhões
de dólares por ano. De facto, a construção do Stream II diminui também o
potencial de chantagem da Ucrânia (como afirma o antigo ministro do ambiente J.
Trittin). Moscovo mesmo durante a guerra fria não fez uso dos atuais gasodutos
como instrumento de pressão.
A europa não se
torna dependente do gás da Rússia com a construção do novo gasoduto. A Alemanha
(como refere a HNA) é abastecida com 40% de gás da Rússia, 30% da Noruega e 21%
da Holanda e o resto de produção própria e de outros.
A construção do
gasoduto Stream II custa cerca de oito mil milhões de euros e na construção estão
empenhadas um consórcio de empresas europeias e russas.
Os interesses
americanos ganham com o afastamento da Europa e em relação à Rússia. A guerra e
a paz estão muito dependentes dos interesses económicos dos países. Só que mal
se nota!
António da Cunha Duarte Justo
In “Pegadas do
Tempo” http://antonio-justo.eu/?p=5234
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