terça-feira, 4 de novembro de 2014

UM POVO CULTO NÃO DEVERIA SUPORTAR A TV QUE TEM



Acabo de chegar de Portugal. Uma estadia, na Quinta Outeiro da Luz, muito rica em contactos e em experiências humanas confortantes. O brilho da gente e do clima contrasta com a negrura e a baixeza de muitos programas da TV. Os responsáveis da TV parecem ter a intenção de educar o povo para o mórbido e para o acaçapado, quando a sua missão não deveria ser educar mas instruir! 

É horripilante o nível das cadeias de TV. O povo continua a ser emburrecido com histórias emocionais de roubos, assassínios, suicídios e quejandas; tudo explorado até à exaustão duma lágrima que turva a inteligência. Notícias que deveriam ter lugar apenas nos jornais locais são exploradas pela TV na intenção de fomentar uma consciência ligada ao espírito coitadinho e a instintos primitivos; uma informação apelativa da negatividade. O povo não nota que está a ser encharcado com imagens e conversas baratas tendentes ao alheamento, numa perspectiva de lavagem do cérebro. 

O mais lamentável é que a classe académica e gente bem pensante suportem a banalidade e não proteste contra. Um povo abandonado a feras vestidas de cordeiro. 

Quanto ao discurso político transmitido: uma miséria: apenas discurso partidário para embalar o zé-povinho! É rara a discussão política objectiva sobre temas e se tal a desoras; o que interessa são os ardinas políticos da praça e todo um enredo em torno do dito e do não dito: uma conversa fiada para desinformar. Cada partido apresenta-se como uma rampa de salvação vendo a do adversário como a rampa para o inferno. Cada qual com os seus dogmas e conversas intermináveis socorrendo-se da falta de informação factual e de argumentação concreta. Conversa, só conversa! Porém, a conversa nunca é certa se deixa espaço para reticências. 

Temos de abandonar a ilusão de que alguém nos virá salvar. Nós é que temos de nos salvar. O povo português é de memória curta e muitas vezes infantil ao pensar que a alternativa, no tempo de eleições, vem de um outro partido. A República começou empestada de ideologias e oportunismos e continua fiel a esta tradição. A juventude abandona o país e fica o hábito acomodado e autossatisfeito a continuar a má tradição.
Boa noite Portugal!
António da Cunha Duarte Justo

1 comentário:

Anónimo disse...

Bravo, António!
Estou plenamente de acordo contigo. Infelizmente continuamos na mediocridade, na politiquice, no faz-de-conta, no bota-abaixo, no jogo do empurra, num frenesim de tachos, num vazio moral e espiritual…
Até quando esta hipocrisia, esta fome de poder, esta impunidade descarada, este jogo de interesses, este descalabre moral, esta escalada da violência??? Continua a tua luta”! “ Água mole em pedra dura tanto dá até que fura”!
PeR