terça-feira, 15 de janeiro de 2019

INTERESSES ECONÓMICOS USADOS COMO MOTORES DE DISCÓRDIAS E GUERRAS

Sanções dos USA contra a construção do pipeline North Stream II (Rússia-Alemanha)
 
Por António Justo
O embaixador dos USA na Alemanha ameaçou sanções contra empresas alemãs que participam na construção do gasoduto North Stream II. O pipeline de gás em construção no Báltico liga directamente São Petersburgo à Alemanha.  

As ameaças destinam-se a defender os interesses económicos dos USA (América primeiro); estes servem-se de uma política de chantagem baseada nos medos da Ucrânia, Polónia e países bálticos embora o novo pipeline, em caso de conflito político com a Rússia, os possa defender por estes também poderem passar a ser servidos a partir da Alemanha. A base da estranha ameaça do embaixador às empresas encontra a sua explicação no facto dos USA venderem na Europa o seu gás liquefeito (dos USA e do Catar) que é mais poluidor e 30% mais caro do que o gás de pipeline da Rússia. 

Os USA, conscientes de que a economia russa se encontra muito dependente da venda do gás, querem obriga a Rússia a ajoelhar; isto viria prejudicar a Europa atendendo ao potencial nuclear russo e uma Rússia insegura poderia tornar-se num perigo para a Europa.

 Na realidade, no dizer de comentadores, o pipeline torna o abastecimento da Europa mais seguro. Uma maior oferta, através do novo gasoduto baixa também os preços. O medo maior da Polónia e da Ucrânia será a possibilidade de receberem menos receitas pelas atuais condutas de gás através dos seus territórios.
 
A Rússia está dependente da exportação do gás e o novo pipeline impede jogos políticos. O pipeline que passa pelo leste da Europa não perde a sua importância existente; na Ucrânia ele encontra-se em mau estado embora a Rússia pague à Ucrânia taxas de 2,5 mil milhões de dólares por ano. De facto, a construção do Stream II diminui também o potencial de chantagem da Ucrânia (como afirma o antigo ministro do ambiente J. Trittin). Moscovo mesmo durante a guerra fria não fez uso dos atuais gasodutos como instrumento de pressão. 

A europa não se torna dependente do gás da Rússia com a construção do novo gasoduto. A Alemanha (como refere a HNA) é abastecida com 40% de gás da Rússia, 30% da Noruega e 21% da Holanda e o resto de produção própria e de outros.

A construção do gasoduto Stream II custa cerca de oito mil milhões de euros e na construção estão empenhadas um consórcio de empresas europeias e russas.

Os interesses americanos ganham com o afastamento da Europa e em relação à Rússia. A guerra e a paz estão muito dependentes dos interesses económicos dos países. Só que mal se nota!
António da Cunha Duarte Justo
In “Pegadas do Tempo” http://antonio-justo.eu/?p=5234

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