sexta-feira, 14 de março de 2025
FÉRIAS!
quinta-feira, 13 de março de 2025
Precisamos de uma esquerda pós-materialista e de um conservadorismo activo
VIVEMOS EM GUERRA CULTURAL E NÃO OUSAMOS DIZÊ-LO
A sociedade ocidental vive hoje uma guerra cultural silenciosa, mas profunda, que divide nações, polariza debates e redefine valores. No centro deste conflito está a esquerda (socialismo), que, desde o início do século XXI, abandonou a sua luta tradicional contra o capitalismo e pelos trabalhadores, substituindo-a por uma agenda cultural agressiva centrada em minorias e na desconstrução dos valores ocidentais. Esta transformação, aliada à arrogância das elites políticas e culturais, gerou um distanciamento perigoso entre os governantes e a maioria da população. (Na Europa tanto progressistas como conservadores, em vez de analisarem a necessidade de mudança urgente expressa na eleição de Donald Trump, esgotam-se em conversas de caracter emocional de defesa do status quo sociopolítico!) ....
A partir da revolução cultural de 1968, e especialmente após o ano 2000, a esquerda passou a priorizar uma agenda cultural, focada em temas como identidade de género, sexualidade e desconstrução da família e da cultura ocidental. Esta mudança foi tão absorvente que dominou o discurso público através dos media, da política e das instituições culturais...
A família tradicional, outrora um pilar da sociedade, foi substituída por conceitos como famílias substitutas, grupos woke e transgénero, alienando ainda mais a esquerda das suas raízes populares...
Enquanto a esquerda se fragmenta em múltiplas facções, os conservadores começam a reagir. Nos EUA, a eleição de Donald Trump foi um sinal claro de que uma parte significativa da população está cansada do domínio progressista. Na Europa, o descontentamento com as políticas da União Europeia (UE) e a sua agenda globalista também cresce...
As elites políticas e culturais, incluindo as eclesiásticas e económicas, alinharam-se com esta agenda progressista, mas o povo está farto...
Em vez de ouvirem as dores da população, preferem estigmatizar movimentos populares como "populistas" ou "extremistas de direita", atribuindo a culpa às redes sociais e às fake news...
A UE, por exemplo, chegou ao absurdo de legislar sobre a curvatura das bananas, enquanto ignora questões culturais e identitárias que afectam profundamente as nações...
Para superar esta crise, precisamos de uma esquerda pós-materialista que volte a conectar-se com as preocupações reais da população, sem abandonar a defesa dos mais vulneráveis. Ao mesmo tempo, os conservadores precisam de se renovar, assumindo as boas características da esquerda, como a solidariedade humana concreta, sem cair no extremismo. Neste sentido a doutrina social da Igreja católica podendo este ser um modelo de fidelidade à pessoa e à comunidade(a exemplo do capitalismo social de mercado criado na Alemanha pós-guerra, surgido da colaboração entre sindicalismo e cristianismo)...
A sociedade ocidental precisa de um diálogo construtivo entre esquerda e direita, onde ambas as partes reconheçam as virtudes do outro e trabalhem em conjunto para o bem comum. A sabedoria popular, que ultrapassa a práxis política, deve ser valorizada... Doutro modo a cultura predominante embala-nos: todos aplaudem, ninguém questiona, todos são arrastados pelo fluxo do espírito do tempo.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em “Pegadas do Tempo”: https://antonio-justo.eu/?p=10005
quarta-feira, 12 de março de 2025
Síria em Tempos de Ramadão Muçulmano e de Quaresma Cristã
A Paixão de Cristo Continuada nos Massacres de Alauitas, Drusos e Cristãos
na Síria
A situação na Síria permanece trágica, com violência sectária atingindo níveis alarmantes durante um período que coincide com o Ramadão muçulmano e a Quaresma cristã. A "operação militar" sunita síria, que visou especificamente minorias religiosas como alauitas, drusos e cristãos, resultou em massacres brutais e execuções seletivas, deixando a comunidade internacional em estado de choque. No entanto, a resposta dos políticos da União Europeia (UE) tem sido marcada por hipocrisia e inação, levantando questões sobre o seu compromisso real com os direitos humanos e a democracia...
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) documentou massacres que resultaram na morte de pelo menos 750 civis alauitas em 29 incidentes distintos entre 6 e 8 de março de 2025. Famílias inteiras foram executadas, e os corpos foram enterrados em valas comuns. O conselheiro do ex-presidente do Conselho Alauita, Muhammad Nasser, alegou que mais de 1,7 mil civis foram mortos, incluindo membros das comunidades drusa e cristã...
Os políticos da UE expressaram alarme com a violência contra civis, mas a sua resposta tem sido amplamente criticada como hipócrita. Anteriormente, muitos deles haviam feito uma peregrinação à Síria para apertar as mãos de líderes islamistas após o golpe extremista, ignorando os princípios do Islão que justificam a perseguição de minorias religiosas e a mentira desde que sirva o islão. Agora, lavam as mãos como Pilatos, recusando-se a assumir responsabilidade pelas consequências das suas acções...
Os alauitas, grupo ao qual pertencia o presidente deposto Bashar al-Assad, foram antes alvo de uma campanha de desumanização através de propaganda antes de serem marcados para extermínio. A mesma sorte coube aos drusos e cristãos, que também foram brutalmente assassinados. Relatos não confirmados indicam que cerca de 7.000 integrantes de minorias religiosas foram mortos, incluindo 1.000 cristãos, alguns dos quais foram crucificados.
Os media, no entanto, têm sido reticentes em cobrir a perseguição e os assassinatos de cristãos, muitas vezes ignorando ou minimizando a gravidade dos crimes. Essa omissão contribui para a invisibilidade do sofrimento dessas comunidades e para a impunidade dos agressores...
É imperativo que a comunidade internacional, incluindo a UE, deixe de lado a hipocrisia e a inação e tome medidas concretas para acabar com a violência sectária na Síria...
O novo regime da Síria tem como presidente interino Ahmad al-Sharaa (Al-Jolani), terrorista, ex-membro da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=10002
terça-feira, 11 de março de 2025
ROMÉNIA – VOTAR ATÉ QUE AGRADE À UNIÃO EUROPEIA
Dois Pesos e Duas Medidas: A Interferência da UE nas Eleições Democráticas
A democracia é frequentemente celebrada como o ponto alto da liberdade, mas a sua aplicação prática nem sempre reflete esses ideais...
O caso da Roménia em 2024, onde a vitória de Călin Georgescu nas eleições presidenciais foi anulada sob alegações de influência russa, ilustra uma tendência preocupante: o uso de "dois pesos e duas medidas" em questões de democracia e soberania eleitoral.
Călin Georgescu, uma figura religiosa e nacionalista, venceu a primeira volta das eleições presidenciais romenas em novembro de 2024...
No entanto, o Tribunal Constitucional anulou a eleição, alegando interferência russa e desinformação via TikTok. A UE apoiou a decisão, levando à exclusão de Georgescu e à formação de uma coligação pró-europeia para garantir uma "democracia alinhada com a UE".
A anulação das eleições romenas sob a alegação de interferência russa é particularmente irónica quando consideramos o papel decisivo que os grandes meios de comunicação europeus desempenham na moldagem da opinião pública. Enquanto a desinformação estrangeira é condenada e usada como justificativa para anular eleições, a influência dos media europeus, muitas vezes alinhados com agendas políticas específicas, é ignorada ou minimizada. Esta dualidade reflete um "imperialismo mental", onde a elite do poder ocidental se arroga o direito de definir o que é ou não democrático, independentemente da vontade dos eleitores.
Este não é um caso isolado. Em 2014, na Ucrânia, um governo eleito foi derrubado sob alegações de interferência russa, substituído por uma administração pró-Ocidente...
A intervenção da UE nas eleições romenas destaca uma contradição no discurso democrático europeu...
A democracia deve respeitar a vontade popular, sem distorções para servir interesses externos. Caso contrário, arrisca-se a tornar-se um instrumento de poder, em vez de uma expressão genuína da soberania popular.
No domingo passado Georgescu, simpatizante de Putin, foi excluído das próximas eleições pela comissão eleitoral em Bucareste. Na segunda-feira (11.03) o Tribunal Constitucional romeno impediu Călin Georgescu de se candidatar. A eleição será repetida a 4 e 18 de maio 2025.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9998
EUROPA DE CARLOS MAGNO NÃO APENAS DE BRUXELAS
Europa, desperta do sono imposto,
reaviva o sentido, retoma o posto.
Não sejas joguete de potências alheias,
mas ponte de paz entre terras e ideias.
Bruxelas, perdida na sombra do ouro,
ouve o clamor que ecoa no foro.
Que as elites desçam das torres erguidas,
e sintam na pele as dores sofridas.
Num mundo que dança em tom multipolar,
não caias na trama de quem quer mandar.
Redescobre a fé, a raiz, o caminho,
não deixes a Rússia na margem, sozinha.
Somos um rio de culturas irmãs,
latinas, nórdicas, russas, pagãs.
A guerra é o fruto de medo e veneno,
mas o diálogo é solo fértil, terreno.
Se te vendes por armas, por guerra, por ganho,
perdes-te em cinzas, consomes-te em dano.
Funcionários da EU te pedem que sejas milícia,
mas tua missão é quebrar a perfídia.
Ergue-te Europa, sê voz, sê ponte,
não mais vassala de quem quer só monte.
Lembra-te, antes de tudo, quem és,
mediadora da paz, a força da fé.
Os líderes que falem, e o povo que não ouça,
Pois há muita parra, que deixa pouca uva.
O futuro te chama, o tempo é agora:
Europa, sê justa, não caias na argola.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=10000
segunda-feira, 10 de março de 2025
NA SOMBRA DO OLIMPO DE BRUXELAS
Oh, que sorte a nossa, servos do temor,
Malignos vários, num só coro a cantar:
O clima, o vírus, Putin, Trump, o horror,
Um espetáculo pronto a nos assombrar!
Governantes, maestros do medo astuto,
Trombetas do alarme, sinfonias de pavor,
Criam fantasmas, depois vendem o escudo,
E nós, bobos da corte, pagamos com fervor!
"Combateremos o mal que nós mesmos tecemos!"
Segredam em Bruxelas, ao contar nosso ouro roubado.
Ah, que engenho, que arte! Quase não percebemos
Que o medo é deles, mas o tributo é do nosso lado.
Amigos cidadãos, cá estamos, a dançar,
Nesta valsa de sustos, tão bem orquestrada.
Malignos ao serviço do poder, a rodar,
E nós, de cabeças vazias, a aplaudir a jogada!
Governantes artesãos do medo: criam monstros, vendem espadas e cobram-nos por ambos. O verdadeiro mal? Acreditar que precisamos deles para nos salvar.
António CD Justo
Em Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=9994
sábado, 8 de março de 2025
AGRADECIMENTO A TI MULHER EM TODAS AS TUAS EXPRESSÕES
Mulher-Aurora-Mar
Mulher, que fazes metade da humanidade
e criaste a outra meia com teu ventre de luz,
que em todos os dias do ano sejas celebrada,
não só hoje, mas em cada instante que a vida cruza.
Que a felicidade te envolva como um manto,
e em cada amanhecer, renasça teu canto.
És como a água, frescor que nutre e acalma,
onde a vida nada e se alimenta de tua alma.
És a aurora que desperta a natureza inteira,
o sol que aquece, a brisa que se espera.
Dignidade de mulher, filha, menina, companheira,
és amante que dá cor à vida, inteira e verdadeira.
Como Maria, símbolo da mulher total,
és Terra e Céu, és casa e jardim, és mar imortal.
És a Casa Grande que permanece, firme e serena,
quando os destroços do mundo se vão na cena.
Celebramos atua força, tua fé, tua ternura,
és a luz da casa, a atração que perdura.
Mulher completa, que não te deixas reduzir,
és múltipla, infinita, sabes sempre fluir.
Em ti continua a gratidão, o carinho, o abraço,
és o vento que move o navio, o poema no espaço.
Tua beleza floresce como a terra em primavera,
ganhas asas na flora que te cobre e te espera.
És mar, és navio que a poesia do vento conduz,
e em ti o mundo navega, em ti o amor reluz.
Em ti a vida namora, as paixões são borboletas,
dançando em volta de teus sonhos, leves e inquietas.
És guardiã da espiritualidade num mundo de matéria dura,
és joia que a vida lustra, és nua, sempre pura.
Feliz Dia da Mulher, mãe, filha, menina de encantar,
que em ti, como terra e semente, sabes germinar.
Albergas a vida, revelas o mundo em teu ser,
és o começo, o meio, o fim, o eterno renascer.
Mulher, és tudo: és casa, jardim, mar e céu,
és o abraço que resta quando o mundo é só véu.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9990
https://poesiajusto.blogspot.com/
sexta-feira, 7 de março de 2025
MENSAGEM QUARESMAL DE DONALD TRUMP E MELANIE TRUMP

quinta-feira, 6 de março de 2025
REFLEXÃO POLÍTICA EM TEMPOS DE QUARESMA
Por uma Nova Política de Verdade: Poder sem Violação da Verdade
Apresento aqui uma citação do filósofo Michel Foucault, do seu livro “Microfísica do Poder”, onde a citação nos proporciona uma reflexão fundamental: “O problema político essencial para o intelectual não é criticar os conteúdos ideológicos que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática científica seja acompanhada por uma ideologia justa; mas saber se é possível constituir uma nova política da verdade. [...] Não se trata de libertar a verdade de todo sistema de poder – o que seria quimérico na medida em que a própria verdade é poder – mas desvincular o poder da verdade das formas de hegemonia no interior das quais ela funciona no momento.” (Link para a obra: https://fliphtml5.com/clana/zccy/basic)...
O grande desafio é construir uma nova relação com a verdade, garantindo que ela beneficie a todos e não apenas os poderosos, que frequentemente moldam as suas próprias “verdades” como meios de conquistar terreno e como escudos de protecção...
No entanto, podemos lutar para que esse poder da verdade não seja usado para dominação e opressão, mas sim para promover justiça e igualdade de forma autêntica.
Nos dias de hoje, a ausência da verdade é evidente pois é identificada com o poder...
É evidente que o poder tem a sua própria verdade, mas ele não pode ser confundido com ela. A incapacidade de distinguir entre verdade e poder gera confusão social, algo que vem sendo explorado por Bruxelas e pelas potências europeias, conduzindo a Europa para um impasse perigoso.
Se queremos um futuro mais justo, é fundamental redefinir a relação entre poder e verdade, garantindo que ela não sirva à opressão, mas sim à justiça e ao bem comum.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9980
quarta-feira, 5 de março de 2025
Europa em Marcha para a Guerra
Ursula von der Leyen manda os Europeus apertar o Cinto… e o Gatilho!
A Europa está em polvorosa! A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pegou nas suas trombetas mediáticas e anunciou ao mundo que é hora de trocar o pão pela pólvora. Num discurso épico — e sem direito a perguntas, porque quem questiona é inimigo da “verdade” e dos valores da União Europeia —, a líder germânica em Bruxelas apressa-se a apresentar o plano "Rearmar a Europa", um ambicioso projeto que promete mobilizar 800 mil milhões de euros para a defesa do continente; pressa esta para que se criem factos que contrariem entabular conversações. Porque, afinal, nada une mais os povos do que uma boa guerra, evitando para isso conversações sérias.
A ideia é simples: enquanto os cidadãos apertam o cinto para pagar a crise energética e a inflação, os Estados-membros vão abrir os cordões à bolsa para comprar tanques, mísseis e drones. E, claro, não podia faltar um extra de 150 mil milhões de euros em financiamento para os 27 países da UE, porque nada diz melhor "solidariedade europeia" como gastar dinheiro em armas em vez de hospitais ou escolas.
Portugal, sempre na vanguarda da obediência, já contribuiu com 700 milhões de euros para a causa bélica e agora prepara-se para desembolsar mais 300 milhões. Afinal, quem precisa de investir em saúde ou transportes quando se pode ter um caça F-16 a sobrevoar o Algarve?
Enquanto isso, os media, em perfeita sintonia com os funcionários de Bruxelas, continuam a tocar a música da guerra num ritmo de verdades e mentiras. A narrativa, cuidadosamente construída desde a Conferência de Munique em 2007, ignora a Ucrânia como cavalo de Troia moderno, manipulado por oligarcas internacionais, EUA, EU, NATO e Inglaterra. As tentativas de paz de figuras como Donald Trump são descartadas como irrelevantes, porque, convenhamos, quem quer paz quando se pode ter uma boa guerra para distrair as massas e encher os bolsos dos que se alinham atrás do Reino Unido?
Von der Leyen, com a sua retórica marcial, apela aos europeus para deixarem de viver… para viverem a guerra. Mobilizem-se soldados, roubem-se citadinos e aldeões! - parece ser o lema não oficial. E, se alguém ainda duvida da seriedade do plano, basta lembrar que até os fundos de Coesão — sim, aqueles que deviam reduzir as desigualdades regionais — podem ser desviados para comprar armas. Prioridades, não é? Já se conta que dos fundos de reforma alemã foram desviadas verbas para a Ucrânia.
A respeito da Ciência da Burrice: num mundo onde "burros mandam em homens de inteligência", como diria o poeta António Aleixo, talvez a burrice seja mesmo uma ciência. E, se for, a Europa está prestes a doutorar-se com louvor. Enquanto os cidadãos comuns se perguntam como vão pagar as contas do gás e os alimentos que compram, os líderes europeus garantem que o futuro está em… mais armas.
Resta saber se, no final desta marcha bélica, só sobrará algo mais do que dívidas e cinzas. Mas, os deuses do olimpo Bruxeliano, asseguram que teremos um continente "seguro e resiliente"...
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9974O ALERTA DO POETA ANTÓNIO ALEIXO
terça-feira, 4 de março de 2025
QUERIDOS AMIGOS E AMIGAS, CAROS LEITORES
Formigas no Frasco – Uma Reflexão
Permitam-me, antes de tudo, dirigir-me a vós com a serenidade que mereceis. Embora os temas que aqui abordo sejam, por vezes, candentes e envoltos nas chamas do debate político, dirijo-me especialmente àqueles que, sensíveis e ponderados, preferem não se deixar consumir pelo fogo das paixões partidárias. É, de facto, lamentável observar como a defesa de um ponto de vista político pode, tantas vezes, transformar-se em motivo de exaltação e desavença. Mais triste ainda é constatar que, na era da informação, somos constantemente bombardeados por narrativas manipuladas, mesmo por veículos que se presumem sérios. Seria uma pena permitir que essa torrente de desinformação — esse lixo que nos é servido como verdade — pusesse em risco os laços que nos unem, seja na família, seja entre amigos.
As elites políticas, aqueles que se reúnem em Bruxelas, Londres ou Washington, não nos levam a sério, nem perguntam se estamos de acordo. Procuram influenciar-nos, sim, mas será que devemos, em contrapartida, dar-lhes a importância que reclamam para si quando grande parte do que nos apresentam é mentira? Ou será mais sensato voltarmos o nosso olhar para o que verdadeiramente importa: o nosso bem-estar físico e emocional, as relações que nutrimos, a harmonia que construímos no nosso quotidiano?
A propósito, recorro a uma imagem de Mark Twain que, embora singela, encerra uma profunda sabedoria. Imaginemos um frasco. Dentro dele, colocamos um grupo de formigas pretas e outro de formigas vermelhas. Inicialmente, cada uma segue o seu caminho, ocupada com as suas tarefas, sem incomodar as outras. Há uma paz frágil, mas palpável. Agora, imaginemos que alguém pega nesse frasco e o agita vigorosamente. O que acontece? As formigas, antes pacíficas, começam a lutar umas contra as outras. O medo, insuflado de fora, desencadeia nelas um instinto de defesa agressiva, transformando-as em inimigas.
Esta metáfora, caros amigos, é um espelho do que vivemos hoje. A política, nas suas múltiplas e enganosas facetas, agita o frasco da nossa sociedade. Mexe com as nossas inseguranças, alimenta os nossos medos, e põe-nos uns contra os outros. E, enquanto nós nos gladiamos, distraídos pela confusão, os que agitam o frasco seguem impunes, alcançando os seus fins, que no contexto em que nos encontramos são maldosos.
Não permitamos que isso aconteça. Deixemos a maldade para eles. Não nos deixemos levar pela agitação do frasco. Em vez disso, cuidemos do nosso bem-estar, das nossas relações, da nossa paz interior. Como as formigas antes de serem perturbadas, busquemos a harmonia possível, mesmo num mundo empenhado em nos dividir.
Com muita estima no sentido da reflexão
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9969
segunda-feira, 3 de março de 2025
AJUDA À UCRÂNIA EM MILHARES DE MILHÕES DE EUROS
Ajuda prestada até ao momento em milhares de milhões de euros:
Ajuda militar e outras - EUA: 114,2 mil milhões de euros
- UE: 113,1 mil milhões de euros;
- Alemanha: 17,3 mil milhões de euros
- Grã-Bretanha: 14,8 mil milhões de euros (1)
As grandes potências da União Europeia estão a tentar fortalecer a sua intenção de guerra.
O escândalo na Casa Branca vai ao encontro dos desejos dos europeus de que tenham tempo até 2029 para se prepararem para a grande guerra, na esperança de que depois de 2029 um governante diferente resida na Casa Branca.
Zelensky, que queria a grande vitória, sentiu o apoio especial de Paris, Berlim e Londres na cimeira especial em Londres (não Bruxelas!). Mas esquece-se que sem a Casa Branca não há paz possível. É verdade que os despojos ucranianos prometem muito para todas as partes.
Numa declaração, Orban disse que "excepto a Hungria e o Vaticano", toda a Europa quer abertamente a guerra e que, por isso, a UE deveria seguir o exemplo dos Estados Unidos e manter negociações directas com a Rússia sobre um cessar-fogo e um acordo na Ucrânia.
Será difícil obter concessões de Trump para os europeus porque fizeram propaganda contra ele antes e depois da sua eleição. Com estas acções, o futuro da NATO também está em risco.
Infelizmente a União Europeia só tem guerra no sentido esquecendo e descuidando o seu possível papel geoestratégico e de mediador no mundo.
A posição de Orban, Brasil e China parece ser aquela que mais promoveria a Europa no mundo. A elite europeia encontra-se cega e persiste em cegar a inteligência europeia ao não permitir outro discurso senão o da guerra.
É sintomático verificar-se como quando de tratava de fazer os Verdes e o SPD grandes continuamente eram organizadas manifestações em defesa da paz. As ONGs que antes promoviam essas manifestações hoje não implementam manifestações pela paz; apenas se encontram empenhados em manifestações contra a direita!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9965
domingo, 2 de março de 2025
Desinformação mediática sobre a Reunião Trump-Zelensky
Manipulação na Era da Guerra e da Pandemia
Recentemente, acompanhei atentamente a reunião na Sala Oval, em Washington, e fiquei impressionado com a forma como a cobertura mediática distorceu o que realmente se passou. A imprensa e a televisão, em vez de relatarem objetivamente as posições defendidas e as atitudes dos participantes, projetaram as suas próprias narrativas e preconceitos sobre o evento. A manipulação informativa transforma indivíduos em vítimas ou vilões, moldando a percepção das massas de acordo com interesses pré-definidos...
Vivemos num tempo em que as notícias circulam tão rapidamente que não há espaço para o discernimento.
Com a chegada da pandemia da COVID-19, essa desinformação atingiu um novo patamar, levando ao que poderíamos chamar de "pandemice" ou "pandemitis". O fenómeno gerou um tipo de "síndrome de Estocolmo" coletivo, em que a população parece resignar-se às versões apresentadas pelos grandes meios de comunicação...
No cenário geopolítico, a reunião entre Trump e Zelensky revelou claramente estas disputas narrativas. Zelensky, frustrado por Trump já ter conversado com Putin, insistia para que os EUA reconhecessem a União Europeia como parceiro prioritário nas negociações sobre a guerra na Ucrânia. No entanto, Trump resistia a esse compromisso, consciente de que a UE e Zelensky pareciam mais inclinadas à guerra do que à diplomacia...
A NATO, por sua vez, pressionou Zelensky para que dialogasse com Trump, demonstrando certo descontentamento com a abordagem do presidente ucraniano...
Zelensky, que durante anos acreditou no apoio incondicional dos europeus e interessado em envolver a NATO no conflito, encontra-se agora numa posição fragilizada. A melhor saída para a Ucrânia e para a estabilidade europeia talvez esteja na realização de novas eleições...
Vivemos tempos confusos, em que a verdade parece menos relevante do que a narrativa que se pretende impor....
Uma coisa une Trump e os belicistas europeus: as riquezas da Ucrânia não para distribuir pelos pobres e pelas famílias dos que morreram na guerra, mas para serem distribuídas entre os oligarcas.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9959
sábado, 1 de março de 2025
Necessidade de uma Europa mais Latina e menos Anglo-Saxónica
A União Europeia e o Malogrado Encontro Zelensky-Trump
O recente e malogrado encontro entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump expôs, mais uma vez, as fragilidades da União Europeia (UE) no cenário geopolítico global. Este episódio poderia ter sido uma oportunidade para a UE refletir sobre o seu papel e estratégia, mas, infelizmente, a cegueira política e a falta de visão própria continuam a dominar. A UE insiste em seguir um caminho que não só a afasta de uma solução ética e equilibrada para os conflitos, como também a mantém refém de uma visão maniqueísta e anglo-saxónica, que pouco contribui para a paz e a estabilidade globais...
A UE, ao apoiar de forma indiferenciada Zelensky e ao insistir numa estratégia belicista, demonstra uma profunda impreparação para lidar com a complexidade do conflito geopolítico atual.…. Esta postura não só contribuiu para o agravamento do conflito, como também impediu a UE de assumir um papel mediador e construtivo...
O apoio incondicional a Zelensky e a narrativa simplista de que a guerra começou em 2022 são exemplos de uma visão preconceituosa e reducionista... Esta cegueira política é, em grande parte, resultado da influência anglo-saxónica, que domina as instituições europeias e impede uma visão mais abrangente e integradora...
Para encontrar um caminho próprio e eficaz, a UE precisa de se libertar da influência anglo-saxónica e abraçar uma visão mais latina. Esta mudança implicaria uma síntese entre razão e emoção, entre diálogo e acção, e uma rejeição da dialética maniqueísta que domina o discurso político actual. A Europa foi outrora grande precisamente pela sua capacidade de integrar diferentes perspetivas e encontrar soluções equilibradas. Hoje, no entanto, parece ter perdido essa capacidade, preferindo seguir agendas externas e adotar posições polarizadas.
A infeliz peça teatral entre Trump e Zelensky poderia ter sido uma lição para a UE... No entanto, a insistência numa estratégia belicista e a falta de visão própria impediram que isso acontecesse...
O cidadão europeu foi, em grande medida, enganado. A narrativa dominante apresenta o conflito geopolítico como um simples embate entre duas nações, ignorando as complexidades e os interesses externos que o alimentam...
O que falta é uma abordagem que combine cabeça e coração, que encare a situação com racionalidade, mas também com empatia e ética...
A UE precisa urgentemente de mudar de rumo. Deve deixar de ser uma mera extensão dos interesses anglo-saxónicos e abraçar uma visão mais latina, que valorize o diálogo, a síntese e a integração de diferentes perspetivas... Ou será que queremos continuar a marcar passo na luta cultural “protestantismo” - “catolicismo” e na pura dialética marxista de caracter maniqueu quando são precisas sínteses...
A UE não pode continuar a apostar numa estratégia belicista e maniqueísta. Em vez disso, deve promover conversações e encontrar soluções negociadas, baseadas numa consciência ética e numa visão abrangente do conflito...
António da Cunha Duarte Justo
Artigo completo em: Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9955
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
DESAFIO ENTRE POLÍTICA E ÉTICA
Política, Ética e os Desafios da Governação no Mundo Contemporâneo
A necessidade de limitar o poder para evitar regimes totalitários é evidente. No entanto, hoje enfrentamos um "totalitarismo brando", influenciado por agendas e ONGs...
.... No contexto global, é crucial reconhecer que países como a China e a Rússia podem necessitar de regimes autoritários em fases intermédias do seu desenvolvimento histórico. Impor valores ocidentais a estas nações, sem considerar as suas particularidades culturais e históricas, pode levar a conflitos internos e desestabilização. A contenção e o respeito pelas trajetórias distintas de cada povo são essenciais para evitar insurreições e promover uma coexistência pacífica no sentido de uma cultura de paz ...
No entanto, mesmo este sistema não está imune a manipulações, e a estupidez das massas pode ser tão perigosa como a brutalidade dos governantes...
A desconstrução da instituição família pelo estado progressista é outro fenómeno preocupante, que merece uma reflexão profunda...
A aspiração moral de combater a tirania e promover a justiça é legítima, mas carece de instituições capazes de a concretizar. Como bem lembrou Voltaire, "É perigoso ter razão quando o governo está errado".
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo in Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9947
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
“COMPLEXO DE DEUS”: A ILUSÃO DA OMNIPOTÊNCIA E A DECADÊNCIA DA SOCIEDADE MODERNA
A sociedade contemporânea vive sob a ilusão de que o ser humano pode tudo e da crença no progresso. Essa crença na omnipotência, que o psicanalista Horst-Eberhard Richter chamou de "Complexo de Deus", não é apenas uma perturbação psicossocial, mas um factor central da decadência moral e cultural que vivemos hoje. No seu livro “Complexo de Deus”, Richter descreve a civilização ocidental moderna como marcada por uma reivindicação de uma omnipotência egocêntrica e quase divina, que ignora os limites da condição humana. Essa ilusão de grandeza, no entanto, é uma fuga frágil diante das crises que nos assolam. Donald Trump expressa de maneira extrema o narcisismo que se tem mantido encoberto nas nossas elites políticas...
Os sentimentos de impotência, baixa autoestima ou problemas não resolvidos da infância podem resultar na superestimação das próprias capacidades, criando assim a distorção psicológica do chamado "complexo de Deus". Este fenómeno leva ao dogmatismo das opiniões e à ilusão de infalibilidade, como se a próprio ponto de vista fosse o único correto. Essa postura impede o desenvolvimento do autoconhecimento e da autocompreensão. Uma convivência equilibrada com os outros promove uma avaliação realista de nossas capacidades e limites, em contraste com uma identidade baseada em projeções idealizadas de si mesmo...
Em tempos de guerra, esse complexo intensifica-se, fomentando uma mentalidade maniqueísta e dicotómica, em que tudo é reduzido a "bem" ou "mal"...
Esse mesmo complexo também se manifesta nas relações interpessoais. Manter distância emocional de pessoas que sofrem dessa ilusão de grandeza é essencial para evitar ser arrastado para a mesma inquestionabilidade que pode criar-se em ambientes tóxicos...
A ideia do "super-homem" de Nietzsche, embora fascinante, é unilateral e conduz ao sofrimento, pois desconsidera a dimensão humana da existência. Bento XVI, ao alertar sobre esse perigo, afirmou: "Onde a ação humana já não corresponde à existência humana, a verdade transforma-se em mentira"...
Embora não seja adequado comparar a cólera com a peste, cabe perguntar: qual o maior mal? O conservadorismo de Trump ou o socialismo materialista que nos colocou num labirinto sem aparente saída?
No passado, a sociedade contava com intelectuais que forneciam orientação e autoridade moral, muitas vezes em oposição aos governantes. Durante séculos, a Igreja desempenhou esse papel. Atualmente, no entanto, os meios de comunicação substituíram esses intelectuais e alinharam-se aos interesses dos governantes, limitando-se a promover discussões superficiais entre opositores rivais...
O extremismo narcísico apoiado pelo grande capital leva as grandes potências a lutar pela hegemonia e dificulta uma política de bem comum. Assim o que restará para o povo é o que fica dos militares e da luta das corporações económicas entre si...
O desafio é substituir a ilusão de grandeza pela humildade de reconhecer os nossos limites e agir em harmonia com os outros. A resposta à crise não está na subordinação de todas as ações à economia, como defende Trump, mas no resgate de uma cultura baseada no "nós", que valorize a compaixão, a reflexão crítica e o respeito pela condição humana (“amor ao próximo”).
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9943
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
"ROMA" E "BRUXELAS" EM DIÁLOGO
Era uma noite fria e silenciosa em Bruxelas. As estrelas pareciam distantes, como se também elas tivessem perdido a fé na Europa. No coração da cidade, onde as instituições da União Europeia se erguiam imponentes, duas figuras marcantes se encontravam frente a frente: Roma e Bruxelas. Não eram meros lugares ou cidades, mas entidades personificadas, símbolos de duas forças em tensão constante: Roma, personificação da tradição, da história e das raízes da civilização ocidental, e Bruxelas, símbolo da modernidade, da burocracia e da busca por uma unidade frágil.
Roma, de vestes douradas e olhar sério, trazia em si o peso da história e da tradição. Falava em latim puro, reminiscente das colunas que sustentaram impérios e doutrinas de sustentabilidade. Bruxelas, vestida de vidro e aço, emanava pragmatismo e progresso, discursando numa multiplicidade de línguas, sempre diplomática, mas esgotada na busca de consenso. "Vejo que continuas a tentar construir um império sem alicerces", disse Roma, com uma voz que ecoava séculos de sabedoria. "A tua torre de Babel desmorona-se, e ainda assim insistes em subir mais alto."
Bruxelas respondeu, com um tom defensivo: "Não entendes, Roma. O mundo mudou. Precisamos de unidade, de progresso, de superar as divisões que nos enfraquecem. A Europa já não pode viver de mitos e tradições. "
Roma sorriu, mas havia tristeza no seu olhar. Suspirou e observou as multidões que passavam. Cada rosto era uma expressão do caos ordenado que Bruxelas tentava manter. No entanto, por baixo das fachadas modernas, percebia-se uma fragilidade crescente, uma sociedade cada vez mais desconectada de suas raízes. "Unidade? Progresso? Diz-me, Bruxelas, o que é progresso sem sabedoria? O que é unidade sem identidade? Vejo em ti o mesmo complexo que afligiu tantos impérios antes de mim: a crença na omnipotência, na infalibilidade. Vocês acham que podem governar sem olhar para trás, sem aprender com os erros do passado."
Bruxelas cruzou os braços, revelando incomodação. "Não somos como tu, Roma. Não cairemos na arrogância dos deuses. Temos instituições, leis, um sistema que nos protege dos excessos."
Roma riu, numa gargalhada que ecoou como um trovão. "Protege-vos? Ou aprisiona-vos? Vejo em vossos líderes a mesma vaidade que outrora condenou os meus. Eles acreditam que podem controlar tudo, desde a economia até à natureza humana. Mas o que fazem quando a crise chega? Culpam-se uns aos outros, fecham-se em dogmas, e recusam-se a ver a realidade."
Bruxelas olhou para o chão, hesitante. Sabia do que Roma falava. A Europa, outrora ciente de suas limitações, agora vangloriava-se de uma falsa omnipotência. Os seus líderes, convencidos de sua infalibilidade, impunham dogmas sociais e políticos sem espaço para debate ou reflexão crítica. Nos corredores do poder, qualquer oposição era reduzida a um maniqueísmo simplista: ou se estava com o progresso, ou se estava contra ele. "Talvez tenhas razão em parte. Mas o que sugeres? Voltar ao passado? Abandonar tudo o que construímos?"
Roma aproximou-se, colocando uma mão no ombro de Bruxelas. "Não se trata de abandonar, mas de recordar. A Europa foi construída sobre três pilares: a razão de Atenas, a fé de Jerusalém e o direito de Roma. Vocês esqueceram-se disso; na ânsia de criarem uma ordem perfeita, negligenciaram a humanidade do próprio povo. Em vez de humildade, escolheram a arrogância. Em vez de compaixão, escolheram o cálculo. Em vez de união verdadeira, criaram uma ilusão de uniformidade."
Bruxelas suspirou, e pela primeira vez, sua voz pareceu frágil. "E agora? Como saímos deste labirinto?"
Roma olhou para o horizonte, onde o sol começava a despontar. "Reconhecei as vossas limitações. Aceitai que não sois deuses, mas humanos. Reencontrai as vossas raízes, não para repetir o passado, mas para entender quem sois. E acima de tudo, cultivai a humildade. Como disse um dos vossos pensadores, 'onde a ação humana já não corresponde à existência humana, a verdade transforma-se em mentira'.(1)"
Bruxelas ficou em silêncio por um momento, refletindo. Bruxelas sentiu um calafrio. Sabia que Roma tinha razão. Na sua sede por uma sociedade perfeita, os líderes europeus haviam criado bolhas ideológicas, alimentadas por um ciclo mediático que apenas reforçava o pensamento dominante. Não havia mais intelectuais independentes, apenas burocratas e comentadores que repetiam o que era conveniente. "E se falharmos?"
Roma sorriu novamente, desta vez com uma centelha de esperança. "Então a Europa, como tantos impérios antes dela, será apenas mais uma lição para o futuro. Mas ainda há tempo. A escolha é vossa. Precisamos de líderes que saibam ouvir, que compreendam que governar não é impor, mas servir. Que aceitem que nem tudo pode ser controlado e que a sociedade precisa de raízes para florescer "
Bruxelas olhou para Roma e, por um instante, sentiu o peso da sua responsabilidade. A crise que se espalhava pelo continente não era apenas económica ou política — era espiritual. A Europa havia perdido a sua identidade na ilusão da omnipotência.
E assim, os dois espíritos se despediram, enquanto o sol iluminava as ruas de Bruxelas e o vento soprava entre as estátuas antigas e os edifícios modernos. A cidade continuava a mesma, mas algo havia mudado. Talvez, pensou Bruxelas, fosse hora de olhar para trás, não com nostalgia, mas com humildade, e encontrar um caminho que unisse o melhor do passado com as possibilidades do futuro.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9940
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
A Vitória da Direita na Alemanha na Continuidade da Estrutura Política
O "populismo" de cima triunfa sobre o populismo de baixo
Os resultados das eleições federais (contagem de 24.02.2025), em comparação com as eleições de 2021, mostram uma mudança significativa no cenário partidário:
• SPD: caiu de 25,7% para 16,41%
• CDU/CSU: subiu de 24,10% para 28,52%
• AfD: subiu de 10,3% para 20,80%
• Verdes: caíram de 14,8% para 11,61%
• Linke: subiu de 4,9% para 8,77%
• FDP: caiu de 11,5% para 4,33%
• BSW: 4,97%
• Outros: 4,58%
... A CDU/CSU e a AfD, juntas, alcançariam uma maioria absoluta (317 assentos). No entanto, devido a barreiras antidemocráticas interpartidárias, essa coligação é inviável. Outras possibilidades incluem uma coligação de três partidos (CDU/CSU, SPD e Verdes), que teria 374 lugares, mas que poderia enfrentar dificuldades semelhantes à coligação anterior entre FDP, SPD e Verdes. Tanto SPD como os Verdes sofreram perdas eleitorais significativas, reflexo da insatisfação popular também com o governo anterior. A colaboração com os Verdes, em particular, gerou uma polarização no país, impulsionada por campanhas ideológicas e mobilização de ONGs associadas a esses partidos...
A AfD consolidou sua posição como uma força relevante no parlamento, obtendo 20,6% dos votos, apesar de campanhas contrárias promovidas por setores dos media e do governo...
O aumento da insegurança social, especialmente ligada à criminalidade islâmica, e a percepção de indiferença por parte dos governantes explicam o crescimento da AfD...
A direita venceu, mas os acordos interpartidários impedem uma mudança efetiva na estrutura de governo, adiando as transformações desejadas pelo eleitorado.
A rejeição da CDU/CSU a uma aliança com a AfD reflete a influência do establishment político e mediático. Se Friedrich Merz, líder da CDU, optar por governar com os Verdes, é possível que seu futuro como chanceler seja comprometido e que a AfD continue a crescer...
A transferência de votos do SPD, FDP e Verdes para a AfD indica um descontentamento crescente com o status quo. No entanto, a elite política e os meios de comunicação continuam a ignorar esses sinais, mantendo as suas alianças e a sua agenda, enquanto a população aguardará uma nova oportunidade para expressar o seu descontentamento nas urnas.
As conversações de Merz - próximo chanceler - serão difíceis e sem hipótese de dar resposta à mudança aspirada atendendo ao radicalismo em que a actual Alemanha se encontra.
Uma coligação CDU-AfD seria a mais democrática. Caso contrário, continuaremos a ver vermelho em vez de seguir a razão!
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9932