Por António Justo
O exemplo de um português a fazer
carreira no Público alemão
Marcus da Glória Martins, luso-germano, porta-voz da polícia de Munique,
foi considerado nos Media alemães, o rosto da segurança e da serenidade, na
sexta-feira (22.07.16), dia em que o alvoroço se espalhava nas ruas de Munique
e a insegurança se ia alastrando nas almas de uma Alemanha amedrontada pelo
atentado (amok).
Enquanto
o medo da morte corria pelas estradas de Munique e o caos se empilhava na
estação do comboio, por toda a parte se via a polícia, sem pânico, empenhada na
defesa do cidadão.
Neste
cenário viu-se o rosto sereno e ouviu-se, a voz calma e suave do
luso-descendente nas TVs a transmitir um sentimento de segurança.
O
porta-voz Martins, pacato, concreto e soberano, respondia aos repórteres
apontando só para os factos, objectando contra certos boatos rápidos que se
espalhavam como o vento através do Facebook, Twitters e dos Media
interessados na informação apressada. Apesar de tudo, o luso-alemão, espontâneo
e eloquente, não fugia às perguntas dos jornalistas, num momento difícil: o
medo de que tudo poderia acontecer.
No
Facebook, Marcus Martins, com a virtude da humildade e a consciência
comunitária que fizeram Portugal grande, respondeu com simplicidade, à
chuva de louvores que recebia: ”Não se trata da minha pessoa. Sim, é verdade
que fui o rosto. Mas o desempenho não me cabe a mim “.
O
lusodescendente tem dois filhos e trabalha desde há 23 anos na polícia.
Escolheu a profissão motivado pelo dinheiro mas depressa começou a ter alegria
na profissão que exerce. Foi louvado também em todo o mundo pelo seu twitar
durante o atentado no centro comercial Olimpia de Munique e no McDonald’s ao
lado.
Glória
Martins, pode ser um estímulo para muitos portugueses fazerem carreira na
administração alemã e nos partidos políticos alemães!
O Amok de Munique
O
massacre (Amok = “matar com fúria cega”, com acessos de loucura) foi preparado
e executado por um germano-iraniano de 18 anos que matou 8 jovens, uma senhora
e se suicidou, por fim. Executou o seu plano nas pegadas de Breivik que, cinco
anos antes a 22 de julho, tinha feito 76 mortos na Noruega.
Filhos
da loucura, alimentados por doutrinas loucas, matam inocentes semeando a dor
nos corações de imensa gente.
Os
assassinos (Amok) são pessoas que, geralmente, sofrem da falta de
reconhecimento familiar e social. Ruminam a existência em torno da pergunta
“Quem sou? Quem precisa de mim”. Muitos jovens não encontram resposta
a estas perguntas e ao passarem por situações de estresse e de atitudes
injustas, devido ao seu estado inseguro e depressivo, reagem à humilhação com a
vingança. Em psicologia também uma criança que se tenha sentido o ídolo da
família mas não tenha aprendido a tratar com as dificuldades também pode chegar
ao suicídio.
A
criminóloga Britta Bannenberg é de opinião que “os criminosos (amok)
ampliam a sua auto-imagem narcisista e desvalorizam os seus semelhantes”.
Nota-se
nas redes sociais e nos Media muita gente perdida à procura da culpa esquecendo
que ela se encontra também debaixo da pele de cada um. A satisfação da culpa
encontrada comunga muitas vezes da mesma agressão escondida, embora educada. A
culpa é a dívida do remorso que aumenta a impaciência e com ela a infracção.
Em Ansbach 1° atentado suicida islâmico na Alemanha?
À
beira do festival de Verão em Ansbach, na Baviera, no Domingo (24.07) deu-se a
primeira tentativa de atentado suicida islâmico na Alemanha. Desta vez o
criminoso é um refugiado sírio de 27 anos que vivia há dois anos na Alemanha.
Não pôde entrar no areal do concerto com a sua mochila, por não ter bilhete de
entrada, o que poupou a vida a muita gente. O terrorista activou os explosivos
matando-se a si e ferindo 15 pessoas, três delas em estado grave.
No
dizer do ministro do interior da Baviera o suicida anunciou o atentado num
vídeo em nome de Alá e “Não há dúvida que se trata de um ataque terrorista de
fundo islâmico e de convicção islâmica do criminoso” ; este tinha contacto com
os salafistas.
O ministro do interior mostrou-se muito preocupado porque estas e outras
podem levar as massas a colocar refugiados no rol de suspeita generalizada. A
população cada vez tem mais medo de a política importar os problemas do Médio
Oriente. A
frustração contra o “estabelecimento” político cresce.
Um
atentado na Alemanha tem mais consequências do que noutro país porque os
partidos têm bastante “respeito” ao povo – sabem que do seu comportamento
depende os votos nas eleições!
A
Alemanha vive no problema entre as garantias constitucionais, leis vigentes e
as exigências de um povo amedrontado que em grande parte vê a cultura de
boas-vindas fracassada. Por isso cada vez se exige mais emprego de pessoal
pelas instituições do Estado e um reexame de muitos casos de exilados. Os
esforços da Alemanha neste sentido já se encontram desgastados, dado na
Alemanha também haver muitos alemães a viver na pobreza e estes comparam-se
muitas vezes com os refugiados! Não chega ter um Estado rico, é preciso ter um
povo pelo menos remediado!
Este é
o terceiro atentado na Alemanha numa semana; o primeiro foi em Würzburg onde um
refugiado de 17 anos do Afeganistão feriu, num comboio, cinco pessoas com um
machado; ele queria “matar os incrédulos „. Segundo o MMerkur.de,
inquéritos mostram que, da população muçulmana jovem na Alemanha , um em cada
cinco defende a aplicação da violência na imposição do Islão.
As
flores colocadas em homenagem às vítimas murcharão como as culpas atribuídas a isto
ou àquilo até que surjam novas flores a testemunhar o odor da vida.
A
sociedade assistirá cada vez mais a horas da violência, do medo e das lágrimas.
Horas destas são gritos à vida, à misericórdia e ao amor
António da Cunha Duarte Justo
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