domingo, 24 de julho de 2016

SEM O REINO UNIDO A POLÍTICA ALEMÃ FICA EM MINORIA NO CONSELHO DA UE


Reforço das Posições minoritárias do Conselho?! Portugal em Perigo?
António Justo
Muitos alemães andam bastante desiludidos com o Brexit. Agora a “fracção do sul”, em torno da França, passa a ter uma posição determinante dentro do Conselho da UE na determinação dos seus destinos; a Alemanha perde os 29 pontos da sua aliada GB. Enquanto os países do Norte apostavam na força da economia (liberalismo económico) e no reformismo, os do Sul desafiam mais o Estado que querem mais forte e consequentemente com uma política mais proteccionista.

O grande problema alemão surgirá da falta do Reino Unido na UE, porque, segundo a constituição da UE, bastam 35% dos votos dos Estados membros para bloquear as decisões. A França passa assim a ter mais poder e, deste modo, poderá, com os membros do sul, fomentar o proteccionismo, retardar as reformas e talvez conseguir um Euro mais fraco. Consequentemente, a Alemanha passará a ter uma posição minoritária no Conselho Europeu. Por isso fará tudo por tudo para que se faça uma mudança do contrato da UE no sentido de voltar a introduzir o fortalecimento das posições minoritárias. (Por outro lado a França está muito dependente da Alemanha, o que a não tornará muito fidedigna na qualidade de defensora dos interesses dos estados dos sul).

O Prof. Dr. Hans-Werner Sinn adverte a Alemanha para intervir no sentido de fortalecer a sua posição em relação à nova constelação de forças entre os Estados membros depois do Reino Unido abandonar definitivamente a UE, o que acontecerá certamente em 2019. As negociações do Brexit começarão no Outono e prevê-se que se prolongarão por dois anos. A GB está interessada em colocar a sua economia em fraldas enxutas, neste espaço de tempo; não é mero acaso o facto de a primeira visita ao estrangeiro da chefe do governo britânico ter sido à Alemanha, onde foi recebida com honras militares.

Perderá Portugal perder o seu potencial futuro?

O Reino Unido, como potência europeia de grandeza comparável à França e à Alemanha ao pretender sair da UE talvez o faça também por razões de poder soberano e de influência muito concretas. A razão fundamental do Brexit veio da política de refugados na UE e das consequentes medidas para limitar a soberania dos países. A Inglaterra sabe bem que se continuasse na UE teria muito provavelmente, também ela, de colocar o muito do seu mar à disposição de Bruxelas (UE) que com o argumento de criar uma fronteira comum contra os refugiados se apoderaria dos mares que pertencem de momento aos Estados ainda em parte soberanos! (Coitado de Portugal! Com a UE perdeu já a pesca e as indústrias de roupas e calçado mas com tal medida perderia o seu futuro!). 

As grandes potências são eficientes nas suas estratégias e na preparação exímia dos acordos; seria de esperar que as elites dos Estados membros mais fracos, desta vez, estejam mais atentas para que futuros acordos não sejam feitos à custa da EU ou dos países menos atentos; doutro modo tornar-se-ia indiferente o pertencer ou não pertencer à UE. Ângela Merkel e Theresa May procuram ganhar tempo, o tempo que faltará a Bruxelas para poder pensar com a cabeça dos povos da Europa! 

 “Não só de pão vive o homem” (Mt 4,4)! Os ingleses estão preparados para serem mais senhores deles mas também para apertarem o cinto: talvez se fechem um pouco ao mundo para se abrirem um pouco mais a ele! Quanto a problemas, como de costume, o povo suportá-los-á. Segundo uma investigação referida na imprensa alemã, 600.000 pessoas britânicas especializadas tencionam continuar a sua carreira profissional num outro país da UE; isto significaria um arrombo para a indústria britânica. A desunião da Europa fortalece outras potências na concorrência pelo poder económico, político e cultural num momento da História em que cada nação está dependente das outras. A Europa precisa porém de um grande abanão para poder acordar para a sua missão de caracter integral e inclusivo. Com a experiência das duas grandes guerras e nas figuras de Hitler e de Estalin a Europa autêntica acabou; poderia recomeçar de novo com uma Alemanha genuína (Infelizmente a Alemanha apenas se preocupa com a economia europeia sem ter em conta a defesa da sua cultura (também do idealismo alemão que atraiçoa!) Pelos vistos a UE tem em vista a destruição das possibilidades de futuro das soberanias menos poderosas!

A Europa é um mosaico de mentalidades diferentes. Os latinos são crentes do Estado; os germânicos reconhecem-no como pai mas confiam no próprio trabalho, na inovação tecnológica e na concorrência. Falta aos dois blocos a redescoberta da alma que os uniria no respeito por diferentes mentalidades.

Uma curiosidade

o Reino Unido e a Alemanha são governados por filhas de párocos: Theresa May e Angela Merkel determinam a marcha da Europa. As mulheres encontram-se na avançada também no FMI e os USA também passarão, certamente, a ser governados por uma mulher. Apesar da presença feminina relevante domina na política e na economia o espírito masculino protestante! (Talvez se consiga um equilíbrio social da masculinidade e da feminilidade na Europa quando os padres católicos poderem casar!)

Margaret Thatcher dizia: “Se quiseres que alguma coisa seja falada, pergunta a um homem; se quiseres que alguma coisa seja feita, pergunta a uma mulher.” Tem-se a impressão que os homens andam a viver à custa dos galardões anteriormente conquistados. A sua soberania continua visível numa sociedade de estruturas masculinas muito embora assumida por mulheres!

*Distribuição dos votos do Conselho da EU (órgão deliberativo)
França, Alemanha, Itália e Reino Unido têm 29 votos cada; Espanha e Polónia: 27 votos; Roménia:  14 votos; Países Baixos: 13 votos; Bélgica, República Checa, Grécia, Hungria e Portugal: 12 votos; Áustria, Bulgária e Suécia: 10 votos; Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Lituânia e Eslováquia: 7 votos; Chipre, Estónia, Letónia, Luxemburgo e Eslovénia: 4 votos; Malta 3 votos.
António da Cunha Duarte Justo

6 comentários:

Anónimo disse...

Prefiro dizer não, em seguimento atento, ao NÓS. Que aprecio, respeito e sigo tais pensamentos. Sempre. O momento político dividirá mais tachos requeridos, pela sobrevivência, do que atenções de alerta sobre este pobre Estado, Portugal. Um País cheio de tudo, apenas falta a cultura…. dependerá esta.. dos regimes. Que mandei prá, pró.. ,raios que me partam. Tá. Serei de quem quizer..Amigos.. Afinal. sabendo, vivendo, atentando, achno que os nossos concidadãos.. não precebem do Paíos, onde estão. Assim percebi, há 40 anos.voltando, em respeito, para ,Mafra/Angola.. ahahah um banho ao cão, adonde quieran.. A Cidadania que respeito, que fiquem abraçados. Sempre.
Marceano Vasconcelos
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Anónimo disse...

Isto esta a ficar lindo !!!!!….Que Deus ilumine estes Homens ;;Boa noite e muito obrigada por ter partilhado ;um abraço
Mimi Gonçalves
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António da Cunha Duarte Justo disse...

Sim, Mimi,
escrevi o artigo na esperança de em Portugal os nossos políticos e a opinião pública estarem mais atentos aos contratos que assinam. Depois de assinados, o povo queixa-se da Europa, quando o problema vem da assinatura de contratos que depois se têm de cumprir!

Anónimo disse...

Chamam a isso democracia?
Jose Luis Esteves
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António da Cunha Duarte Justo disse...

Quanto à chave de votação do Conselho da União Europeia (Conselho dos Ministros) estes são os votos do Conselho da União Europeia que representa os governos da UE. É a Câmara dos Estados da UE ao lado do Parlamento Europeu – a Câmara dos Cidadãos! Cada estado tem um peso de votação diferente devido ao número dos seus habitantes.
O total de votos da União Europeia dos 28 governos é 352

Anónimo disse...

Democracia e proporcionalidade andam de maos dadas, para mim acho correcto, o problema sera porque que os povos votam nos seus governos com uma agenda Liberal e logicamente isso se reflecte na distribuicao Europeia, se nao gostarmos paciencia, em Democracia e a Maioria que ganha, resta nao desistir e lutar pelos ideais de cada um, Fair Enough.
Manuel Mendonca
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