O Estado alemão cultiva a relação humana com os seus cidadãos
António Justo
Na Alemanha é tradição os presidentes da República apadrinharem crianças de
famílias numerosas a partir do sétimo filho. O Presidente cessante Joachim
Gauck tornou-se padrinho de honra de 2.711 crianças, durante o seu mandato.
Trata-se de um apadrinhamento honorário tradicional que não implica
automaticamente uma ajuda direta à criança ou à família.
A ajuda pode consistir na mediação entre os organismos competentes e a
família numerosa. O Presidente
assina um documento de apadrinhamento da criança, que é enviado à família, tal
como acontece com os casais que celebram o 60° aniversário de casados.
Uma das últimas acções no cargo
do Presidente foi o assumir o apadrinhamento de uma criança de dez meses de
idade, de Fuldatal. Neste caso o presidente da Câmara de Fuldatal entregou o
documento assinado pelo presidente e entregou 500€ para apoio de despesas no
jardim infantil.
Os eventos são referidos na imprensa local. Deste modo a sociedade alemã
presta homenagem aos eventos, à família e às crianças. Em tais circunstâncias a
imprensa aproveita para referir problemas específicos, por exemplo: o problema
da habitação, alojamentos e outras necessidades de famílias numerosas.
A relação Estado-cidadão não se extingue no
contribuinte-votante
Como se vê e noutros casos parecidos, o Estado alemão está a atento mesmo
ao pormenor e interessado em manter o elo de ligação familiar entre a
instituição Estado e o povo.
Veja-se neste sentido também: “Os Municípios alemães
empenham-se no Cultivo da Cidadania” http://antonio-justo.eu/?p=2317
A Alemanha revela, a nível institucional, uma responsabilidade e empenho
que constitui exemplo para outros países.
Deixa-se orientar por valores fundamentais e costumes tradicionais que lhe conferem
humanismo e consistência. Outros países, perderam certas tradições, por um
lado, por inconsciência e por outro, por se terem aninhado nas suas estruturas
estatais, forças ideológicas sem consciência do que é um Estado orgânico. Mais
que um organismo funcional, é um organismo vivo, com funcionários pessoais. com
instituições orgânicas e tradições, inseridas no povo que lhe dão personalidade
natural e mítica.
A Alemanha, com a exceção da época nazista, sempre se orientou por vistas
largas, realismo e acção que a coloca na vanguarda dos povos. Consegue fazer uma união eficiente da
consciência individual com a consciência social e da razão com o coração.
António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Espírito
no Tempo http://antonio-justo.eu/?p=4196
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