A UE não regista insultos porque o registo não traz lucros
António Justo
O presidente da Turquia continuou o rol das suas ameaças grosseiras
contra a Alemanha, contra a Holanda e contra a Europa. Vendo que países europeus
impedem políticos turcos de fazerem comícios pelo “sultanado de Erdogan” a
instalar através do referendo, Erdogan perdeu a decência política e depois das
comparações da Alemanha com os tempos nazis, usa a linguagem do Daesh contra os
europeus. No dia do atentado em Londres, Erdogan ameaça: "Se continuardes a comportar-vos assim, amanhã não haverá um
único europeu, nem um único ocidental, que em qualquer lugar do mundo possa
estar seguro e possa dar um passo com calma na rua".
Disse
também que depois do referendo quer rever todos os acordos com a Europa,
excepto os relativos à economia e administração.
Erdogan fala assim porque sabe o potencial que tem espalhado pela Europa
e (especialmente na Alemanha) e por outro lado conhece o interesse da Europa
(dos países exportadores) no negócio de clientes que a Turquia representa com
uma população de 80 milhões. A Turquia tem 1,5 milhões de eleitores turcos
na Alemanha, numa população de cerca de 3,5 milhões. Nas últimas eleições da Turquia
Erdogan conseguiu 60% dos votos da Alemanha, uma percentagem superior à que
conseguiu na Turquia. Por isso aposta tanto nos turcos da diáspora que
vivendo em países democratas não se importam com o fascismo crescente no seu
país. Erdogan fala assim porque conta com a fidelidade dos turcos com dupla
nacionalidade; ele sabe que o muezim (almuadem) já faz o apelo público para a oração
três vezes ao dia em Rendsburg, Schleswig-Holstein na Alemanha. Tem os imames que
são funcionários do Estado turco espalhados por toda a Alemanha nas mesquitas e
estes são os garantes da turquidade e do islamismo na Alemanha.
Erdogan tem sucesso no seu intento fascista e na islamização da Turquia
porque além de estimular a economia aposta na cultura turca.
O presidente turco está consciente que os europeus vendem a alma por
dinheiro. Por isso não reagem contra Erdogan, apesar de tantas barbaridades
cometidas nos últimos anos e de tantos ataques verbais à Europa. Os países
europeus usam dois pesos e duas medidas em relação à Rússia e à Turquia, apesar
de a Rússia ser o parceiro natural da Europa, ao contrário da
Turquia.
A Turquia, embora
seja membro da NATO, compra armas à Rússia e abusa das estacionadas da NATO para
afirmar interesses turcos na Síria e Iraque. Erdogan
é um déspota que pode ser qualificado de grosseiro e mal-educado para com os
parceiros europeus, mas como os conhece de ginjeira sabe que o que diz não terá
consequências. Como demagogo está interessado em fomentar na Turquia uma imagem
dos europeus como inimigos e bichos-papões; assim poderá mobilizar o nacionalismo,
que descansa no povo, e alcançar mais adeptos para o seu projecto de obter
poderes ditatoriais cobertos pela Constituição.
©
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas
do Espírito no Tempo http://antonio-justo.eu/?p=4209
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