sábado, 17 de abril de 2021

A RESPEITO DA PRECOCIDADE DE EVA E DO SEGUINTE POSTER

 

 “Ele comeu mais uma mulher”

 

 

Uma certa masculinidade exacerbada costuma usar a expressão “comer” também para indicar o coito com uma mulher!

Independentemente de um homem comer uma mulher ou de uma mulher engolir um homem, para não considerar essa expressão de mau gosto, posso vê-la relacionada com as recordações inconscientes das práticas comuns aos  animais que sentiriam um certo prazer-ternura ao mastigar a presa!!! Certamente um carinho que terá levado o homo sapiens a não ter apenas uma dedicação carnal!

Se Adão tivesse “comido” a Eva antes de Eva o ter acordado para a razão (capacidade de diferenciar) ainda hoje continuaríamos no paraíso terreal dos animais! O grande mérito de Eva (a mulher)  em relação a Adão (homem) é tê-lo arrastado do ciclo instintivo meramente automático animal, passando os dois a viver na tensão que mantem mulher e homem em relação de complementaridade!

Esta tensão (cumulada no orgasmo) e o desejo de superação da morte são os grandes factores de desenvolvimento humano!

O apetite sexual mais latente no homem também se revela na expressão “comer uma mulher com os olhos!  Talvez seja este o rito inicial para a conquista da pessoa! Isto, porém, não legitima ninguém a considerar a mulher como objecto de colecção!

O instinto sexual engloba mais que o mero instinto de posse ou de redução da mulher a um objecto!

Independentemente da gíria usada, é significativa a relação do consumar (consumação) no casamento sem termos de ser necessariamente canibais! Seguindo a lógica implicada no “comer” teríamos aqui o alimento consumado na união, no matrimónio, comendo-se um ao outro!

Fundamental nas relações sexuais é a atitude de respeito, amor e  de pertença recíproca onde desejos e necessidades se complementam mutuamente!

Que principalmente as mulheres se insurjam contra o uso de tal expressão é legítimo e mais que natural, atendendo à conatação machista que contem!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6439

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