Francisco pede à juventude para interferir na vida
António Justo
A Jornada Mundial
da Juventude 2016, de 26 a 31 de julho na Polónia, terminou com uma missa
campal onde participaram 2 milhões de pessoas. Os habitantes de Cracóvia
hospedaram em suas casas e em escolas, durante seis dias, mais de meio milhão
de jovens peregrinos vindos de mais de 180 países.
As cinco mensagens do Papa em Cracóvia
Mensagem da
mobilização: Os jovens aclamavam o papa como se fosse uma estrela pop. O Pontífice
convidou-os a deixarem o “sofá da felicidade”. “A verdade é outra: queridos
jovens, não viemos a este mundo para vegetar, para passá-la comodamente, para
fazer da vida um sofá no qual adormecemos. Ao contrário, viemos para deixar uma
marca”.
Mensagem da
solidariedade com os refugiados: O Pontífice apelou aos Estados para “a prontidão para receber aqueles que
fogem à guerra e à fome” e cujos direitos fundamentais foram roubados e como
tal precisam da nossa solidariedade. O governo de Cracóvia não terá gostado
muito destas palavras do Papa, dado, até agora, com medo a importar terrorismo,
só estar disposto a receber perseguidos cristãos.
Mensagem do
silêncio: A sua atitude de silêncio na visita ao
campo de concentração de Auschwitz-Birkenau tornou o mundo atónito. As imagens do
seu andar através dos areais da morte calam fundo; nele o silêncio do
sofrimento peregrinava com ele como que num eco de tanta violência e injustica ainda
hoje continuada. Em Auschwitz o silêncio grita! No fim do seu deambular,
Francisco I escreveu no livro de visitas: “Senhor,
perdoai-nos tanta crueldade”.
Mensagem da rebelião: “Queridos jovens,
não viemos ao mundo para entrar em vegetação, para nos tornar confortáveis,
para fazer da vida um sofá que nos embala”.” Interferi, levantai a vossa voz,
não sejais enfadonhos, nenhuns Couch-Potatoes”. “Eleitos são todos aqueles que estão dispostos a partilhar a sua vida
com os outros”.
Mensagem de Paz: “Não queremos vencer
o ódio com mais ódio, vencer a violência com mais violência, vencer o terror
com mais terror. A nossa resposta a este mundo em guerra tem um nome: chama-se
fraternidade, chama-se irmandade, chama-se comunhão, chama-se família.” Deus sonha na nossa vida, em nós e connosco”. “Provavelmente, o
sofá-felicidade é a paralisia silenciosa que mais nos pode arruinar; porque
pouco a pouco, sem nos darmos conta, encontramo-nos adormecidos, encontramo-nos pasmados e entontecidos
enquanto outros – talvez os mais vivos, mas não os melhores – decidem o futuro
por nós.”
Um desafio à juventude: construir uma “nova humanidade”
Numa linguagem adaptada aos jovens disse: “Confiem na memória de Deus: a
sua memória não é um disco rígido que grava e arquiva todos os nossos dados,
mas um coração cheio de compaixão, um que encontra alegria em apagar em nós
cada traço de maldade”. “Façam download de um bom coração”. O pessimismo é “um
vírus que infeta e bloqueia tudo”. O roteiro é o evangelho um verdadeiro “browser
para as estradas da vida.”
“Esta é a guerra! Não tenhamos medo
de dizer esta verdade: o mundo está em guerra, porque perdeu a paz”. “Uma só palavra gostaria de dizer para
esclarecer. Quando falo de ‘guerra’, falo de guerra seriamente, não de ‘guerra
de religiões’. Existe guerra de interesses, existe guerra pelo dinheiro, existe
guerra pelos recursos da natureza, existe guerra pelo domínio”.
“As pessoas podem apelidar-vos de sonhadores, porque acreditais numa nova
humanidade, uma que rejeita o ódio entre povos, uma que recusa olhar para as
fronteiras como barreiras e preserva as suas tradições sem ser egocêntrico ou
tacanho.”
Enquanto uns
trabalham na construção de muros os melhores trabalham na construção de pontes.
A próxima Jornada Mundial da Juventude realizar-se-á no Panamá em 2019.
António da Cunha Duarte Justo
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