sexta-feira, 5 de agosto de 2016

UM EXEMPLO DE ÉTICA REPUBLICANA SOCIALISTA APLICADA – GOVERNO ABSOLVE A CORRUPÇÃO



Governo cúmplice com 3 Secretários de Estado considera o “caso encerrado”

Por António Justo
Os secretários de Estado Rocha Andrade, João Vasconcelos e Jorge Costa Oliveira, do governo de António Costa, foram assistir a jogos do Europeu a convite e à custa da GALP! O Governo em vez de demitir os seus representantes, torna-se cúmplice com eles ao considerar o “caso encerrado” ( observador ); para continuar a enganar o povo, promete fazer um “código de conduta” moral, como se os privilegiados da república não precisassem de se submeter a leis mas apenas a recomendações morais da classe. De facto o Governo Geringonça concretiza uma ética republicana à portuguesa num imbróglio, do qual tem bem vivido uma elite “esclarecida „formada nas pegadas do Marquês de Pombal e fomentada principalmente pelos homens do avental a agir a partir das cavernas da república.

O SEAF justifica a “boleia” recebida com o argumento do povo corrupto e dos costumes

É especialmente grave o facto de o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, se ter aproveitado da "boleia" da GALP apesar de a pobre GALP, que o convidou, andar em conflito com o Estado por dever ao fisco 100 milhões de Euros. E o SEAF ainda não se demitiu nem o governo se incomoda com os estragos porque, na sua autossuficiência esclarecida, sabe que um republicanismo esquerdista tem o povo bem açamado e, como tal, sem alternativas. Esta atitude mostra que o espírito corrupto é considerado normalidade no republicanismo português. 

Pior ainda, o SEAF, como diz a Sábado, considerou "com naturalidade, e dentro da adequação social, a aceitação deste tipo de convite”. Em texto claro diz: o que fiz é legitimado por um povo corrupto como eu porque, o que fiz, fi-lo “dentro da adequação social”.
 
Num país em que se passa, sem mais, de altos cargos públicos para o privado e em que a promiscuidade entre política, PPPs/ privado são factos, isto é apenas a ponta do iceberg da corrupção e da irresponsabilidade pública, que não conhece conflitos de interesses. Num outro estado democrático, a consequência seria a demissão imediata. Imagine-se o descaramento cínico do Secretário ao dizer que vai reembolsar a empresa pagando as despesas! A maior tragédia está ainda no facto da grande maioria da esquerda estabelecida assumir a posição do roto a apoiar o esfarrapado! Meu Deus, tanta inocência saloia a viver de coutadas ministeriais e a comportar-se de modo anti-social “como elefantes em loja de porcelana”!

Sinal da corrupção institucional: Todos os partidos não terem exigido a demissão

A distância entre a boleia e a demissão é o espaço que fica entre a corrupção e a honra!
Em política “as coisa não são o que são” e menos ainda o que deveriam ser. Por isso, os seus beneficiados só aceitam a moral passada pelos moinhos do partido ou da loja.

Alguns comentadores e estrategas da loja não vêem com bons olhos a discussão do caso considerando a demissão do SEAF um assunto reservado ao Presidente da República, “o único que teria competência para tal!” Esta, como a criação de um “código de conduta” não passam de uma tentativa para reduzir a ética do acto a um assunto a resolver entre políticos; isto é baixo e de mau gosto, equivaleria a partir-se do pressuposto que a política vive no gueto sendo já de si corrupta, ao perder a noção da realidade e dos factos e ao fabricar os próprios códigos éticos em proporções partidárias; ignorar o sucedido não passa de uma desculpa de mau pagador com uma mentalidade que confunde o cargo público com o privado (Um acto cometido no foro político tem muito mais gravidade do que no foro privado!). A única postura possível para Rocha Andrade e quem mais aproveitou da “boleia” seria a demissão, se vivêssemos num país acordado e de olhar menos fixo na manjedoura.


O que fez o SEAF e seus colegas não é mais do que o que fazem certos dignatários, ao fazer-se convidados por secções do partido, onde se chega a fazer até viagens com fins privados, receberem ajudas de custo e deixarem-se ainda pagar o jantar pela secção do partido ou por alguém em princípio de carreira! 

O problema nacional está na falta de civilidade que se alimenta da falta de honestidade, da falta de prestígio e de honra! A gravidade da questão torna-se crónica quando tais factos passam pela opinião pública e são percebidos como coisa natural, reduzível a um problema de explicação ou de justificação, e como tal sem efeitos.

Oportunistas e medrosos não gostam de cidadãos críticos 

Muitos amigos do taxo e da esquerda radical, sentem-se incomodados com a crítica pública surgida. Reagem culpabilizando os Media por terem colocado a questão à luz do dia, quando poderiam ter calado, como têm feito outras vezes! 

Temos um país de elites autoritárias e paternalistas que, na tradição portuguesa república de fundo mafioso, reservam para si a crítica, a moral e o decidir. A arrogância é tanta numa esquerda incomodada que considera a colocação do caso na discussão pública como um acto de “atirar de ossos para a matilha”. Esquecem que uma classe política, seja ela de esquerda ou de direita, que só tenha “ossos para atirar à matilha” (povo) já não tem por onde se pegue, porque de democrática não tem nada

Os donos do burgo vão atirando os seus ossos enquanto saboreiam a carne e ainda são tão cínicos e autistas que se sentem incomodados pelo barulho que o povo faz ao terrincar os ossos.

Quando os beneficiados da política consideram a crítica pública ao caso como um “achismo” subjectivo e acham que a competência crítica e a decisão de demissão deveria ser reservada ao PR, tornam-se coniventes com os seus, metendo o presidente onde ele não é chamado. Entretanto o Governo comprometeu-se aprovando o suborno de pessoas públicas (um “delito de cavalheiros”!).
É natural que cada qual acha com a sua acha, mas o que é escandaloso é que aqueles que vivem das achas do Estado se achem no direito de reservarem o machado da razão só na defesa da sua acha. Na crítica que a esquerda faz à crítica pública pretende tirar a legitimidade de crítica ao cidadão para, a jeito autoritário, a submeter aos órgãos dos comprometidos no sistema (ao código da sua ética!). Não se contentam com o proveito, querem continuar a ver a voz da ética pública reduzida à competência dos beneficiados do regime republicano jacobino dominante.

A moral do ministério quer lavar descaradamente umas corrupções em nome de outras! Por isso, cargos políticos cada vez se tornam menos atractivos para pessoas sérias. Especialmente na política encontra-se gente com mãos para tudo, mas coitada, sem força para as pôr na consciência.

É sintomática a argumentação de quem justifica a corrupção dos seus com a corrupção cometida pela outra parte. Os corruptos encontram-se sempre em boa companhia e sabem-se protegidos pelos seus “meninos do coro” contra os meninos do coro do outro lado, como se ética e responsabilidade política se deixassem reduzir a uma cantiga! Na chuva da corrupção quem se molha com ela são sempre os outros ou quem não tem o guarda-chuva do poder ou da instituição.

Em Portugal temos corporativismos de branqueamento da corrupção onde cada grupo lava a sua roupa suja mas sempre no tanque do outro! A culpa justifica-se com a culpa e consegue viver bem da culpa alheia. 

O governo geringonça fortalece o consenso que no serviço público a honestidade não entra ao serviço. Ao cidadão pertence a análise e a crítica pois dele depende a consciência nacional que fundamenta a competência para julgar o assunto, doutro modo, a competência é alienada em favor de interesses individuais e sectários.

A exigência da demissão de Rocha Andrade e dos colegas cúmplices é uma questão de ética e de civilidade e um sinal de que no país ainda há gente que não quer dar continuidade à corrupção
António da Cunha Duarte Justo

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