RECEITAS E DESPESAS DO ORÇAMENTO
DA ALEMANHA PARA 2017
Travão da dívida - Receitas 328,7
mil milhões e despesas 328,7 mil milhões €
Por António Justo
Schäuble, ministro das finanças, conta com 328,7 mil milhões de euros de
entradas nos cofres do Estado e pretende também em 2017 um orçamento federal
equilibrado, sem recorrer a dívidas.
Receitas provenientes de impostos 301,8 mil milhões, outras entradas 26,9
mil milhões.
As despesas previstas
distribuem-se 138,6 mil milhões para os departamentos “Trabalho e Social”
(reformas, desemprego, etc); 36,6 mil milhões para “Defesa”; 26,8 mil milhões para
“Transportes e infra-estrutura digital”; 20,1 mil milhões para a “Dívida” (juros);
17,6 mil milhões para “Educação e pesquisa”. Estes dados encontram-se mais
detalhados no site do governo www.bundeshaushalt-info.de
Schäuble quer manter um orçamento de estado equilibrado em que o Estado só pode
gastar tanto como o que recebe. Desde 2012 há na Alemanha a chamado “travão da
dívida” que obriga os estados federais a não recorrerem a novas dívidas para o orçamento
(excepção em caso de catástrofes da natureza e de situações de especial
necessidade). Novas dívidas são tabus.
Para despesas com refugiados estão previstos 19 mil milhões. Foram também previstos
2,6 mil milhões para apoio da segurança em medidas de fomento da polícia como
resposta à nova situação criada pelo terrorismo internacional que quer fazer da
Europa um lugar do medo e do alarme. De facto, na Alemanha notam-se menos
turistas dos USA e da Ásia devido ao medo do terrorismo.
Uma das razões
porque a Alemanha anda sempre à frente
Os estados federais mais ricos pagam todos para um Fundo de compensação
financeira do qual são distribuídas determinadas quantias para os estados alemães
mais pobres.
Com o travão da dívida a Alemanha toma medidas de precaução em relação ao
futuro para então conseguir encontrar-se em posição vantajosa aos outros
Estados. Já fez o mesmo com a agenda 10, que a colocou a Alemanha em situação
de concorrência a nível de produtos e de salários com outros países. A Agenda
2010 foi um programa de reforma do sistema de previdência alemão e do mercado
de trabalho, criado e amplamente implementado de 2003 a 2005 pelo governo
federal de esquerda que era então formado pelo SPD e pelos Verdes. Fizeram
legislação muito incidente nos sectores da política económica, da política de
educação, do mercado de trabalho, do seguro de saúde, das pensões e da política
familiar.
Na Alemanha, também os
partidos de Esquerda e os sindicatos são reivindicativos mas, quando se trata
do bem da Alemanha e do povo alemão, todos se unem na defesa dos interesses
nacionais. Embora de
esquerda, aquele governo, foi o que elaborou mais medidas restritivas, em
relação aos trabalhadores e aos contribuintes em geral. Independentemente de
uma análise a favor ou contra diferentes políticas, refiro isto, no sentido de
cada país tentar resolver os próprios problemas com diferentes políticas para
não terem de andar sempre a lamentar-se atrás dos outros. Portugal e o Brasil precisam de desenvolver uma nova mentalidade
política e social em que os interesses partidários, patronais e sindicais se
subordinem aos interesses reais do país e da sua população.
Na Alemanha, a discussão
séria pública circula toda ela em torno dos problemas reais da sociedade alemã
no contexto internacional e nela tanto esquerda como direita se sentem
comprometidos; ao
contrário do que acontece noutros países em que se assiste mais a uma esquerda
do “eu boto abaixo para poder arribar para cima”.
António da Cunha Duarte Justo
2 comentários:
Concordando, atrevo-me a acrescentar que o governo alemão é uma coligação de democrata-cristãos e social-democratas.
Jorge Rodrigues
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Exactamente, Dr. Jorge Rodrigues!
O SPD alemão não tem quase nada a ver com o PS português e os Verdes pouco têm a ver com os ecológicos portugueses. Falta-lhe o radicalismo característico da esquerda portuguesa. Segundo o que vejo, esta foi alimentada na tradição do Marquês de Pombal e da maçonaria francesa.
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