PACTO GLOBAL PARA MIGRAÇÃO
Perguntas sérias a que a Política não responde
Perguntas sérias a que a Política não responde
Por António Justo
O pacto da migração, ( “Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular”), que pretende dar resposta ao problema crucial das migrações, divide os ânimos e as nações.
O
pacto será homologado na conferência das Nações Unidas que decorrerá a 10 e 11
de dezembro em Marraquexe.
Outros
veem, no Pacto, clausulas que permitem mais um passo no sentido de se dominar e
expropriar os Estados ocidentais e do sistema de assistência social europeia, e
tudo isto na sequência de um plano de desestabilização cultural da Europa em
benefício dos árabes, (realojamento colonizador) passando este por algumas
organizações da ONU e de ONGs.
Visto
o problema sob o aspecto humano e individual, torna-se urgente uma solução para
os problemas de tantos milhões de pessoas que sofrem os horrores da guerra e da
exploração; visto sob o aspecto económico e social, todo o imigrante se torna
num enriquecimento numa Europa envelhecida; visto sob a dinâmica do confronto
de civilizações seria de se estar mais atento ao facto de se não fomentar a expansão
dos interesses da civilização árabe possibilitando-lhes a formação de enclaves dentro dos povos onde se inserem (caso da
formação do Kosovo e da Albânia em que os imigrantes muçulmanos chegaram, com o
tempo, a reprimir os sérvios dos seus lugares mais históricos).
Assim
não se pode falar de imigração em termos gerais; no que respeita à imigração
muçulmana, dado esta afirmar-se mais na imposição e auto-afirmação, seriam necessários
acordos intergovernamentais que garantissem iguais direitos de afirmação cultural
e religiosa nos correspondentes países.
Dado a
aplicação do Pacto depender da boa vontade dos governos cria-se um
desequilíbrio entre os países ocidentais de política cultural aberta e os
países de cultura árabe de politica cultural extremamente fechada.
Perguntas que surgem da leitura do texto
Não se estará a criar na Europa
(países ocidentais) um tipo de fronteiras flutuantes?
Não pretende o pacto limitar
o direito de livre expressão dos cidadãos, no que toca a manifestações de
opinião relativamente a migrantes, ao apontar, como objectivo dos países
assinantes, a luta contra a intolerância de migrantes, exigindo até o fomento
de um discurso que “conduza a uma percepção de migrantes mais realista, mais
humana e mais construtiva”?
Porque se devem os Estados
comprometer a perseguir juridicamente e aplicar penas contra pessoas que manifestem
expressões de ódio („hate crime“ ) contra estrangeiros? Não vem esta
recomendação encorajar os estados que não têm na sua constituição o direito à
livre expressão (e aos que o têm) a limitar mais ainda os direitos de expressão
livre nos meios de comunicação social? Isto é mesmo grave num documento da ONU
ao criar subterfúgios contra a liberdade de expressão!
Em que perspectiva se pode considerar a emigração como algo desejável a ponto do número oito até glorificar, a
emigração como “fonte do prosperidade, inovação e desenvolvimento sustentável”?
Não se estará com o pacto a querer uma reinterpretação da migração que pretende
generalizar o direito de “asilo” a outros grupos da sociedade (o pacto de asilo
é um outro que continuará em vigor)?
Não será que a afirmação de
que o Pacto não é juridicamente vinculativo se revela num pacote fraudulento?
Não é assim que o ponto 87 impõe compromissos que comprometem os Estados que o
assinam, por exemplo no caso de o imigrante não ver reconhecido o direito a
imigrar ter direito a advogado gratuito no país e, na consequência, os tribunais
ao tomarem decisões criam (baseadas na casuística e no acordo) novas formas de
direito para o exercício judicial no país?
Não é que ao direito formal determinado pelo parlamento se vem juntar o
direito judicial baseado em decisões de tribunais e, deste modo, a assinatura
do pacto activa direito internacional que se impõe ao direito nacional?
Não será que o objetivo do n° 8 favorece indiretamente a migração ilegal
(rotas de fuga e traficantes), ao determinar que os estados signatários se
comprometem também não só a expandir as actividades de busca e salvamento, mas
também a não qualificar de ilegal qualquer ajuda humanitária aos migrantes?
Numa
altura que se pensa em termos globais, porque é que os países árabes do Golfo
(por exemplo Arábia Saudita ) têm as fronteiras fechadas para refugiados
recusando-se também a receber os irmãos muçulmanos? Porque é que a Europa pelo
facto de ser uma cultura de reminiscências cristãs deve ter o dever moral de
dar primazia aos seguidores de Maomé?
Não estará a ONU, com este
proceder, a evitar a resolução dos problemas no lugar de origem e a desviá-los,
refugiando-se, também ela, numa política de emigração dos problemas para países
que conseguem melhor nível de vida, castigando-os assim?
Não será que o próprio Pacto (1) promove a ”expectativa a pessoas dispostas
a emigrar e alimenta assim a própria migração”?
Não
haverá outras maneiras de se resolver os problemas internacionalmente sem ter
de se recorrer à deslocação de povos de culturas diferentes e, deste modo
estar-se indirectamente a legitimar-se o modo de afirmação da guerra e da
perseguição?
Não corresponde o Pacto também a um plano de fomento da emigração para a
Europa, ao serviço do multiculturalismo contra o interculturalismo?
Porque
é que, só pouco antes do texto ser posto para aprovação em Marrocos, se inicia
a discussão apressada sem antes ter havido participação da sociedade civil nem
dos Parlamentos?
Que
medidas humanas tomam os Estados assinantes em relação à camada desprotegida da
própria população que não se pode refugiar da pobreza em que vive e considera
os novos “pobres” como seus concorrentes?
Não irá o Pacto implementar uma emigração para os sistemas nacionais de
saúde mais ricos e deste modo destruir o resultado de direitos culturalmente
adquiridos por lutas sociais em favor das camadas desprotegidas e que agora se
colocam em questão devido a uma globalização económica liberal que não tem
consideração por pessoas, países, “ecossistemas culturais”, nem pela pessoa
humana?
Não deveriam os problemas
globais que são provocados pelas grandes multinacionais e pela política das
grandes potências, aliada à má administração nos países subdesenvolvidos, ser
resolvidos por elas com mediação da ONU?
Porque não se cria um
imposto de solidariedade nos países mais ricos que seja destinado a investir
nos países de origem ou a aplicar no alojamento e formação dos migrantes e não
se recorre a medidas que obriguem a que 70% dos lucros adquiridos por uma
empresa numa região sejam obrigatoriamente aplicados nela?
Não
seria melhor adiar a assinatura do Pacto, sendo para isso tirado da ordem do
dia em Marrocos e durante dois anos ser discutido nos parlamentos e na opinião
pública?
Não é
que em nome de um humanismo legítimo e de saudar se está a acolher pessoas, mas
que estas se revelam depois como defensoras acérrimas da cultura árabe
formando, a longo prazo, guetos ao serviço do socialismo árabe?
Áustria,
austrália, USA, Israel, Hungria, Bulgária, Croácia, Polónia, República Checa e
Estónia, não aceitam assinar o pacto por razões de defesa da soberania nacional;
serão os seus motivos meramente nacionalistas?
No
reconhecimento de uma distribuição mais justa da riqueza a nível mundial,
porque é que a ONU não procura envolver também os países árabes mais ricos e o
capital das bolsas e plutocratas mundiais no desenvolvimento dos países subdesenvolvidos?
Concluindo
O pacto parece situar-nos numa política simbólica que, pretensamente, não é
vinculativa para o Estado, querendo ser um pouco mais que um alistar de declarações
políticas de intenção (auto-compromisso) no sentido de criar um consenso comum entre
os Estados, uma vez que desce a muitos detalhes.
Atendendo ao seu aspecto descritivo e generalício, chega a dar uma no cravo
e outra na ferradura para que todos os países o aceitem e o implementem à medida
dos interesses de cada um, parecendo ser mais um documento a querer corresponder
a uma agenda indirecta para legitimar discussões públicas e também ser
utilizado no sentido de uma mentalidade do pensar politicamente correcto.
Relevante para a Europa seria a questionação entre chance e ameaça que vem
da consequente islamização da Europa.
No ponto 15 o Tratado sublinha que aqueles que buscam protecção devem ter
acesso ao mercado de trabalho e às instituições de ensino durante seu processo
de admissão. Aqui parece procurar-se garantir-lhes o nível mínimo de
subsistência para poderem morar no país, o que seria humano e justo. Abstrusa,
em comparação, torna-se a legislação europeia que não permite a membros da EU
acesso a benefícios sociais, se vierem para fins de procura de emprego.
É certamente um passo na cooperação internacional para a solução dos
problemas internacionais, mas não se pode esquecer a defesa dos interesses do
Estado e do povo nacional dado que, no caso, não se parte de posições
bilaterais nem de igualdade de situações entre países, culturas e camadas
sociais.
Penso ser indiscutível que todo o ser humano, que vive num determinado
espaço, deve ser reconhecido como portador de direitos humanos, incluindo o
direito da diversidade cultural. Por isso o Estado deve estar consciente de
assumir responsabilidade também em relação a quem paga a factura a nível social.
Doutro modo, os pobres e carentes do mundo e das nações são reprimidos uns
contra os outros para deixar mais espaço para a plutocracia obrar sem limites e
à vontade.
No texto do pacto os
governos entrarem em compromissos internacionais não transparentes e que, pelos
indícios, poderão torna-se em mais numa oportunidade para alguns grupos e ONGs
prolongarem, de forma legal, a sua luta contra a cultura ocidental também neste
sector. Por vezes fica a impressão de em nome do humanismo e da humanidade
europeia se querer defraudar a Europa e seus habitantes, o que não quer dizer
que esta não tenha o dever de solidariedade com outros povos. É legítimo
questionar-se o abuso que a pretexto de humanismo serve uma luta intercultural sub-reptícia.
É preciso criar-se uma cultura de compromisso em que todas as instituições trabalhem,
primeiramente, em favor do Homem e dos seus direitos.
Com
o texto, mais que declarações de fé o que pretendo é provocar reflexão
no sentido de um cidadão cada vez mais crítico e adulto. De resto, cada
opinião é soberana em si.
António da Cunha Duarte
Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=5120
(1)
Na Alemanha houve 21
petições com o pedido de o parlamento decidir contra o Pacto. 80.000 pessoas
assinaram uma petição contra a assinatura do Pacto de Migração. (Na Alemanha quem conseguir dentro de quatro
semanas reunir 50.000 assinantes tem direito a ser convidado para apresentar a
sua solicitação no parlamento).
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