quarta-feira, 18 de maio de 2022

A ADESÃO DA FINLÂNCIA E SUÉCIA À NATO POSSIBILITA O CONTROLO DOS USA SOBRE A RÚSSIA

A Turquia ameaça vetar a entrada dos dois países na Nato

A entrada da Finlândia e da Suécia na NATO significaria para Putin um golo na própria baliza mas também acarretaria consigo uma grande complicação para a Europa que ficaria, como até ao presente, limitada aos interesses dos USA sem possibilidade de definir uma política própria. A Finlândia tem mais de 1.340 km de fronteira com a Rússia e mais de 1/3 da sua população adulta entre os reservistas das Forças Armadas. Isto significaria para a Nato a possibilidade de controlar directamente o adversário através da Europa sem que os USA se vissem ameaçados atomicamente no seu próprio território! Como reação Moscovo poderia transportar ogivas nucleares, para o enclave de Kaliningrado, o que possibilitaria alcançar capitais europeias! A chefe de governo finlandês já avisou que, em princípio, não quer armas nucleares ou bases permanentes instaladas no país!

O presidente turco Erdogan declarou que tenciona bloquear a entrada da Finlândia e da Suécia na Nato!

Erdogan defende os seus interesses movendo-se entre os sistemas de interesses e de valores da Nato e da Rússia.

No seu jogo estão incluídos conseguir unir a população em torno dele contra um inimigo de fora e os seus interesses na Síria.  Como no passado tentará pôr os interesses da Nato e da Rússia um contra o outro, para, assim, poder exigir concessões da EU e do Presidente dos EUA Joe Biden; a Turquia tem actualmente uma taxa de inflação de 70%.  Como membro da NATO, a Turquia está envolvida em guerras de agressão e ocupa os territórios de Estados estrangeiros, mas os países da NATO não querem saber disso porque se trata de defesa de interesses de um seu aliado à custa de povos fora da Europa. Em 1974, Ancara atacou a República de Chipre e ocupou 40% do seu território, tendo-se envolvido também frequentemente em escaramuças com a Grécia.

É de prever que o regime Erdogan conseguirá dos USA a venda à Turquia dos aviões caça F-16 (até agora recusados pelo facto de os USA apoiarem parcialmente os curdos ao contrário da Turquia que os combate); esses aviões serão para Ancara poder perseguir o povo curdo na Síria! A Finlândia e a Suécia, tal como a NATO, não consideram o movimento Gülen como “terrorista”, o que Erdogan exige desde há muito!...

Erdogan vê margens de negociação em detrimento dos mais fracos! A Finlândia e a Suécia, tal como a NATO, não consideram o movimento Gülen como “terrorista”, o que Erdogan exige desde há muito!

Apesar de tudo, uma expansão da Nato na actual conjuntura revelar-se-á como um erro para a Suécia, Escandinávia e Europa. Um tal intento só teria sentido como crédito potencial para levar a cabo negociações diplomáticas. Tudo isto poderia ser transformado numa verdadeira oportunidade para a Europa criar uma nova ordem para si própria de maneira a um dia se tornar independente do poder militar dos USA.

Há um provérbio que diz:” O diabo está nos detalhes” – o que quer dizer, são as pequenas coisas que importam. A Europa (com políticos sem formato) anda alheada de ela própria, ao não prestar atenção ao que o seu irmão grande faz, e segue a agenda americana colocando-a em cima dos joelhos em vez de a analisar com cabeça!

Os USA e a EU pagarão caro pela assinatura de Erdogan para que este torne possível a adesão dos dois países à Nato; posteriormente passarão a tentar obrigar países como o Brasil e outros a alinharem-se à sua guerra hegemónica! 

Investigadores do Instituto de Kiel para a Economia Mundial revelaram que, na guerra contra a Rússia, os EUA (desde 24 de janeiro a 10 de maio) anunciaram promessas à Ucrânia de cerca de 43 mil milhões de euros em assistência militar, financeira e humanitária. Os países e instituições da UE prometeram, no mesmo espaço de tempo, apoio de 16 mil milhões de euros.

A diferença reflectida no apoio corresponderá aos interesses envolvidos no conflito. 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7479

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