quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

DESAFIO ENTRE POLÍTICA E ÉTICA

 

Política, Ética e os Desafios da Governação no Mundo Contemporâneo

 

A necessidade de limitar o poder para evitar regimes totalitários é evidente. No entanto, hoje enfrentamos um "totalitarismo brando", influenciado por agendas e ONGs...

.... No contexto global, é crucial reconhecer que países como a China e a Rússia podem necessitar de regimes autoritários em fases intermédias do seu desenvolvimento histórico. Impor valores ocidentais a estas nações, sem considerar as suas particularidades culturais e históricas, pode levar a conflitos internos e desestabilização. A contenção e o respeito pelas trajetórias distintas de cada povo são essenciais para evitar insurreições e promover uma coexistência pacífica no sentido de uma cultura de paz ...

No entanto, mesmo este sistema não está imune a manipulações, e a estupidez das massas pode ser tão perigosa como a brutalidade dos governantes...

A desconstrução da instituição família pelo estado progressista é outro fenómeno preocupante, que merece uma reflexão profunda...

A aspiração moral de combater a tirania e promover a justiça é legítima, mas carece de instituições capazes de a concretizar. Como bem lembrou Voltaire, "É perigoso ter razão quando o governo está errado".

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo in Pegadas do Tempo:  https://antonio-justo.eu/?p=9947

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

“COMPLEXO DE DEUS”: A ILUSÃO DA OMNIPOTÊNCIA E A DECADÊNCIA DA SOCIEDADE MODERNA


A sociedade contemporânea vive sob a ilusão de que o ser humano pode tudo e da crença no progresso. Essa crença na omnipotência, que o psicanalista Horst-Eberhard Richter chamou de "Complexo de Deus", não é apenas uma perturbação psicossocial, mas um factor central da decadência moral e cultural que vivemos hoje. No seu livro “Complexo de Deus”, Richter descreve a civilização ocidental moderna como marcada por uma reivindicação de uma omnipotência egocêntrica e quase divina, que ignora os limites da condição humana. Essa ilusão de grandeza, no entanto, é uma fuga frágil diante das crises que nos assolam. Donald Trump expressa de maneira extrema o narcisismo que se tem mantido encoberto nas nossas elites políticas...

Os sentimentos de impotência, baixa autoestima ou problemas não resolvidos da infância podem resultar na superestimação das próprias capacidades, criando assim a distorção psicológica do chamado "complexo de Deus". Este fenómeno leva ao dogmatismo das opiniões e à ilusão de infalibilidade, como se a próprio ponto de vista fosse o único correto. Essa postura impede o desenvolvimento do autoconhecimento e da autocompreensão. Uma convivência equilibrada com os outros promove uma avaliação realista de nossas capacidades e limites, em contraste com uma identidade baseada em projeções idealizadas de si mesmo...

Em tempos de guerra, esse complexo intensifica-se, fomentando uma mentalidade maniqueísta e dicotómica, em que tudo é reduzido a "bem" ou "mal"...

Esse mesmo complexo também se manifesta nas relações interpessoais. Manter distância emocional de pessoas que sofrem dessa ilusão de grandeza é essencial para evitar ser arrastado para a mesma inquestionabilidade que pode criar-se em ambientes tóxicos...

A ideia do "super-homem" de Nietzsche, embora fascinante, é unilateral e conduz ao sofrimento, pois desconsidera a dimensão humana da existência. Bento XVI, ao alertar sobre esse perigo, afirmou: "Onde a ação humana já não corresponde à existência humana, a verdade transforma-se em mentira"...

Embora não seja adequado comparar a cólera com a peste, cabe perguntar: qual o maior mal? O conservadorismo de Trump ou o socialismo materialista que nos colocou num labirinto sem aparente saída?

No passado, a sociedade contava com intelectuais que forneciam orientação e autoridade moral, muitas vezes em oposição aos governantes. Durante séculos, a Igreja desempenhou esse papel. Atualmente, no entanto, os meios de comunicação substituíram esses intelectuais e alinharam-se aos interesses dos governantes, limitando-se a promover discussões superficiais entre opositores rivais...

O extremismo narcísico apoiado pelo grande capital leva as grandes potências a lutar pela hegemonia e dificulta uma política de bem comum. Assim o que restará para o povo é o que fica dos militares e da luta das corporações económicas entre si...

O desafio é substituir a ilusão de grandeza pela humildade de reconhecer os nossos limites e agir em harmonia com os outros. A resposta à crise não está na subordinação de todas as ações à economia, como defende Trump, mas no resgate de uma cultura baseada no "nós", que valorize a compaixão, a reflexão crítica e o respeito pela condição humana (“amor ao próximo”).

 

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9943

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

"ROMA" E "BRUXELAS" EM DIÁLOGO

 

Era uma noite fria e silenciosa em Bruxelas. As estrelas pareciam distantes, como se também elas tivessem perdido a fé na Europa. No coração da cidade, onde as instituições da União Europeia se erguiam imponentes, duas figuras marcantes se encontravam frente a frente: Roma e Bruxelas. Não eram meros lugares ou cidades, mas entidades personificadas, símbolos de duas forças em tensão constante: Roma, personificação da tradição, da história e das raízes da civilização ocidental, e Bruxelas, símbolo da modernidade, da burocracia e da busca por uma unidade frágil.

Roma, de vestes douradas e olhar sério, trazia em si o peso da história e da tradição. Falava em latim puro, reminiscente das colunas que sustentaram impérios e doutrinas de sustentabilidade. Bruxelas, vestida de vidro e aço, emanava pragmatismo e progresso, discursando numa multiplicidade de línguas, sempre diplomática, mas esgotada na busca de consenso. "Vejo que continuas a tentar construir um império sem alicerces", disse Roma, com uma voz que ecoava séculos de sabedoria. "A tua torre de Babel desmorona-se, e ainda assim insistes em subir mais alto."

Bruxelas respondeu, com um tom defensivo: "Não entendes, Roma. O mundo mudou. Precisamos de unidade, de progresso, de superar as divisões que nos enfraquecem. A Europa já não pode viver de mitos e tradições. "

Roma sorriu, mas havia tristeza no seu olhar. Suspirou e observou as multidões que passavam. Cada rosto era uma expressão do caos ordenado que Bruxelas tentava manter. No entanto, por baixo das fachadas modernas, percebia-se uma fragilidade crescente, uma sociedade cada vez mais desconectada de suas raízes. "Unidade? Progresso? Diz-me, Bruxelas, o que é progresso sem sabedoria? O que é unidade sem identidade? Vejo em ti o mesmo complexo que afligiu tantos impérios antes de mim: a crença na omnipotência, na infalibilidade. Vocês acham que podem governar sem olhar para trás, sem aprender com os erros do passado."

Bruxelas cruzou os braços, revelando incomodação. "Não somos como tu, Roma. Não cairemos na arrogância dos deuses. Temos instituições, leis, um sistema que nos protege dos excessos."

Roma riu, numa gargalhada que ecoou como um trovão. "Protege-vos? Ou aprisiona-vos? Vejo em vossos líderes a mesma vaidade que outrora condenou os meus. Eles acreditam que podem controlar tudo, desde a economia até à natureza humana. Mas o que fazem quando a crise chega? Culpam-se uns aos outros, fecham-se em dogmas, e recusam-se a ver a realidade."

Bruxelas olhou para o chão, hesitante. Sabia do que Roma falava. A Europa, outrora ciente de suas limitações, agora vangloriava-se de uma falsa omnipotência. Os seus líderes, convencidos de sua infalibilidade, impunham dogmas sociais e políticos sem espaço para debate ou reflexão crítica. Nos corredores do poder, qualquer oposição era reduzida a um maniqueísmo simplista: ou se estava com o progresso, ou se estava contra ele. "Talvez tenhas razão em parte. Mas o que sugeres? Voltar ao passado? Abandonar tudo o que construímos?"

Roma aproximou-se, colocando uma mão no ombro de Bruxelas. "Não se trata de abandonar, mas de recordar. A Europa foi construída sobre três pilares: a razão de Atenas, a fé de Jerusalém e o direito de Roma. Vocês esqueceram-se disso; na ânsia de criarem uma ordem perfeita, negligenciaram a humanidade do próprio povo. Em vez de humildade, escolheram a arrogância. Em vez de compaixão, escolheram o cálculo. Em vez de união verdadeira, criaram uma ilusão de uniformidade."

Bruxelas suspirou, e pela primeira vez, sua voz pareceu frágil. "E agora? Como saímos deste labirinto?"

Roma olhou para o horizonte, onde o sol começava a despontar. "Reconhecei as vossas limitações. Aceitai que não sois deuses, mas humanos. Reencontrai as vossas raízes, não para repetir o passado, mas para entender quem sois. E acima de tudo, cultivai a humildade. Como disse um dos vossos pensadores, 'onde a ação humana já não corresponde à existência humana, a verdade transforma-se em mentira'.(1)"

Bruxelas ficou em silêncio por um momento, refletindo. Bruxelas sentiu um calafrio. Sabia que Roma tinha razão. Na sua sede por uma sociedade perfeita, os líderes europeus haviam criado bolhas ideológicas, alimentadas por um ciclo mediático que apenas reforçava o pensamento dominante. Não havia mais intelectuais independentes, apenas burocratas e comentadores que repetiam o que era conveniente. "E se falharmos?"

Roma sorriu novamente, desta vez com uma centelha de esperança. "Então a Europa, como tantos impérios antes dela, será apenas mais uma lição para o futuro. Mas ainda há tempo. A escolha é vossa. Precisamos de líderes que saibam ouvir, que compreendam que governar não é impor, mas servir. Que aceitem que nem tudo pode ser controlado e que a sociedade precisa de raízes para florescer "

Bruxelas olhou para Roma e, por um instante, sentiu o peso da sua responsabilidade. A crise que se espalhava pelo continente não era apenas económica ou política — era espiritual. A Europa havia perdido a sua identidade na ilusão da omnipotência.

E assim, os dois espíritos se despediram, enquanto o sol iluminava as ruas de Bruxelas e o vento soprava entre as estátuas antigas e os edifícios modernos. A cidade continuava a mesma, mas algo havia mudado. Talvez, pensou Bruxelas, fosse hora de olhar para trás, não com nostalgia, mas com humildade, e encontrar um caminho que unisse o melhor do passado com as possibilidades do futuro.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9940

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A Vitória da Direita na Alemanha na Continuidade da Estrutura Política

 

O "populismo" de cima triunfa sobre o populismo de baixo

 

Os resultados das eleições federais (contagem de 24.02.2025), em comparação com as eleições de 2021, mostram uma mudança significativa no cenário partidário:

            SPD: caiu de 25,7% para 16,41%

            CDU/CSU: subiu de 24,10% para 28,52%

            AfD: subiu de 10,3% para 20,80%

            Verdes: caíram de 14,8% para 11,61%

            Linke: subiu de 4,9% para 8,77%

            FDP: caiu de 11,5% para 4,33%

            BSW: 4,97%

            Outros: 4,58%

... A CDU/CSU e a AfD, juntas, alcançariam uma maioria absoluta (317 assentos). No entanto, devido a barreiras antidemocráticas interpartidárias, essa coligação é inviável. Outras possibilidades incluem uma coligação de três partidos (CDU/CSU, SPD e Verdes), que teria 374 lugares, mas que poderia enfrentar dificuldades semelhantes à coligação anterior entre FDP, SPD e Verdes. Tanto SPD como os Verdes sofreram perdas eleitorais significativas, reflexo da insatisfação popular também com o governo anterior. A colaboração com os Verdes, em particular, gerou uma polarização no país, impulsionada por campanhas ideológicas e mobilização de ONGs associadas a esses partidos...

A AfD consolidou sua posição como uma força relevante no parlamento, obtendo 20,6% dos votos, apesar de campanhas contrárias promovidas por setores dos media e do governo...

O aumento da insegurança social, especialmente ligada à criminalidade islâmica, e a percepção de indiferença por parte dos governantes explicam o crescimento da AfD...

A direita venceu, mas os acordos interpartidários impedem uma mudança efetiva na estrutura de governo, adiando as transformações desejadas pelo eleitorado.

A rejeição da CDU/CSU a uma aliança com a AfD reflete a influência do establishment político e mediático. Se Friedrich Merz, líder da CDU, optar por governar com os Verdes, é possível que seu futuro como chanceler seja comprometido e que a AfD continue a crescer...

A transferência de votos do SPD, FDP e Verdes para a AfD indica um descontentamento crescente com o status quo. No entanto, a elite política e os meios de comunicação continuam a ignorar esses sinais, mantendo as suas alianças e a sua agenda, enquanto a população aguardará uma nova oportunidade para expressar o seu descontentamento nas urnas.

As conversações de Merz - próximo chanceler - serão difíceis e sem hipótese de dar resposta à mudança aspirada atendendo ao radicalismo em que a actual Alemanha se encontra.

 Uma coligação CDU-AfD seria a mais democrática. Caso contrário, continuaremos a ver vermelho em vez de seguir a razão!

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9932

 

 

domingo, 23 de fevereiro de 2025

PORTUGUÊS ASSASSINADO EM FRANÇA POR UM ISLAMISTA

 

Um acto de coragem e uma tragédia que não pode ser esquecida

 

Lino Sousa Loureiro, de 69 anos, natural de Ermesinde e residente em França desde 1992, foi vítima mortal de um ataque terrorista em Mulhouse, no dia 22 de fevereiro de 2025. Casado e pai de um filho, Lino perdeu a vida ao tentar intervir durante o ataque, num ato de extrema coragem que, certamente, evitou mais mortes. O assassino feriu gravemente também quatro polícias.A sua bravura merece ser reconhecida e celebrada, mas a demora em divulgar o seu nome e a sua história é lamentável, pois contribui para a despersonalização das vítimas e para o seu esquecimento.

 

O agressor, identificado como Brahim Abdessemed, um argelino de 37 anos em situação irregular, era conhecido pelos serviços de inteligência franceses por radicalização islamista. Armado com uma faca e uma chave de fendas, ele atacou Lino e feriu gravemente três polícias, gritando "Allahu Akbar" ("Deus é grande" em árabe) durante o ataque. Este crime ocorreu à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo, que enfrenta uma ofensiva do movimento armado M23, apoiado pelo Ruanda, no leste do país, conforme relatado pelo jornal regional Les Dernières Nouvelles d'Alsace.

É profundamente triste que razões políticas, legais ou éticas possam impedir a divulgação imediata de informações sobre as vítimas, especialmente quando isso as desumaniza e as condena ao anonimato. A forma como os media e os governos comunicam eventos trágicos tem um impacto direto na percepção pública e na empatia gerada em torno das vítimas. A complexidade dos interesses envolvidos não justifica a falta de transparência e a dificuldade em honrar aqueles que, como Lino, deram a vida por uma causa nobre (Só depois de 24 horas depois da tragédia consegui ter acesso ao nome da vítima!).

Lino Sousa Loureiro não foi apenas uma vítima; foi um herói. A sua coragem ao enfrentar o agressor salvou vidas e deve ser lembrada como um exemplo de humanidade e altruísmo. As nossas mais sinceras condolências vão para a sua família e amigos, que agora enfrentam a dor de uma perda irreparável. Que a memória de Lino seja honrada e que a sua história inspire solidariedade e resistência contra o fanatismo e a violência.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9928

 

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Eleições na Alemanha: O Debate Sobre a Imigração e os Desafios da Democracia

 Ao observar-se as atitudes populares e de governantes na Alemanha poder-se-ia concluir com Schopenhauer: "A vontade é tudo..., mas as suas manifestações tornam-se cada vez mais estranhas."

As eleições federais na Alemanha de 23 de fevereiro de 2025, tiveram como tema dominante da campanha eleitoral a imigração....

Em 2024, foram registados 230.000 pedidos iniciais de asilo e, só no mês de janeiro de 2025, 16.594 novos requerentes entraram no país. Além disso, a imigração ilegal também é um problema crescente, com 84.000 entradas ilegais registadas em 2024....

Em 2024, o subsídio de cidadania foi pago a 5.452.432 pessoas, das quais 2,6 milhões eram estrangeiros, representando 47% dos beneficiários (1).

A Alemanha também enfrenta desafios crescentes relacionados à segurança. Em um ano, foram registados 9.000 ataques com faca no país, uma média de 30 por dia...

A resposta política tem sido marcada por uma polarização irresponsável devida ao total empenho dos partidos por obter o poder a todo o custo sem ter em conta a degradação dos cidadãos e da cidadania...

Enquanto isso, manifestações de grupos de esquerda, como "Avós contra a Direita", mobilizam-se contra o crescimento da AfD (Alternativa para a Alemanha), partido de direita que tem cerca de 20% das intenções de voto. Entretanto, 75% da população deseja uma mudança profunda na política migratória.

A AfD, estigmatizada pelos partidos tradicionais, tem sido excluída das negociações de governo através de um "muro de fogo" arquitetado pelas forças do arco do poder. Essa estratégia tem levantado questionamentos sobre a saúde da democracia alemã, que parece estar a ser neutralizada por decisões políticas que ignoram uma parte significativa do eleitorado para beneficiarem o status quo partidário.

Curiosamente, a AfD tem feito campanha em turco, tentando atrair o voto de estrangeiros que vivem no país. Um estudo do Centro Alemão de Pesquisa sobre Integração e Migração (DeZIM) revelou que 20% das pessoas com raízes na Turquia, Oriente Médio e África considerariam votar na AfD...

A declaração do Ministro da Saúde Karl Lauterbach, apontando que até 30% dos refugiados têm problemas psicológicos, apenas reforça a percepção de um governo que não prioriza o bem-estar dos cidadãos...

A sociedade alemã encontra-se cada vez mais depressiva. Na Alemanha, ocorrem 10.000 suicídios num ano...

Tudo indica, porém, que a Alemanha ao excluir a AfD vai tornar muito instável a governação. A não ser que fosse possível a Merz seguir as pegadas do presidente americano, o que não é provável.

Ódio, seja à esquerda ou à direita, não é opinião — é combustível para o poder estabelecido e erosão da vontade do povo.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em: Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9919

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Críticas ao Progressismo e Defesa de Valores Tradicionais por Kemi Badenoch

Na conferência Alliance for Responsible Citizenship, em Londres, a líder conservadora britânica Kemi Badenoch criticou o progressismo "woke" e defendeu a liberdade religiosa, além de denunciar a influência das políticas de esquerda no Reino Unido...

Ela acusou a Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) de ser instrumentalizada para bloquear expulsões, gerando indignação pública...

Também criticou a agenda "woke" promovida tanto por conservadores quanto por trabalhistas no Reino Unido, gerando confusão e abandono das classes trabalhadoras...

O discurso conservador busca reformular políticas migratórias, combater o progressismo radical e reafirmar valores tradicionais, enquanto critica a classe política europeia por sua desconexão com as necessidades sociais e económicas da população.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9917

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

História mundial em Ponto de Aceleração com a Europa a carregar no Travão

A EU poderá contrariar Trump se iniciar conversações com a China e com a Rússia

 

A história avança a uma velocidade vertiginosa, mas a Europa insiste em pisar no travão, como se pudesse deter a marcha dos acontecimentos com um gesto simbólico de prudência. Se em 1989 assistimos à queda do Muro de Berlim, agora está a ruir um muro menos visível, mas igualmente determinante: o da hegemonia cultural imposta pela esquerda marxista, agora reciclada sob a etiqueta woke. Nos Estados Unidos, Trump e Vence encabeçam uma resistência conservadora, exausta do monopólio ideológico progressista.

A União Europeia, que se preparou para a guerra como quem aposta tudo numa cartada, vê agora a sua ilusão de vitória esvair-se. Foram várias as vozes, sobretudo americanas, que alertaram: não se ganha uma guerra contra uma potência nuclear. Mas a Europa, embriagada de certezas morais e de um messianismo decadente, marginalizou-se ao recusar qualquer iniciativa de negociação. Para Trump, ignorar a UE é um acto de realismo político. Ele sabe bem que, sob Biden, a cumplicidade entre os dois lados do Atlântico foi conveniente e superficial e de dupla moral. Mas agora, ao evidenciar a irrelevância europeia, ofende profundamente as elites de Bruxelas...

Desde os tempos de Maio de 68, o marxismo conseguiu subverter a tradição europeia, impondo a sua visão do mundo até mesmo aos partidos conservadores. O que hoje se joga é o choque entre esse pensamento e um retorno ao conservadorismo, encarnado em Trump, que procura substituir o sabonete vermelho pelo seu próprio sabão azul e branco.

As empresas europeias têm interesses no espólio ucraniano, e um regresso à diplomacia realista de Trump complica os seus cálculos. A hipocrisia da retórica diplomática choca de frente com o discurso populista e direto, considerado rude pelas elites que têm mantido o poder cultural e ideológico nas suas mãos. Mas a verdade é que a grande falha da Europa foi não reconhecer a Rússia como parte integrante do património ocidental. E, acima de tudo, esquecer um princípio básico: nunca se entra em guerra contra uma potência nuclear sem perder, e não apenas no campo de batalha, mas no destino de toda a humanidade...

Em vez de continuar obcecada com Trump, a Europa deveria canalizar os seus esforços para o que realmente poderia desafiá-lo: estabelecer laços comerciais eficazes com a Rússia e a China. Isso, sim, poderia contrariar a sua estratégia...

Trump tem o mérito, embora de forma rude popular, vir arejar as cortinas dos bastidores das elites e isso incomoda muita gente de esquerda instalada na União Europeia sob o manto da revolução de maio de 68. Daí a luta desesperada entre os interesses elitistas de cima conta os interesses populistas de baixo. O problema maior é o de o povo ser envolvido de forma descarada a ser  por uma luta que não é sua.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9910

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Legitimidade de Zelensky para Governar e Assinar Decisões de Estado

... Em tempos de guerra e sob Lei Marcial, as eleições foram adiadas indefinidamente, dada a complexidade de realizar um processo eleitoral justo e seguro durante um conflito armado. A prioridade atual é a defesa nacional e a estabilidade do país, o que justifica a continuidade de Zelensky no poder.

Zelensky exerce a presidência com base na necessidade de estabilidade e continuidade governamental, uma vez que a Constituição ucraniana não prevê um mecanismo claro de sucessão em tempos de guerra sem eleições. A sua legitimidade é reforçada pelo apoio das forças armadas, do governo e da maioria da população, bem como pelo reconhecimento internacional, especialmente dos aliados da Ucrânia. Enquanto não houver um movimento interno significativo para substituí-lo e enquanto as instituições do Estado continuarem a apoiá-lo, Zelensky mantém a autoridade para tomar decisões de Estado e assinar acordos internacionais.

No entanto, a legitimidade de Zelensky poderá ser contestada no futuro se a guerra se prolongar sem perspectivas de eleições...

A solução mais viável seria aguardar que as condições permitam a realização de eleições democráticas e representativas, em conformidade com a lei...

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9906

Trump acusa a Ucrânia de Culpada da Guerra e Zelensky de "Ditador" sem Legitimidade


Num discurso polémico, Donald Trump acusou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ser um "ditador" sem legitimidade constitucional para o cargo que ocupa, responsabilizando-o ainda pelo conflito em curso. No entanto, uma análise mais justa e contextualizada revela que a Ucrânia foi, na realidade, um "cavalo de Troia" no jogo geopolítico entre os Estados Unidos, a Rússia, a União Europeia e a NATO com a cumplicidade de Zelensky que juntou em si o próprio oportunismo e o oportunismo cínico da União Europeia.

Os media, ao assumirem uma narrativa alinhada com os interesses dos EUA, da UE e da NATO, agora enfrentam um dilema: ou confrontam Trump diretamente ou adotam uma postura ambígua, na esperança de que o público esqueça o papel que desempenharam ao propagar uma informação pós-factual. Mais que confrontarem-se com Trump procurarão continuar a acentua só os seus podres porque só assim poderão assumir a atitude de Pilatos, para poderem manter a impressão de terem o rosto limpo.

Os dias de Zelensky parecem estar contados....

Zelensky, o nacionalista que se tornou marionete de Biden, da NATO e da UE, confiou o futuro do seu país às mãos da União Europeia. Agora, vê-se sozinho, sem razão, sem legitimidade constitucional e sem o apoio que esperava. A UE, cúmplice nesta crise, tenta agora recuperar alguma dignidade numa luta que, desde o início, foi imoral e indigna para com o povo ucraniano e europeu.

A narrativa pós-factual, impulsionada pelas elites e pelos media, enganou milhões. A democracia europeia está a ser conduzida para uma "democratura", onde a desinformação e os interesses oligárquicos prevalecem sobre a verdade e a vontade popular...

António da Cunha Duarte Justo:
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9902

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

DONALD TRUMP MAIS EUROPEU DO QUE A ELITE DA UNIÃO EUROPEIA?

As reações das potências da UE ao serem excluídas das conversas preliminares sobre o futuro da Ucrânia são, no mínimo, lamentáveis. A oligarquia de Bruxelas, ao insistir em impor as suas agendas através de uma guerra económica e cultural contra a Rússia, revela-se cada vez mais míope. Essa postura não só perpetua um preconceito primitivo contra os russos, mas também expõe um interesse velado nas riquezas do solo ucraniano.

Curiosamente, Donald Trump demonstra uma visão mais europeia do que a própria União Europeia ao reconhecer que a Rússia é parte integrante da história e da cultura europeia, elementos que outrora tornaram o continente grande. Enquanto isso, a UE, corroída da cabeça aos pés, opta por se afirmar como uma entidade beligerante em vez de buscar diálogos de paz. Essa postura pode levá-la ao mesmo destino fracassado que os aliados tiveram no Afeganistão.

A elite da UE, em vez de se ter preocupado com os genuínos interesses da Europa e da sua posição geográfica (geopolítica) encostou-se aos interesses geoestratégicos americanos e agora um americano genuíno vem-lhes mostrar os erros de estratégia e a falta de consciência cultural de que sofrem. A humilhação não podia ser maior!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9894