sábado, 8 de fevereiro de 2025

DILEMA POLÍTICO EUROPEU

 

Com quem fazer coligação para se poder governar?

A política europeia enfrenta um dilema cada vez mais evidente: como formar coligações governativas eficazes sem cair na armadilha da paralisia institucional? A sociedade alemã oferece um exemplo paradigmático desta dificuldade. O governo formado pelos Verdes, o SPD e o FDP (apelidado de "coaligação semáforo") tem-se revelado uma experiência conturbada, com constantes bloqueios internos devido às posições ideológicas inflexíveis de cada partido...

Parece não haver uma saída fácil para este impasse porque a União Europeia pretende prescindir das inteligências e dos interesses dos países membros; em vez disso premeia o oportunismo de governantes e políticos de perfil em quadros partidários...

Em vez de oscilar entre um polo e outro, a sociedade exige uma estratégia que a permita avançar, aproveitando os pontos positivos de ambas as perspetivas para traçar um caminho baseado na racionalidade...

Há elementos de valor nos dois extremos ideológicos, mas alianças mal calibradas podem ser desastrosas. Por exemplo, uma coligação com o PS, enraizada na sua mundivisão marxista, poderia perpetuar a atual crise económica e social, na Europa e especialmente em Portugal que continua a apresentar dos mais baixos níveis salariais e de produtividade da Europa Ocidental. Por outro lado, uma aliança com a chamada extrema-direita pode arrastar os partidos do centro-direita para um pragmatismo radical, afastando-se também ela, das tradições culturais judaico-cristãs, gregas e romanas que moldaram a Europa.

Deste modo, tanto o socialismo dogmático (e socialismo oportunista) como o radicalismo da direita conduziriam a becos sem saída. O resultado seria a erosão da cultura cristã ocidental, que tem sido a base do humanismo europeu...

Os conservadores deveriam buscar alianças dentro da direita, mas sem abdicar dos valores fundamentais da filosofia cristã e de uma moralidade aberta ao diálogo. Se esta identidade se perder, o conservadorismo corre o risco de se tornar apenas uma ferramenta para o marxismo e o seu prolongamento maoísta, como tem acontecido até agora.

O humanismo cristão, que coloca o indivíduo no centro da soberania, deve ser a base de uma verdadeira democracia. O socialismo marxista, sendo um filho desgarrado do humanismo cristão, poderia reencontrar-se com as suas raízes. Tal como na parábola do filho pródigo, poderia utilizar o património do pai para reconstruir um projeto sustentável, sem necessidade de destruir as suas próprias heranças e fundações.

Para que isso aconteça, o Poder deve concentrar-se na sua tarefa real e principal, que é evitar danos causados ao povo, mas para isso o Poder terá de se converter o Povo e à sua vontade.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9841

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