quarta-feira, 22 de julho de 2015

NOVA UNIÃO MONETÁRIA DO EURO NA MESA DA AGENDA POLÍTICA



Agora parece virar-se o Feitiço contra o Feiticeiro!


Por António Justo

“O que ameaça a Europa não é um demais mas sim um demasiado pouco” disse Francois Hollande! Procura com isto colocar-se na vanguarda da Europa para com a Alemanha colocar a Zona Euro na carruagem nobre da UE. Quer para isso uma Zona Euro com um governo, com um orçamento próprio e um parlamento que o legitime. Este governo ditaria as normas dos estados membros. Hollande e Merkel querem marchar à frente com um núcleo de estados a que se poderiam juntar países dispostos a integrar-se. A este grupo poderiam pertencer, também a Bélgica, Países Baixos, Itália e Luxemburgo, assim como Portugal e Espanha, segundo refere a imprensa alemã.

Já em 1994, Wolfgang Schäuble tinha elaborado uma proposta juntamente com Karl Lamer para a Comissão Parlamentar da Política Externa (HNA 22.07) em que propunham a criação de uma Europa de duas velocidades. Está prevista para o outono uma reunião em Bruxelas sobre o desenvolvimento da União Económica e Monetária. Até lá, a Grécia já terá, certamente, iniciado o recuo do Euro.

No Princípio a Grécia impedia outros Países de entrar no Club CEE e agora queixa-se 

No contencioso entre o grupo Euro e a Grécia afirma-se a consciência de que o dinheiro é poder (se não o poder) e este determina (infelizmente) a realidade embora muitos vivessem melhor com um outro credo em que interesses encobertos não determinassem a realidade. Não é fácil a coordenação das leis fundamentais da economia com as da política numa Europa em que a intenção subjacente é fazer da “Europa um continente competitivo”.

Uma bagunça para a economia e para todos e em especial para a esquerda que via na Grécia o espírito de luta a activar contra os governos; uma bagunça porque a afirmação do status quo não oferece perspectivas de futuro nem para uns nem para outros! 

Cada Estado, cada ideologia procura servir-se sem pensar nos custos do serviço. A Grécia já em 1985 sabia tirar proveito da sua situação usando do direito a veto para bloquear a entrada de Portugal e Espanha na CEE. Em 1985 o governo grego era contra o acordo que regularia a entrada de Portugal e Espanha para a CEE. A entrada só foi possível em 1986 depois de a Grécia ter recebido como contrapartida da retirada do seu veto “um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares “ da CEE (Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares).

Se Portugal deseja que o feitiço não se vire contra o feiticeiro a sociedade portuguesa, tanto direita como esquerda, tem de se definir se alinha no jogo da Zona Euro ou não, para consequentemente centrar o discurso na solução de problemas e não numa perfilagem irresponsável que gasta a energia a falar mal dos governos, à margem de quaisquer regras. Isto seria possível pelo que se pode observar da Alemanha. Para se chegar lá pressupõe-se um discurso de política baseada em dados e não em pessoas, doutro modo corre-se o risco de se confundir política com politiquice.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

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