domingo, 19 de julho de 2015

OS BANCOS SÃO OS EXÉRCITOS AVANÇADOS DAS POTÊNCIAS



União Europeia dividida em Europa do Norte e Europa do Sul

Por António Justo
Em termos de mentalidade e de economia a Europa encontra-se dividida em duas: a Europa do Norte e a Europa do Sul como podemos constatar a partir da luta cultural iniciada no século XVI pela reforma protestante e em parte na maneira como o império romano desabou. A norte predomina a mentalidade da cultura protestante (mais capitalista e técnica) e a sul a mentalidade católica (de caracter mais rural e natural); a primeira tem uma perspectiva mais individual (elitista) e a segunda uma perspectiva mais comunitária (popular). 

Com a tragédia da segunda guerra mundial os países centrais e nórdicos começam por criar uma união económica integradora das economias. Com a queda do muro de Berlim resultante do colapso do comunismo pensou-se na organização de uma Europa económica e política sem fronteiras (1). Finda assim a época das guerras militares entre países europeus para surgir um outro tipo de guerra: a guerra económica com sanções e servidões entre as nações. 

Antes as nações usavam a força dos exércitos para derrubarem principados e nações; actualmente, com uma estratégia adequada à democracia, as potências usam o seu poder financeiro internacional (Bancos) para derrubarem soberanias de economia mais fraca e para humilharem democracias. De facto, os bancos são os novos exércitos avançados das nações.

Por outro lado, os soldados mercenários da guerra foram substituídos pelos trabalhadores migrantes… 

A estratégia pós-guerra da França de condicionar a União da Alemanha à criação da Moeda Única (Zona Euro) para, deste modo, a amarrar e criar uma zona de paz duradoura na Europa não parece frutificar. A Alemanha perdeu a guerra político-militar mas ganhou a guerra económico-política; e esta é a guerra do globalismo.

Como se vê da Grécia e de Bruxelas, da disputa entre o norte e o sul da Europa, as hostes avançadas e discretas da economia não arredam pé. Não há uma política económica para as nações. Em vez de uma Europa confiante vive-se numa sociedade europeia de medos. A europa do norte compreende-se como trabalhadora arrecadando para o seu celeiro e sofre do medo de ter de distribuir o que de todos arrecadou com suor e inteligência: A Europa do Sul teme pelo seu estilo de vida: uma existência do bom viver; “não só de pão vive o Homem”; por isso se reage veementemente não querendo ser reduzida a homo faber.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista

2 comentários:

António da Cunha Duarte Justo disse...

Por lapso falta no fim do texto a nota, que aqui acrescento:

(1) Toda a história da Europa tinha sido uma história de divisões e de guerras militares sangrentas. Com o findar da segunda guerra mundial as potências europeias ansiavam por paz estável e por viver em união numa Europa de economia integrada. Em 1952 a Alemanha Ocidental, a França, a Itália juntaram-se ao Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) e criaram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), a primeira organização supranacional e acabaram por fundar em 1957 a CEE (comunidade económica europeia, a que se juntam em 1973 a Irlanda, o Reino Unido e a Dinamarca, em 1981 a Grécia e em 1986 Portugal e Espanha - http://europa.eu/index_pt.htm). Em 1993 a CEE é substituída em Maastricht pela UE. . e procura para isso organizar alianças económicas que colmatam na intenção da formação de uma união política, surgindo a UE.

Quanto à saída da Grécia do Euro dar-se-á muito provavelmente em 2018!
A Zona Euro tem muitos problemas não resolvidos: diferentes economias e diferentes ideologias (especialmente esquerda radical e direita radical que vêm na UE uma construção de motivação imperialista.
António Justo

Anónimo disse...

Caríssimo Justo

É uma maneira original de aperceber a União Êuropeia!
As últimas semanas, cheias de suspense com a luta de Tsipras pela Grécia, pareceu e foi uma verdadeira guerra.
Mas no conceito inicial, o euro, foi criado com um objectivo de paz e progresso para todos os países que viessem a
adoptá-lo, pelo menos foi essa a ideia que transmitiram.
Estou de acordo que as diferenças de mentalidade e de experiência de vida entre o norte e o sul, oeste e eleste da Europa são abissais. Só o grande ideal da Paz pode obter acordos compatíveis entre todos. Se fosse inspirado pelo ideal cristão
em que a Europa se formou, teria maior capacidade de êxito. Mas rejeitaram a referência da raiz cristã na constituição
da UE.

Maria Manuela