Numa altura em que o mundo se encontra ameaçado por crises e inseguranças como nunca, encontram-se reunidos 250 políticos e especialistas na 43ª, Conferência de Segurança internacional em Munique para tentar sair dos impasses da política internacional.
O quarteto EUA, Rússia, EU e ONU têm interesses próprios demasiado contraditórios que têm levado a política internacional a marcar passo, há já muito tempo. Por detrás dos conflitos, Irão, Iraque e Palestina escondem-se os interesses estratégicos e controlo da energia e das vias internacionais de cada um.
Como factor de insegurança revela-se o Presidente Putin, um autocrata dum país em que não há liberdade nem independência parlamentar mas, que quer pôr em jogo o trunfo da cartada russa por toda a parte. Com a aventura americana no Iraque a Rússia ganhou terreno no médio Oriente.
A conferência não terá grande sucesso no que respeita ao impedimento do armamento atómico do Irão porque a Rússia vê aqui uma óptima oportunidade de estar presente no palco internacional e de poder pressionar europeus e americanos com a cartada do Irão. Por seu lado o Irão ri-se das iniciativas da Europa, América e da Rússia porque sabe que entre eles há interesses incompatíveis. Assim mais uma vez não conseguirão uma união no agir. Não chegarão a acordo nas sanções económicas a determinar para o Irão, previstas pelo conselho de segurança da ONU. A chanceler alemã Ângela Merkel apelou ao Irão que se sujeitasse incondicionalmente às exigências internacionais para não ficar internacionalmente isolado. Certamente em vão.
O armamento nuclear do Irão será o grande problema do futuro e para mais num país com um presidente que nega o direito de existência a Israel.
O mundo caminha a grandes passos para uma grande crise atómica e para uma instabilidade estrutural. É certo que as crises não se podem solucionar apenas com meios militares.
A Nato encontra-se em grande crise como se torna visível na sua intervenção militar no Afeganistão. Aqui a sua responsabilidade global é posta à prova não havendo colaboração suficiente entre os poderes ocupantes. A Europa segue uma estratégia e interesses diferentes dos americanos. Desde 2003 a EU já fez duas intervenções em África sem o apoio da Nato. A EU está disposta a maior engajamento militar, mas à própria conta e responsabilidade. Está interessada na África e no controlo internacional do óleo. Por outro lado a Alemanha está interessada no controlo do mercado livre mundial e na manutenção livre das vias marítimas mundiais. Como país exportador número um a segurança da economia alemã depende da estabilidade e segurança nas vias de comunicação.
Por outro lado a segurança mundial dependerá no futuro, sobretudo da segurança da energia.
A estratégia americana neste sentido vai do médio e próximo oriente até ao mar Cáspio. Os americanos querem quebrar o monopólio russo do transporte de óleo e do gás. Para isso querem que as matérias-primas do mar Cáspio sejam conduzidas ao oceano Índico e Turquia. Com esta estratégia seriam diminuídas as receitas do transporte de óleo e gás com as quais a Rússia financia em grande parte o orçamento nacional.
Exteriormente a conferência manifesta-se interessada na segurança mas no seu sei interno há grandes lutas, visíveis nas declarações de Putin.
Por tudo isto não se poderá esperar estabilidade internacional. O empenho militar é muito precário sendo ele a ponta de lança de interesses económicos. Se se pretende realmente criar mais segurança e paz terá que se mudar de estratégia. Para isso ter-se-ia de usar de meios pacíficos com apoio eficiente ao desenvolvimento dos países pobres e um comércio mundial mais justo.
Com a Alemanha à frente a Europa poderia servir de modelo para uma política internacional racional e eficiente. Esta hipótese parece tornar-se cada vez mais distante se tivermos em conta que se tem dado progressivamente uma militarização da política europeia.
António Justo
António da Cunha Duarte Justo
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