Na continuação do agir do papa predecessor, Bento XVI acentua a fé. Procura dar orientação em tempos de grande mudança como mostra na sua encíclica “Deus é amor.” Ele mantém-se fiel ao seu conservadorismo não correspondendo ainda a muitas esperanças postas nele.
Apesar disso os juízos e preconceitos têm diminuído de intensidade. Ele afirma-se como um pai consequente.
Na Alemanha já se nota maior interesse pelo cristianismo ocupando este, na consciência de muitos, o lugar duma religião de vanguarda. Conseguiu chamar a atenção para o núcleo da Boa Nova cristã: o amor e a fé. Ele que queria passar os últimos anos da sua vida como cientista escrevendo livros em sossego permanece um homem da doutrina, na continuidade do seu livro publicado em 1968 com o título “introdução ao cristianismo”, uma obra modelo.
A igreja precisa urgentemente de reformas interiores. Estas têm de partir duma base mais confiante e menos rotineira, recado que o Papa deixou na sua primeira encíclica. Seria uma infidelidade ao Cristianismo continuar a crer que bastaria o recurso a reestruturações paroquiais para precaver a falta de padres. O espírito de “Deus é amor” contradiz aquela atitude em voga.
Da reacção emotiva do mundo árabe à sua lição científica de Ratisbona o Papa aprendeu que o seu cargo mais que científico é político. Soube manter-se firme sem desculpas, apesar da praxis hesitante dos que se orientam apenas pelo politicamente correcto, encorajando os cientistas a não abdicarem perante o medo. Ele tem sido um exemplo de coragem e empenho também para a política.
António Justo
António da Cunha Duarte Justo
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