Até há pouco os imigrantes na Espanha ainda eram bem-vindos, mas até quando?
Enquanto a economia explodir ninguém se questiona e possíveis problemas serão ignorados.
Entretanto com quatro milhões de estrangeiros legais e cerca de um milhão de ilegais já começam a surgir problemas nas cabeças de alguns espanhóis. Com o aumento de ilegais a xenofobia receberá um surto. Para 48% dos espanhóis já é mais preocupante a imigração do que o desemprego.
Se tivermos em conta o crescente florir da economia é para admirar que haja já uma percentagem tão alta de cépticos, apesar de não haver um verdadeiro debate político público sobre o assunto. É uma tradição das elites europeias varrerem os problemas para debaixo do tapete. As gerações vindouras que se arranjem.
A confrontação com a população espanhola dar-se-á quando a recessão económica começar.
A necessidade de forças de trabalho aliada à falta de procriação motiva ainda a economia e a política a não tomarem o tema a sério. Além disso exigir-se-ia muita diferenciação na discussão o que não convém à esquerda nem à direita. No negócio com a imigração têm a ganhar interesses ideológicos e económicos partidários à margem do povo. O problema não está tanto no fenómeno das migrações mas na imigração de culturas que se afirmam na contradição com a cultura de acolhimento.
Na Alemanha o antigo chanceler alemão Helmut Schmidt já reconheceu o erro cometido pela política em termos de imigração.Esta criou problemas insolúveis para futuras gerações. Então os alemães eram demasiado finos para fazerem os trabalhos sujos e para se sujeitarem a terem filhos. Para isso estavam os estrangeiros à disposição. Quem se apodera da política e quem determina não são os interesses do povo mas as intenções duma economia internacional que só é fiel ao lucro.
Entretanto formou-se na Alemanha uma sociedade paralela muçulmana impermeável. A política e os detentores da opinião pública fazem como a avestruz metendo a cabeça debaixo da areia e cedendo cada vez mais a exigências para a religião islâmica que em contrapartida não cede nos seus países à abertura a outras religiões ou práticas modernistas nem está disposta a integrar-se.
Dado que a concorrência no mercado de trabalho espanhol ainda não é tema descuram-se os problemas sociais e políticos de amanhã. O eu conta é o pão e a imigração de pobres não faz concorrência à burguesia de hoje, pelo contrário, serve-a com trabalho mais barato na construção, na agricultura, com criadas e pessoas disponíveis no serviço à terceira idade. Por outro lado compensa a falta de crianças deixando recursos livres para os políticos poderem distrair o povo com assuntos de eutanásia, aborto, casamentos de homossexuais, etc.
O problema surgirá, logo que se chegue a uma recessão económica, entre a classe trabalhadora mais dependente e os estrangeiros. A economia e a política estão interessados apenas no crescimento económico momentâneo, o que conta é apenas a produção e contribuintes pagadores de impostos e contribuições sociais. Segundo o cálculo feito pela investigação da Universidade Autónoma de Barcelona, o rendimento anualmente por cabeça de 0,6% reduzir-se-ia sem o contributo dos estrangeiros que vivem em Espanha.
É natural que as grandes potências europeias que hoje se sentem desorientadas e sem solução para os problemas laterais da imigração não querem ficar sozinhas na Europa com o problema. Estão interessadas em generalizar os problemas a outras nações a nível europeu. Querem que a responsabilidade se torne anónima, por detras de legislações eurpoeias. Países da periferia, com o desenvolvimento económico e os interesses de internacionais, começam agora a cometer os erros que responsáveis políticos da Europa central confessam terem cometido quando se encontram longe dos microfones e das câmaras de televisão.
A Europa Central abdicou já de encarar o problema das sociedades paralelas de culturas árabe e turca. Limita-se a ceder paulatinamente às exigências das lobies daquelas sem qualquer contrapartida. O problema é para ficar devido à sua capacidade de multiplicação e ao direito à reunião de família que se revela justo mas por outro lado a fomentação dos problemas pela porta traseira atendendo a que quase só casam com pessoas genuínas do país de origem dos pais, ainda não poluídas pela cultura ocidental e se casam com gente estranha exigem que esta se converta ao Islão.
Naturalmente que essa população migrante é também ela vítima do capitalismo e duma política de habitação fomentadora de gettos e continuando vítima dum religiosismo subjugador e controlador.
Em nome do capitalismo e do internacionalismo põe-se tudo à disposição. Neste sentido o primeiro-ministro Zapatero certamente que irá mais tarde reconhecer a ingenuidade da sua política, tal como fizeram outros políticos da Europa central.
É escandaloso que no século XXI tal como nos tempos da escravatura se continue a explorar o homem pelo homem com a sua comercialização. Em vez de se criarem infra-estruturas humanas nos países de origem obrigam as famílias a desenraizarem-se e a viver de maneira desumana nos arrabaldes das grandes cidades. E, tudo isto, em nome do apoio ao desenvolvimento dos países pobres. Por outro lado subsidiam a lavoura europeia arruinando a agricultura dos países pobres que assim não podem concorrer a nível de mercado com os preços dos produtos agrícolas europeus. Esta forma de capitalismo feroz destrói não só as pessoas mas destrói também as culturas.
À catástrofe humana que se esconde por detrás das odisseias dos emigrantes ilegais de África juntar-se-á a catástrofe social que resultará daqui a alguns anos duma política social, económica e cultural irresponsável. Os protagonistas da democracia de hoje criam agora situações insuportáveis para imigrantes e autóctones donde surgirão os melhores caudilhos contra a democracia. Uma mobilidade querida só em serviço da economia e um internacionalismo de ventre revelar-se-ão nos melhores promotores de fascismo.
António Justo
António da Cunha Duarte Justo
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