Tantas Madeleines, por este mundo fora, esquecidas e à margem da histeria televisiva! Depois de tantos murros nos sentimentos dum público ávido de sofrimento surge agora mais esta: os pais de Madeleine passam a ser arguidos. Após tanta desinformação mais uma especulação para alimentar a dor e o behaviorismo.
A tragédia da culpabilidade seria sem fim, se se verificasse como verdade a especulação de que a mãe matou a filha. Então envergonhariam o mundo inteiro. Aqueles que se identificaram com a tristeza dos pais sentir-se-iam ludibriados. Mais um murro no sentimento!
Além da culpa da negligência de pais, a suspeita de infanticídio.
A mãe defende-se num entrevista ao Sunday Mirror acusando os indagadores, afirmando: “eles querem que eu minta, eles querem-me lograr!” Uma especulação leviana afirma que a polícia lhe terá feito uma proposta de confessar o crime podendo ela, depois de dois anos, sair livre da prisão.
Na opinião da mãe (Kate McCann) da criança desaparecida, a polícia teme a atenção pública porque Portugal não tem leis contra violadores de crianças.
Isto parece trazer água no bico: Casa Pia saúda-nos!
O facto de em Portugal o caso de pedofilia da Casa Pia ter sido muito enredado e abafado e dos desprotegidos não serem os favorecidos da lei portuguesa não constitui argumento de defesa para a mãe. É mais um episódio a acrescentar a um filme que renderia milhões se fosse já feito! Intriga individual, familiar, institucional e internacional, amor, ódio, praia, estupefacientes, morte: os melhores ingredientes para massagens do sentimento!
Pobres das Madeleines deste mundo! Pobres dos pobres deste mundo!
O luto não quer exibição!
António Justo
António da Cunha Duarte Justo
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