sábado, 17 de novembro de 2007

Estado paternalista – Escolas Proletárias

A violência nas escolas atingiu o limite
A campanha do Ministério da Educação está a dar resultados: Nas escolas portuguesas são agredidos mais de um professor por dia, alguns a ponto de terem de ir para o hospital. A ministra diz que são casos “pontuais”. O problema é dos professores que persistem em continuar a dar más notas.

Os resultados do estudo comparativo de alunos de vários países (PISA) a nível internacional são péssimos para Portugal. A ineficiência e o abandono escolar denunciam o sistema.

O governo, num activismo precipitado, determina medidas ineficientes e descarrega a consciência na cata de vítimas que expliquem a miséria. Culpabiliza os professores responsabilizando-os pelo insucesso escolar, por darem más notas. Numa tentativa desesperada passou a castigar os docentes que derem demasiadas notas baixas à turma dos alunos.

Foi-me referido um caso típico orientador para colegas docentes em Portugal: uma professora de inglês, depois de realizadas as provas de avaliamento, verificou que mais de um terço dos alunos tinham reprovado. A consequência seria uma má nota na avaliação da professora atendendo aos maus resultados dos alunos. A professora de inglês, para não ser castigada pelos maus resultados dos alunos resolveu fazer nova prova correspondente ao nível dos mais fracos. Assim correspondeu aos interesses do ME, passando a estar todos satisfeitos e ela a ter uma boa nota no seu processo de avaliação. Isto é que é ser socialista!

Desautorização sistemática do professorado e dos mais velhos
A Ministra da Educação afirma: “queremos escolas novas” e “melhorar a qualificação dos professores”. O problema é de mentalidade e de filosofia política sendo os professores uma pequena pedra sistematicamente desautorizada no grande xadrez do ensino. Progressistas e conservadores deixaram-se levar pelos ventos marxistas que queriam um povo proletário de aplaudidores cantando e rindo.

Entretanto a Europa arreda caminho desses ideais seguindo uma política de reparação dos erros feitos. Portugal teima em viver a mentalidade ideológica dos anos 60 em processo de ser corrigida na Europa do Norte. Aquela, também na escola, atribuía a culpa aos mais velhos e o fracasso ao passado. O ponto crítico, o erro colocava-se nos outros, como queria fazer ver até a psicologia em moda. Procedia-se à desautorização sistemática do professorado na suposição de que bastaria uma formação proletária numa liberdade contrária à autoridade e à disciplina. Para o sistema chegariam alguns disciplinados e privilegiados para governar! Como o pensar é elitista abaixo com o pensar. No povo ele só estorvaria, portanto, o cidadão quer-se Zé-povinho.

Uma ideologia que desrespeita os mais idosos e a autoridade legítima despreza a experiência.
A sociedade moderna tecnológica exige grande precisão e disciplina dos seus técnicos. A política propaga outra mentalidade. A barraca é cada vez maior. Verifica-se que não chega alargar os conteúdos da primária antiga para nove anos...

A política e a sociedade querem abdicar da responsabilidade e lavar as mãos nos professores e nos pais. Os pais não estão preparados para assumir a responsabilidade que a sociedade lhes roubou. Os professores não podem assumir a responsabilidade que a política lhes furtou. A culpa morreu solteira! O problema é que a irresponsabilidade conduz ao autoritarismo

Portugal parece teimar em continuar na mentira da vida. A vida não perdoa, ela é luta, é conflituosa. Os alunos têm que aprender e saber; não chega o comprido sol das férias grandes para fazer esquecer os fracassos e as negligências… Muitas das pessoas que hoje estão bem na vida, sendo embora de origem humilde poderão testemunhar com Bill Gates, o dono da maior fortuna pessoal do mundo e da Microsoft:”A tua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Nalgumas escolas … tens quantas chances precisares até acertares. Isto não se passa com absolutamente nada na vida real. Se pisares o risco, estás despedido, rua!”

O problema não está nas notas nem no aprovar ou reprovar os alunos mas sobretudo na falta de disciplina e de respeito reinante nas escolas que não permitem um ambiente sadio de trabalho. O Estado apresenta-se como um patrão benévolo que só quer filhos pródigos. Este estado ideológico não toma a vida a sério, simplificando-a e fomentando uma ideia falsa de educação baseada no pensamento de que o sucesso e a auto-estima se adquirem de graça. Não chega mandar os alunos ir aos figos ou às uvas do vizinho ou dar-lhes a ideia de que algum tio da maçonaria ou do partido no momento oportuno lhes alisará a vida oferecendo-lhes um diploma ou um cargo; temos que ensiná-los a cavar o próprio campo. O sucesso não se atinge sem trabalho. Não chega a satisfação do céu dos cargos inerentes a um mundo que se pretende proletário!

Não chega dar aos pais, aos cidadãos o direito de protestar e de votar. A factura a pagar por um Estado que se recusa a encarar a realidade será saldada pelo povo e por uma democracia cada vez mais fragilizada por um estilo de vida alienado.

A filosofia da política educativa tem que mudar. A sociedade não pode continuar a viver de mezinhas e das esmolas da União Europeia e dos emigrantes. É fundamental o fomento do respeito pelos valores humanos num mundo frio que olha para as pessoas como se olha para números ou para euros.

Seria um atentado ao povo continuar a apresentar-lhes a miragem da democracia e direitos humanos alheios ao respeito e à solidariedade.

A obra à nossa frente é de tal ordem que exige de todo o cidadão sem excepção grande empenho e responsabilidade. Doutro modo a política institucionalizada e a democracia sofrerão estragos irreparáveis.

António Justo
António da Cunha Duarte Justo

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