O declarado objectivo americano de o julgar, condenar e depois instaurar a paz falhou. Após o seu enforcamento não voltará a paz. Os interesses económicos e as lutas entre as confissões muçulmanas não o permitirão.
Embora S. Hussein tenha na sua consciência mais de 600.000 mortos na guerra contra o Irão e muitas atrocidades contra o próprio povo (massacre aos curdos, etc.) não é justificável a sua condenação à morte.
Condenar à morte, seja a nível individual, familiar ou estatal implica uma atitude de usurpação do poder. Ninguém se deveria arrogar o direito de se declarar senhor da vida. Quem o faz marginaliza o Criador. A dignidade humana deveria ser reconhecida por aqueles que se julgam do lado da justiça. Há um elemento comum entre o réu e o juiz: ambos se tornaram cúmplices quanto à humanidade!
Os Sunitas no Iraque e outros simpatizantes de Sadam Hussein insurgem-se não reconhecendo competência ao “tribunal especial” que o condenou. Acusam-no de parcialidade, de ser um tribunal de vencedores.
Naturalmente que Hussein merece a pena máxima, só que esta não pode ser a morte. Não é moral condenar alguém à morte, seja onde for. A sua execução provocará, além do mais, muitas outras mortes e uma crise no governo do Iraque.
Vae victis! Ai dos vencidos!
Os vencedores têm sempre razão! A sua justiça é cega. Esta é uma constante ao longo da história. Duas perspectivas frágeis mas irreparáveis. Homo homini lúpus!
A vitória não mete na sua conta as próprias barbaridades. Só um exemplo: os bombardeadores e cúmplices de Hiroshima e de Nagasaki não foram julgados.
António Justo
António da Cunha Duarte Justo
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