sábado, 17 de novembro de 2007

Salazar no Museu

Um Portugal cada vez menos ninho de enjeitados e de Cucos…
Da Ideia que por aí corre sobre a fundação dum Museu a Salazar em Santa Comba Dão torna-se depreensível a necessidade duma discussão sobre um passado (Sec. XX) mal digerido.
O mais importante da ideia será discutir uma história por fazer.
Contra a iniciativa falam os interesses que se escondem por detrás do tempo. O tema Salazar, sujeito à demonização e ao enaltecimento, tem-se mantido no nevoeiro do tabu. Este ajuda a criar as distâncias e a encobrir os erros crassos e más intenções cometidas com a descolonização. Os refugiados da descolonização que o digam, bem como muitos antigos soldados que não vêem o tempo de serviço onerado na sua reforma! Uns fizeram o jeito e os outros pagam as favas. Uns apostaram na ideologia e os outros pagaram-na.
Esta matéria é tabu porque os “heróis” da descolonização ainda estão vivos e isso iria implicar com o seu nimbo e com os seus interesses organizados em “Companhias de responsabilidade limitada”. Além disso querem-se santos de cara lavada. Uma democracia sem santos faltar-lhe-ia a perspectiva da perenidade.
Os laboratórios científicos precisam de fundos do Estado, ou melhor, dos governos, e a imprensa precisa de dinheiro e de ambiente o que torna difícil uma discussão séria que não instrumentalizasse nem Salazar nem os revolucionários de Abril.
Tanto um regime como o outro têm aspectos positivos e negativos, independentemente da problemática das vítimas e dos aproveitadores de um e de outro regime. Só falando é que a gente se entende e aprende. Seria óbvia uma discussão aberta e descomplexada que deixasse de servir unicamente interesses limitados para passar a servir os interesses do povo, de Portugal. Talvez a geração mais nova tenha dentes para assumir tal empresa contribuindo para que Portugal se torne cada vez menos ninho de enjeitados e de cucos do poder…
Quem governa tem e deve ter o direito de errar e também de apostar no que não agrade à maioria. Errar é humano! Logo, se errar é humano, o verdadeiro Homem tem aqui a oportunidade de demonstrar que o é. Neste caso seriam homens divinos porque o povo não dá prémio a quem se confessa nem a quem reconhece que errou! Porque não começar já a construir um futuro novo? Ou será que a em democracia se vive melhor com homens softies e com viragos.
Em todo o caso não há que temer porque a justiça sempre teve os olhos vendados!...
Não é tarde para começar e investir mais individual e nacionalmente para que o povo cresça e apareça e passe a deixar de ser lamuriento e saudosista.
O empreendimento a começar não poderá reduzir-se a descartar os trunfos que cada regime usa no seu instinto de auto-afirmação, mas sobretudo, levar o povo a compreender melhor como se faz a História e motivar mais gente a fazer história para termos menos povo a sofrê-la. Tudo isto na consciência que a instituição sendo embora imperfeita é necessária, à sua maneira em cada época. .
Um Museu sobre Salazar! Para uns uma ideia peregrina, para outros um atentado, uma bênção ou ainda uma questão indiferente! É natural que Santa Comba Dão e os iniciadores da ideia do Museu sobre Salazar tiveram uma ideia luminosa que virá em benefício do concelho.
Aqui não se trata só de enterrar Salazar no museu ou de o valorizar. A questão mais importante será o detalhe, isto é a concepção base na efectivação do museu.
De resto, Santa Comba Dão já está a ganhar!...

António Justo!
António da Cunha Duarte Justo

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